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Projeto de produção agroecológica beneficia pequenos agricultores em cinco estados

Pequenos agricultores de cinco estados brasileiros terão direito a receber em suas propriedades a tecnologia social de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais). Com patrocínio de R$ 9,6 milhões da Petrobras e da Fundação Banco do Brasil, serão instaladas mil unidades: 200 no Rio de Janeiro, 200 no Rio Grande do Norte, 200 em Sergipe, 240 na Bahia e 160 em Minas Gerais. O anúncio foi feito ontem (13) na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.

Criado em 2004, o projeto já conta com 3.609 unidades em 14 estados. Por meio dele, pequenos agricultores e suas famílias recebem suporte e consultoria técnica para produzir alimentos orgânicos de forma sustentável e gerar renda com o excedente da produção.

O idealizador do sistema, o engenheiro agrônomo senegalês Aly Ndiaye, explicou que a proposta consiste na produção integrada de aves, hortaliças e frutas. A idéia, lembrou, surgiu quando ele se formou pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e passou cinco anos vivendo com um núcleo de pequenos produtores no interior do Rio.

“Lá, eu percebi que o grande problema era a falta de integração entre a produção animal e a vegetal. Com outros estudiosos do assunto, vimos que em 5 mil metros quadrados – cerca de cinco campos de futebol –, integrando a produção animal e a vegetal, é possível garantir sustentabilidade sem a entrada de produtos químicos”.

Além disso, por meio da reciclagem de nutrientes, o produtor tem condições técnicas de produzir seu alimento sem depender de ninguém. O fertilizante vem da própria criação de galinhas, cujos dejetos são usados como adubo orgânico.

Ele contou que a primeira experiência foi numa aldeia indígena. No primeiro ano de implementação, assinalou, o índice de mortalidade infantil caiu para zero. “As pessoas passaram a ter comida saudável”.

O local de cultivo é composto de anéis com produtos variados e complementares sem uso de fertilizantes ou agrotóxicos. No centro, há a criação de pequenos animais, como galinhas e patos. “O esterco é usado para adubar as plantações nos anéis, e a irrigação é feita por gotejamento, o que economiza água”, explicou Aly.

O empreendimento inclui um kit com 30 itens para a instalação do sistema, assistência técnica e monitoramento de dois anos para a execução de todas as etapas, desde o preparo do terreno até a venda da produção agrícola. Cada unidade custa cerca de R$ 10 mil, incluindo os dois anos de monitoramento técnico.

Segundo Renata Moraes, diretora executiva da organização não-governamental Convergência, que coordena o projeto no Rio, os técnicos agrícolas que vão assessorar as pequenas famílias rurais são da própria região. “São pessoas que conhecem bem o local, a produção, as dificuldades e facilidades da região, além de ter mais facilidade de locomoção para atender aos agricultores”.

Após a implementação completa da unidade, a proposta é que se criem parcerias entre os produtores e a as autoridades locais, criando pólos de desenvolvimento, como feiras e hortas de ecoturismo.

Renata explicou que as famílias interessadas em participar do projeto foram cadastradas e estão sendo selecionadas aquelas que apresentam maior aptidão para desenvolver o sistema. Os agricultores do Rio são de municípios no entorno do Complexo Petroquímico do RJ, região metropolitana do estado.

Matéria de Flávia Villela, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 14/03/2009.

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