EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Devastação da Amazônia no mês de maio tem pouca alteração. Minc não vê tendência de queda em redução do desmatamento

São José dos Campos, 15 (AE) – Em maio, a devastação da Amazônia foi de 1.096 quilômetros quadrados. A conclusão, divulgada hoje (15) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi detectada pelo sistema Deter – Detecção do Desmatamento em Tempo Real.

Os estragos foram mapeados como corte raso (quando não há mais floresta) e como degradação progressiva (quando a destruição segue aos poucos) durante o último mês de maio, período em que 46% da Amazônia Legal esteve coberta por nuvens. A cobertura de nuvens impede que o sistema detecte totalmente a destruição. A área registrada em maio é semelhante à verificada em abril, quando foram apontados 1.123 km² desmatados com 53% de cobertura de nuvens. Por Simone Menocchi, da Agência Estado, 15/07/08 às 18:51.

O Estado do Mato Grosso continua liderando o desmatamento, com 646 km², volume 19% inferior ao verificado em abril, que mostrou 794 km². Também foram identificados 262 km² no Pará, ante apenas 1,3 km² no mês anterior. De acordo com o Inpe, o aumento se explica pela área coberta por nuvens – enquanto em abril apenas 11% do Pará pôde ser visto pelos satélites, em maio, a observação aumentou para 41% da área do Estado. A novidade neste mês é que o Inpe tirou a contraprova para saber quais são as áreas em que a devastação está acontecendo e as áreas em que não há mais floresta (denominada corte raso). A contraprova foi feita com imagens de alta definição captadas pelos satélites CBERS e Landsat. Os relatórios foram baseados em 18 imagens do Landsat, localizadas nos Estados de Mato Grosso, do Pará, de Rondônia e do Amazonas, todas com data posterior a 15 de junho de 2008. Foram avaliados 241 polígonos de desmatamento, representando 544 km² ou aproximadamente 50% da área total dos polígonos do mês de maio (1.096 km2). Do total avaliado, 88,3% foram confirmados como desmatamento, sendo 59,5% desmatamento tipo corte raso (floresta totalmente destruída), 28,8% de degradação florestal (que vai ocorrendo em etapas) e 11,7% não se enquadraram nestas categorias.

A partir de agora, o Inpe vai detalhar as informações todos os meses para mostrar o que é desmatamento antigo, em que não há mais floresta nenhuma, do que é floresta em processo de devastação. Os dados de julho serão divulgados no dia 29, também computados com imagens dos dois satélites.

Para rebater as acusações do governo de Mato Grosso, o Inpe considera que a qualificação dos dados do Deter será muito importante para aumentar a confiança do governo e da sociedade nas indicações do sistema. COMO FUNCIONA O DETER – Em operação há quatro anos, o sistema Deter de alerta é feito para dar suporte à fiscalização e ao controle de desmatamento. São mapeadas mensalmente tanto áreas de corte raso quanto áreas em processo de desmatamento por degradação florestal. É possível detectar apenas polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares por causa da resolução dos sensores espaciais como o Modis do satélite Terra e do WFI, do satélite sino-brasileiro CBERS, com resolução espacial de 250 metros. Devido à cobertura de nuvens, nem todos os desmatamentos maiores que 25 hectares são identificados pelo sistema.

DADOS PARALELOS – O instituto Imazon capta as mesmas imagens usadas de satélites, mas não analisa com a mesma metodologia. O Imazon faz a análise de acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). Em maio, o desmatamento totalizou 49 km², número que representa uma queda de 60% em relação à área desmatada em maio de 2007 (122 km²). Nos cinco primeiros meses de 2008, a destruição da Amazônia totalizou 296 km². O volume significa um aumento de 25% se comparado com o mesmo período de 2007 quando a devastação somou 236 km².

O desmatamento ilegal representou cerca de 86% do total ocorrido em maio de 2008. A cobertura de nuvens (que impede a detecção do desmatamento) correspondeu a apenas 2%.

Minc não vê tendência de queda em redução do desmatamento

Brasília, 15 (AE) – O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse hoje (15) que a redução dos índices de desmatamento na Amazônia em maio sobre abril não representa uma tendência de queda, mas uma “semiinversão” de tendência, de forte para moderada. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram um desmatamento de 1.096 quilômetros quadrados em maio, contra 1.123 quilômetros quadrados em abril. Por Lisandra Paraguassu, da Agência Estado, 15/07/08 às 18:09.

De acordo com os dados do Inpe, Mato Grosso continua sendo o Estado de maior área desmatada, com 646 km² em maio. Pela primeira vez, o Instituto avaliou o que era área de corte raso (onde não sobrou nada) e área de floresta degradada (onde houve desmatamento, mas sobrou mata). A área de corte raso, segundo o Inpe, representou 60% da área total desmatada.

A pequena queda na área desmatada em maio, comparativamente ao mês anterior, levou o Ministério do Meio Ambiente a diminuir em dois mil quilômetros quadrados sua estimativa de desmatamento na região amazônica no período de 12 meses, que se encerrará em agosto próximo, de 15 mil para 13 mil quilômetros quadrados. Mesmo assim, Minc considerou tal previsão “muito ruim”, porque em igual período entre 2006 e 2007, a área desmatada foi de 11,3 mil quilômetros quadrados.

[EcoDebate, 16/07/2008]