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As exportações representam um terço das emissões da China


As exportações são responsáveis por um terço das emissões da China, segundo um estudo publicado na revista Energy Policy, The International Journal of the Political, Economic, Planning, Environmental and Social Aspects of Energy. Por Henrique Cortez, do EcoDebate.

Em 2005, o ano mais recente para o qual existem dados disponíveis, a China emitiu um valor estimado de 1,7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, em razão da produção das suas exportações. Trata-se de um aumento significativo sobre as 230 milhões de toneladas de dióxido de carbono das exportações em 1987, representando 12 % das emissões líquidas do país, disse o estudo.

As exportações da indústria chinesa é responsável por 8,7 % do comércio mundial em termos de valor. A indústria chinesa é o segmento que apresenta o ritmo mais rápido de crescimento de emissões, em relação à taxa global de emissões do país, principalmente em razão da indústria, grande utilizadora do carvão.

A rápida industrialização da China é o principal fator por trás do salto de 22 % das emissões mundiais de gases com efeito estufa, a partir de combustíveis fósseis, ao longo dos últimos oito anos. Estima-se que 70 % do país, em termos de energia primária, depende do carvão.

As exportações de produtos metálicos compreende uma parte crescente das exportações chinesas – 13 % em 2005, comparativamente a 7 % de uma década anterior, com grande intensidade de carbono, de acordo com o estudo

O estudo constata que modelo de produção barata da China pode também trazer vantagens para o meio ambiente global, desde que os fabricantes façam avanços e investimentos em iluminação eficiente, racionalização de energia, turbinas eólicas e outras tecnologias mais “verdes”.

O estudo incluiu o fato de que, muitas vezes, as indústrias chinesas dependem da importação de materiais para produzir bens exportados, “incorporando” as emissões destes produtos primários. Por exemplo, eles estimam que os produtos manufaturados podem produzir iguais níveis de emissões, independentemente de serem exportados ou vendidos a compradores nacionais. “A indústria exportadora pode ser mais eficiente do que a média nacional, em razão de um maior investimento estrangeiro e de novas tecnologias”, disse o principal autor do estudo, Chris Weber, professor assistente na Universidade de Carnegie Mellon.

A industrialização de países emergentes como a China e a Índia pode ter um significado importante na última rodada de negociações climáticas internacionais, destinadas a desenvolver um acordo sucessor ao Protocolo de Quioto. Como um país em desenvolvimento, a China foi dispensada das exigências de redução de emissões do Protocolo de Quioto. Os Estados Unidos, um grande importador de produtos chineses, não ratificaram o tratado, com o argumento de que a economia do país “sofreria” com quaisquer restrições ou limitações de emissões.

Embora China não esteja obrigada a reduzir as suas emissões, de acordo com atuais acordos internacionais, o governo está incentivando a transição para tecnologias mais eficientes em termos energéticos. O governo pretende melhorar a intensidade energética (a energia necessária para gerar US $ 1 do PIB) para 20 por cento do nível de 2005 até o final da década.

Para efeito de comparação, de acordo com informações do prof. Ernani Sartori, o Coeficiente de Intensidade Energética (CIE) que dá uma medida do quanto eficiente é o parque energético, indica que o CIE do Brasil é de 0,64 enquanto que o da Alemanha é de 0,32 e o do Japão é de 0,27

A China, no entanto, tem dificuldades em cumprir as suas metas eficiência. Em um relatório publicado na semana passada, o Gabinete Nacional de Estatística disse que a intensidade energética do país, durante os primeiros seis meses de 2008, diminuiu 2,88 por cento, bem abaixo da meta de 4 por cento. No ano passado, da redução foi de 3,66 por cento. “Nós ainda precisamos enormes esforços para atingir a meta 20 por cento”, disse Xie Zenhua, vice-ministro da Comissão do Desenvolvimento Nacional.

Para atingir estas metas, o governo já começou eliminar benefícios fiscais da indústrias menos eficientes. No início deste mês, as reduções de impostos foram eliminadas para as empresas que exportam produtos consumidores de energia, incluindo os pesticidas, zinco e prata.

Mas é inegável que todos os países importadores de produtos chineses também são responsáveis pelo modelo predatório e poluidor. Não apenas importamos a poluição (virtual e real) como, na prática a financiamos e incentivamos.

[EcoDebate, 14/08/2008]