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Pressionadas pelos consumidores empresas dos EUA começam a abolir produtos com somatotropina bovina recombinante (rBST)

leite

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] A somatotropina bovina recombinante (rBST) é uma biotecnologia amplamente utilizada para aumentar produção de leite e aumentar a eficiência produtiva de vacas leiteiras. É mais um dos inúmeros ‘aditivos’ utilizados na agropecuária para garantir maior retorno econômico.

Do acordo com Betânia Glória Campos, Médica Veterinária, no artigo “Somatotropina Recombinante: Uma ferramenta para aumento da eficiência produtiva“, a somatotropina ou também conhecida como hormônio do crescimento, é um hormônio protéico produzido naturalmente pelo próprio organismo, sintetizada e secretada pela glândula hipófise anterior, animal e humana. Os produtos comerciais disponíveis no mercado são provenientes de moléculas sintéticas de somatotropina, produzidas pela técnica do DNA recombinante. O produto desta técnica é conhecido como somatotropina bovina recombinante ou BSTr.

Depois do escandaloso caso de contaminação por salmonella, no ano passado, os institutos de pesquisa avaliaram uma especial e sensível preocupação do consumidor americano em relação à segurança alimentar. O instituto de pesquisas TNS Global concluiu que, para 45% dos norte-americanos, a segurança alimentar é uma preocupação central na aquisição de alimentos.

Nos últimos anos, diversas pesquisas colocaram em dúvida a segurança da rBST para a saúde humana e os consumidores começaram a reagir, buscando evitar comprar leite ou derivados que, potencialmente, contenham este composto sintético.

Assustados com as crescentes denúncias de contaminação do leite e derivados, os consumidores começaram a migrar as suas comprar para o leite orgânico. Como o leite com ‘aditivos’ não é rotulado, o leite orgânico certificado restou como única alternativa de aquisição, sem o risco de contaminação química, hormonal ou antibióticos [vejam também “Pesquisas confirmam de contaminação química e hormonal do leite nos EUA e Europa“, o artigo “Antibióticos, o mal que entra pela boca do homem” e nossa matéria ‘Antibióticos usados em animais são absorvidos pelas hortaliças cultivadas em solo adubado com resíduos animais’ ].

O mercado de alimentos, nos EUA, movimenta US$ 110 bilhões ao dia e, diante da ameaça de perda de mercado, principalmente em situação de crise economica e desemprego, motivou grandes empresas a retirar do mercado o leite com BSTr, passando a exigir do fornecedores a declaração de não utilização da somatotropina bovina recombinante.

Dentre as empresas que optaram por retirar do mercado este leite e derivado destacam-se a General Mills (GIS), a Dannon e o Wal-Mart (WMT).

A FDA (Food and Drug Administration) continua afirmando que o consumo de produtos animais com BSTr não oferecem risco à saúde humana, mas os consumidores preferem se proteger, inclusive diante das recentes denúncias sobre as relações questionáveis entre a FDA e a indústria [sobre este tema leiam a matéria “Administração Bush passada a limpo: cientistas da FDA acusam a administração de corrupção, intimidação e censura científica“].

O uso de hormônios sintéticos de crescimento é proibido no Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia e diversos países europeus.

Mais uma vez reafirmamos que a situação real no Brasil não deve ser muito diferente, salvo no fato de que o risco de contaminação de alimentos é um tema “tabu”, pouco ou nada pesquisado e nada fiscalizado, mesmo sendo um dos mais importantes componentes da segurança alimentar.

[EcoDebate, 20/03/2009]

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