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No Pará, um bilhão de árvores é pouco. Meta vai recuperar apenas um milhão de hectares; faltam ainda 21 milhões

O Pará já devastou 20% de seu território, o equivalente a 22 milhões de hectares. Reflorestar é uma tarefa árdua, que depende de um grande volume de recursos. A criação de três novas reservas extrativistas anunciadas pelo presidente Lula esta semana – uma delas no Pará -, por exemplo, é uma intenção bem-vinda, mesmo que quase insignificante, segundo Adalberto Veríssimo, enquanto o projeto ‘Um bilhão de árvores’, lançado pelo governo do Estado conseguirá recuperar apenas um milhão de hectares, portanto ainda restarão 21 milhões de hectares à espera de outras iniciativas. Por Esperança Bessa, da Redação, O Liberal-PA, Edição de 08/06/2008.

‘As novas reservas somadas chegam a 2,6 milhões de hectares, o que é muito pouco. Tínhamos 41% de território protegido, e com as reservas isso aumentou para 41,4%. Quando o governo Jatene criou as reservas da Calha Norte, esse território passou de 38% para 41%, um aumento real de três pontos percentuais, o que realmente é mais relevante. O ideal é chegamos a 50%, e para isso faltam 9%, duas vezes o Estado de São Paulo’, calcula. ‘A meta do projeto de plantar um bilhão de árvores no Pará parece enorme, mas é uma área muito pequena perto do que já se desmatou’, avalia o pesquisador.

Outro projeto do governo estadual, de estabelecer remuneração pelos serviços ambientais, é considerada alentadora, mas é preciso definir quem irá pagar essa conta. ‘Temos que ter clareza de que esse número é superlativo e não tem caixa para isso. Vamos dizer que se pagasse R$ 3 por hectare, então seriam necessários bilhões de reais. Se o governo do Estado reservasse R$ 50 milhões por ano para o pagamento desses serviços, por exemplo, seria um baque no orçamento. Teria que ter recurso federal e global, com a entrada de fundos internacionais, e a certeza de que esse dinheiro chegará na ponta; ele não pode ficar no meio do caminho. Outra linha a seguir não é subsidiar os serviços ambientais, mais injetar recursos, para que os produtos florestais tenham mais valor, e isso pode vir com fomento ao crédito’, diz, comemorando a iniciativa do governo de criar um fundo de ajuda à Amazônia administrado pelo BNDES, com expectativa de arrecadar, só no primeiro ano, R$ 1 bi. ‘A Amazônia não é prioridade não só por falta de sensibilidade governamental. O Brasil tem tantas outras prioridades, como saúde e educação, que não sobra dinheiro para a região. As pessoas temem pela soberania da Amazônia, mas esquecem que ela está internacionalizada do ponto de vista comercial. Nosso minério, por exemplo, vai para a China. Se fazemos negócio com os recursos naturais, porque outros países não podem pagar por serviços ambientais? Se não houver recursos volumosos, o guarda armado não vai conseguir segurar o desmatamento.’

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  • Como faço apra participar do programa?

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