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Estudo estima que o mar subirá 1,80 m até 2100

elevação do nível do mar
elevação do nível do mar

A velocidade com que o nível do mar está subindo agora é quase o dobro daquela verificada no século 20. Já se sabia que o fenômeno -alimentado pelo aquecimento global- era grave, mas os dados mais recentes, coletados desde 1993, mostram que a elevação da linha d’água até 2100 será de 1,80 metro, mais do que o dobro da prevista pelo painel do clima da ONU.

“Entre 1993 e 2008, a taxa média global registrada foi de 3,4 mm por ano”, disse à Folha a pesquisadora francesa Anny Cazenave, do Centro Nacional de Estudos Espaciais de Toulouse (França). Esse número, obtido por medições de satélite que geraram uma série histórica inédita, ganha um ar de gravidade quando comparado a outro: entre 1950 e 2000, a elevação média do mar era de 1,8 mm por ano, diz a cientista. Matéria de Eduardo Geraque, da Folha de S.Paulo, em Chicago.

“Mas a maior surpresa não é essa”, diz Cazenave, que apresentou suas recentes medições -processadas até dezembro- na reunião da AAAS (Sociedade Americana para o Avanço da Ciência), encerrada na semana passada em Chicago.

“As causas dessa aceleração do nível do mar também mudaram”, diz. Entre 2003 e 2008, o derretimento das geleiras e dos mantos de gelo (Groelândia e Antártida) contribuiu com 80% da elevação. A expansão térmica -o aumento de volume da água pelo aquecimento- ajudou com cerca de 20%.

Na virada do século, porém, o cenário ainda era diferente. Entre 1993 e 2003, o aquecimento da água do mar explicava 50% do fenômeno, enquanto as massas de gelo respondiam por 40%. (Ainda não existem dados para explicar os 10% que fechariam a conta.)

Para os cientistas, não há dúvida: as atenções devem ser voltadas agora para regiões como o Ártico, a Antártida e as demais geleiras continentais. Entre essas áreas, o norte da Terra é o mais rico em gelo.

Um metro a mais

“Hoje, tanto os mantos de gelo quanto as geleiras continentais [na Antártida, na Groelândia, nos Andes ou no Himalaia] têm igual relevância, mas tudo indica que os primeiros serão cada vez mais importantes daqui para a frente”, disse Stefan Rahmstorf, pesquisador da Universidade de Potsdam (Alemanha), que apresentou suas pesquisas no evento da AAAS, às margens do rio Chicago.

As contas do pesquisador alemão sobre o futuro do nível médio do mar indicam que os modelos apresentados até hoje estão otimistas demais. “Em 2100, posso dizer agora, o nível dos oceanos deverá estar aproximadamente um metro acima do que estava previsto pelo modelo [mais pessimista] do IPCC”, o painel do clima das Nações Unidas que contou com a participação de Rahmstorf.

Acreditava-se que nível do mar não deveria subir mais do que 60 cm até 2100 (comparado com 1980-1999). Agora, porém, estima-se a marca de 1,80 metro. “E o nível do mar não vai parar de subir em 2100. Ele poderá chegar até 3,5 metros em 2200 e bater os 5 metros em 2300”, disse Rahmstorf. No passado, mostrou o pesquisador, o nível do mar atingiu o pico há 40 milhões de anos. As águas estavam mais de 70 metros acima do que estão hoje.

Apesar de um nível do mar elevado não ser novidade para o planeta, a espécie humana, que surgiu há apenas 200 mil anos, nunca viu algo assim.

De acordo com Cazenave, as medições já feitas nestes últimos 16 anos mostram três regiões onde a subida do nível do mar já é realidade. “As áreas mais afetadas são o oeste do oceano Pacífico, o litoral da Austrália e também a Groelândia”, diz a cientista.

Como as previsões não são uniformes, e levam em conta valores médios, uma pergunta de interesse pessoal foi feita por um espectador da palestra em Chicago. “Sou da Flórida. Quero saber o que vai ocorrer lá”, disse. “Vocês [cientistas] é que têm de dizer onde o mar subirá nos próximos anos.”

Mas os cientistas silenciaram, e a questão também continua aberta para quem vive na Califórnia, no Taiti ou no Recife. Diante da dúvida, o melhor que cidades costeiras têm a fazer é se prepararem para o pior.

Matéria da Folha de S.Paulo, na Folha Online, 22/02/2009 – 09h01

[EcoDebate, 23/02/2009]

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2 thoughts on “Estudo estima que o mar subirá 1,80 m até 2100

  • Considero de grande importância a divulgação de artigos referentes ao aquecimento global e suas consequências. Li os artigos pertinentes contidos numa listagem indicada pelo Henrique. Todos eles revelam os impactos ambientais e financeiros a que países como Estados Unidos, Holanda e Brasil, para citar alguns, estariam sujeitos. Entretanto, confesso um certo ceticismo em relação a estas previsões. Embalada por um artigo de autoria do respeitado oceanógrafo Robert E. Stevenson, Ph.D., que publicou artigo originalmente em 1998, na revista 21 st. Century Science & Technology, que ” desmistifica uma das visões apocalíticas prediletas de algumas organizações não governamentais, como decorrência do aquecimento global”, segundo o cientista que ainda comenta: ” Em 1998, para dar legitimidade à fraudulenta teoria de um aquecimento global induzido pelo homem, o diretor do PNUMA anunciou a formação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas ( PIMC), para operar sob os auspícios da Organização Meteorológica Mundial ( WMO ) do Painel, o então presidente, Dr. Bert Bolin, concluiu : ” Espero que as Mudanças Climáticas induzidas pelo homem sigam o seu caminho. Esta é a minha visão e ela é compartilhada por uma maioria dos cientistas engajados em pesquisas neste campo”. A declaração de Bolin era um claro prenúncio da conclusão que, eventualmente, seria apresentada ao mundo. Foi a primeira, mas de maneira alguma a última prevaricação deliberada a ser pronunciada do topo do ” Monte do Aquecimento Global “. Diante de todos os números expostos pelo PIMC, WMO, etc. a catástrofe global estaria por vir. Essa era uma previsão perturbadora, menos pela magnitude e mais pela afirmativa completamente errônea de que um aumento de 1ºC na temperatura atmosférica produziria uma elevação do nível do mar de 2 pés devido à expansão térmica. Era evidente que os redatores do Relatório não tinham o menor entendimento da termidinâmica dos oceanos. Se eles tivessem feito os cálculos mais elementares, teriam verificado que um aumento de 1ºC na temperatura atmosférica seria absorvido no primeiro metro de profundidade dos oceanos, produzindo um aumento desprezível na temperatura da água e uma expansão térmica imperceptível. Uma elevação de 2 pés no nível do mar necessitaria de um aumento da temperatura atmosférica de 8ºC durante um período de 13.200 anos ! Tal previsão de aumento do nível do mar foi rapidamente contestado por oceanógrafos geofísicos que se sentiam bastante confortáveis com uma taxa reconhecida de aumento do nível do mar de 11 cm por século e pensavam que a verdade seria logo conhecida.

    Ledo engano. Em vez disso, não apenas o PIMC continuou a promover a sua ” termodinâmica ” impossível e totalmente anticientífica, mas, igualmente, líderes políticos do mundo ocidental e as bem financiadas ONG’s começaram a circular a ” história da catástrofe ” entre as 14 nações insulares independentes, afirmando que, brevemente, os recifes de coral que as protegem estariam submersos. [….] Toda essa agonia mental, política, social e cultural poderia ter sido facilmente evitada se o IPCC tivesse incluído algo do conhecimento oceanográfico básico em suas deliberações e o tivessem feito com honestidade franca. Na verdade, a taxa normal de crescimento dos corais formados de recifes, medida por oceanógrafos, é da ordem de 12 mm/ano – ou seja, meia polegada. Além disto, durante o período de mais rápida elevação do nível do mar após a última glaciação entre 8.000 e 10.000 anos atrás, o crescimento vertical dos recifes foi superior a 1 polegada por ano. Consequentemente , qualquer que seja a taxa de aumento do nível do mar fabricado pelo PIMC, a WMO, trombeteados pelos líderes políticos que sejam, nenhum recife de coral ficará submerso. As vergonhosas e deliberadas mentiras sobre o aumento do nível do mar espalhados entre os cidadãos das ilhas vastamente espalhadas e predominantemente situadas na zona tropical causaram uma grande inquietação e um grande dispêndio de recursos por governos que não podiam se dar a este luxo. Todos os esforços da comunidade oceanográfica para dados e informações reais às lideranças políticas das nações insulares foram obstaculizadas pelo PNUMA, pelo PIMC e pelas agências de cooperação de países ocidentais”.

    Estas palavras, como disse, são do Robert Stevenson e servem de baliza para contrapor a tese catastrófica do aquecimento global. Ainda não tenho uma definição sobre o assunto, por isso mesmo, continuarei lendo o Ecodebate.

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