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Mudanças climáticas ajudam a derreter gigantesca geleira argentina

BUENOS AIRES, 7 Jul 2008 (AFP) – Um pedaço da gigantesca geleira argentina Perito Moreno, com 60 metros de altura e milhares de toneladas de peso, derreterá pela primeira vez neste inverno no hemisfério Sul, fenômeno que pode ser diretamente relacionado ao aquecimento global, segundo cientistas e ecologistas. Da Agência France-Presse, no UOL Notícias, 07/07/2008 – 16h31.


(EFE) Turistas se reúnem para assistir à ruptura do glaciar Perito Moreno; geleira se desprende periodicamente

O derretimento cíclico dessa “represa” de gelo, que comporta um braço do lago Argentino, nos Andes austrais, acontece geralmente no verão. Este ano, no entanto, começou mais cedo – para total surpresa dos meteorologistas e cientistas.

“Esta é a primeira vez que a geleira derrete no inverno. Isso pode estar relacionado ao aquecimento global, já que o aumento da temperatura afeta a resistência do gelo”, disse Carlos Corvalán, diretor do Parque Nacional Los Glaciares, na província de Santa Cruz (sul).

O derretimento é um dos espectáculos mais imponentes da natureza, que atrai dezenas de milhares de turistas.

“O gelo não deve ter a mesma dureza de costume. Sempre derrete no verão, quando o gelo está mais fraco”, considerou Corvalán.

A geleira Moreno fica a 2.800 Km de Buenos Aires, com uma superfície de 275 km quadrados e uma frente que mede entre quatro e cinco km.

A massa de gelo deve seu nome a um dos pioneiros argentinos da exploração da região patagônica, e faz parte do sistema de Gelos Continentais.

Segundo um estudo do Centro Austral de Pesquisa Científica (Cadic), sediado no Ushuaia, as geleiras da Patagônia estão diminuindo por causa das mudanças climáticas.

O Perito Moreno, no entanto, avançou sobre o lago Argentino, devido a fenômenos sísmicos e mudanças nas condições de drenagem do gelo, de acordo com o Instituto Antártico Argentino (oficial).

“Os fatores do derretimento no inverno podem ser muitos, começando pelo fato de que o gelo da ponta tem cerca de 400 anos, o que pode significar que esteja frágil”, explicou nesta segunda-feira outra fonte dos Parques Nacionais.

Desde 1917, os cientistas registram os avanços e retrocessos da geleira, cujos ciclos de crescimento e derretimento se tornaram irregulares por causa do aquecimento global, segundo estudos oficiais.

O derretimento fora de hora da Perito Moreno é um indicador das mudanças climáticas, embora a comunidade científica se divida acerca dos motivos do aquecimento do planeta.

“Nos últimos 20 anos, as geleiras ao longo da Patagônia diminuíram em extensão entre 10% e 20%”, informou o Instituto Argentino de Neves, Geleiras e Ciências Ambientais de Mendoza (oeste).