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Agroecologia busca resgate da agricultura tradicional

cultura

Assunto foi discutido em mesa-redonda na Reunião Regional da SBPC em Tabatinga, no interior do Amazonas

A expansão da agroecologia na Amazônia, assim como em todo o País, dependerá em grande parte do resgate da agricultura tradicional, cujos conhecimentos são passados de geração a geração por famílias de agricultores. Isso inclui as comunidades indígenas que, por meio da observação, conseguem executar um manejo ecológico da agricultura sem recorrer a insumos químicos ou outros manejos agressivos ao meio ambiente.

“A agricultura tradicional, associada ao conhecimento científico, pode ajudar a promover a agrodiversidade, algo importantíssimo para evitar o estreitamento genético das variedades de uma determinada cultura”, disse o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, José Nestor de Paula Lourenço.

“O estreitamento genético, quando associado a uma doença, pode colocar em risco de extinção uma determinada variedade”, acrescentou o pesquisador que discutiu este assunto na mesa-redonda “Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável na Amazônia”, realizada nesta quarta-feira (18/3) durante a Reunião Regional da SBPC em Tabatinga (AM).

De acordo com Abrahan Cabudivo Moena, docente da Universidad Nacional del Altiplano (UNAP), do Peru, outro especialista em agroecologia que participou da mesa-redonda, existem hoje cerca de 400 tribos indígenas da Amazônia panamericana com uma riqueza ímpar que precisa ser conhecida, pois a diversidade de sistemas de agricultura desses povos têm muito o que contribuir para o avanço do conhecimento científico em agroecologia.

O pesquisador da Embrapa lembrou, porém, que, além do manejo sustentável da agricultura, é preciso levar em conta aspectos sociais, culturais e econômicos para que a agroecologia seja efetivamente sustentável. “De nada adianta trabalhar os recursos naturais em bases ecológicas, se a atividade causar prejuízos sociais”, ressaltou Lourenço.

Para a coordenadora pedagógica do curso de Tecnologia em Agroecologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Franscisneide de Sousa Lourenço, que também participou da mesa-redonda, a transição da agricultura convencional (caracterizada pela monocultura e pelo uso de insumos químicos) para a agroecologia é fundamental para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, especialmente para os povos da floresta que precisam tirar seu sustento explorando os recursos naturais.

Tanto o pesquisador da Embrapa como ela acreditam que a agroecologia pode substituir a agricultura convencional na Amazônia, e ainda ajudar a diminuir a dependência de alimentos que hoje o Estado tem em relação a outras regiões do País. “Existem estudos que mostram um aumento crescente da dependência da Amazônia de outros Estados no suprimento de alimentos”, diz o pesquisador. “A agroecologia pode mudar esse quadro de dependência, com a vantagem de não causar prejuízos ao meio ambiente”, finalizou ele.

Texto de Angela Trabbold, da Assessoria de Imprensa da SBPC

[EcoDebate, 21/03/2009]

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