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Plano Nacional Sobre Mudança do Clima prevê devastação de 70 mil km2 da Amazônia

Desmatamento na Amazônia, em foto de arquivo MMA
Desmatamento na Amazônia, em foto de arquivo MMA

BRASÍLIA – O governo vai tolerar o desmatamento de 70 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica de 2009 a 2017, uma área superior aos estados do Rio de Janeiro e Sergipe juntos. A estimativa de destruição do bioma, feita pelo Ministério do Meio Ambiente, é uma das metas divulgadas hoje no Palácio do Planalto que o Brasil se propõe a cumprir no esforço mundial de combate ao aquecimento global. Matéria de Leonêncio Nossa, da Agencia Estado, segunda-feira, 1 de dezembro de 2008, 20:52.

Criticado por ambientalistas que fazem parte do comitê de mudança climática, o Plano Nacional Sobre Mudança do Clima, anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro Carlos Minc, dá a folga necessária para a expansão do agronegócio e a execução de obras de infra-estrutura, segundo técnicos do próprio governo. Ao contrário do que era esperado por entidades do setor ambiental, o Ministério do Meio Ambiente reduziu de 40% para 30% a meta de ritmo de queda do desmatamento no quadriênio 2010-2013 em relação ao período 2006-2009 e incentiva o plantio de pinho e eucalipto.

Durante a solenidade, Carlos Minc disse que, embora não seja o ideal, o plano evitará emissões de 4,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono e, agora, o governo definiu o que cobrar para a redução do desmatamento. “A gente tinha objetivos, mas não tinha procedimentos e cronogramas”, afirmou. “Não podíamos cobrar dos setores redução do desmatamento, pois não havia um plano nem uma meta.”

Lula, em discurso, disse que o Brasil está fazendo sua parte no combate ao aquecimento global. Ele reclamou dos “palpiteiros contumazes” do exterior que criticam a política ambiental do governo. O presidente informou que pretende conversar “seriamente” com prefeitos e governadores das regiões com índices mais elevados de desmatamento. “Temos de estender uma mão para ajudá-los e outra para dizer que terá punição quem destruir a floresta”, disse.

Críticas

O plano foi criticado por membros do comitê de mudança do clima. “Nós estamos longe de ter um plano que atenda à dimensão do problema que enfrentamos”, afirmou o ambientalista Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra, em discurso assistido pelo presidente Lula e por Minc. Smeraldi foi escolhido para falar em nome das entidades que integram o comitê.

Em entrevista depois da cerimônia, o ambientalista disse que o plano de Carlos Minc “é uma forma de o governo respaldar e legitimar um fato”, referindo-se à destruição da floresta. Ele critica a decisão do governo de utilizar percentuais elevados de desmatamento no passado para estabelecer metas para os próximos anos.

Smeraldi avaliou que o governo, ao tolerar um desmatamento de 70 mil quilômetros quadrados de 2009 a 2017, vai permitir a destruição justamente da área propícia ao desenvolvimento sustentável. Essa área, segundo ele, está próxima de cidades, vilas, estradas e de toda uma infra-estrutura. “Pela visão do mercado, vamos perder o filé mignon, que é a floresta perto da infra-estrutura”, avaliou. “É aí que deveria ter projeto de desenvolvimento sustentável, algo que não é possível em regiões mais remotas como a Serra do Tucumaque.”

[EcoDebate, 02/12/2008]

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