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Potencial de poluição industrial do ar no estado do Rio concentra-se em 4 municípios

Aplicando a metodologia “Industrial Pollution Projection System” (IPPS), desenvolvida pelo Banco Mundial, o IBGE identificou, pela primeira vez, os municípios do estado do Rio de Janeiro que têm os maiores potenciais de emissão industrial de poluentes atmosféricos e verificou quais são os tipos de indústrias com maior capacidade de poluir o ar.

Os resultados indicaram que poucas divisões industriais – refino de petróleo, minerais não-metálicos e metalurgia – concentram a maior parte das emissões potenciais de poluentes e que, dentro desses segmentos, um número reduzido de unidades produtoras responde pela quase totalidade do potencial poluidor. O potencial de poluição industrial do ar também é concentrado em poucos municípios: Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Volta Redonda, na emissão de dióxido de enxofre (SO2 ), e Rio de Janeiro, Volta Redonda e Cantagalo, em relação aos particulados finos (PM10), substâncias que causam danos à saúde respiratória e ao meio ambiente. Somando-se os potenciais para os dois poluentes, Rio de Janeiro e Volta Redonda lideram o ranking. Isso significa que os maiores potenciais de poluição do ar por indústrias estão na região metropolitana do Rio de Janeiro e no médio Paraíba do Sul. A identificação da localização e da concentração dessa poluição em potencial pode facilitar o seu monitoramento e controle pelos órgãos ambientais.

Todas as informações se referem a 2003. Naquele ano, foram identificadas no estado do Rio de Janeiro, segundo o Cadastro Central de Empresas (Cempre) e a Pesquisa Industrial Anual (PIA), ambos do IBGE, 21.891 unidades locais produtivas ligadas à indústria de transformação, que constituem o universo do estudo. O potencial total de emissão de poluição industrial foi calculado a partir do número de empregados e do perfil dessas indústrias.

Dentre os poluentes investigados, o SO2 tem o maior potencial de emissões pela indústria fluminese (83.115 toneladas por ano). Trata-se de um gás originado pela queima de combustíveis fósseis, sobretudo na indústria, e está associado a problemas respiratórios e à formação da chuva ácida.
O PM10 vem em segundo lugar (19.191 t/ano) no ranking de potencial de emissões no estado. São partículas sólidas ou líquidas muito finas, produzidas pela queima de combustíveis mais pesados, utilizados em processos industriais e nos veículos a diesel e que, em grande concentração, danificam o sistema respiratório

Na tabela a seguir, estão os resultados do potencial poluidor do ar para o conjunto das indústrias do estado do Rio de Janeiro, para todos os poluentes investigados1

Em relação ao SO2 , a metalurgia é a divisão de maior emissão potencial no estado (31%). Já a divisão de minerais não-metálicos (indústrias de material cerâmico, cimento, vidro, concreto e produtos de gesso) é a principal responsável pela emissão potencial de PM10 (participação de 59% no potencial emissor total no estado). Essa concentração em poucas divisões industriais é similar para o restante dos poluentes: minerais não-metálicos é a principal divisão em emissão potencial de PM10, PT e NO2 . Em relação às demais substâncias, as divisões majoritárias são metalurgia (SO2 , CO e metais tóxicos do ar), refino de petróleo (VOC) e química (tóxicos do ar).

Dentro dessas divisões industriais, poucas unidades locais (ULs) respondem pela quase totalidade das emissões potenciais. Por exemplo, nove ULs de minerais não-metálicos contribuem com 60% da emissão potencial de PM10 e seis ULs de metalurgia concentram 63% das emissões potenciais de SO2 .

Município do Rio de Janeiro tem maior potencial de poluição por SO2
Em relação especificamente ao SO2 , o município do Rio de Janeiro é o que possui o maior potencial emissor no estado, com 31% do total, o equivalente a 25.570 t/ano. Na capital, a metalurgia é a principal emissora de SO2 , com 33% do potencial municipal, e a indústria química fica em segundo, com 18%. Juntas, as duas divisões contribuem com mais da metade (51%) do potencial poluidor industrial de SO2 no município e reúnem apenas 8,5% das indústrias cariocas. Na metalurgia, a emissão de SO2 tem origem, principalmente, na queima de combustíveis fósseis. No caso da química, a maior fonte é a indústria petroquímica.

Duque de Caxias tem o segundo maior potencial emissor industrial de SO2 no estado: 17.960 t/ano ou 22% do total. No município, a divisão de refino de petróleo é amplamente majoritária em emissão potencial de SO2 (76%). A química, com 9% do potencial poluidor municipal, vem em seguida.
Dos dez municípios fluminenses de maior participação na geração potencial de SO2 , metade está na região metropolitana do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro (1º lugar), Duque de Caxias (2º), São Gonçalo (8º lugar, com 1.419 t/ano), Nova Iguaçu (9º, com 1.374 t/ano) e Guapimirim (10º, com 1.356 t/ano).

Nessa região, cinco divisões industriais contribuem com os maiores potenciais emissores para esse poluente, na seguinte ordem: metalurgia, refino de petróleo, química, minerais não-metálicos e celulose e papel. Em Duque de Caxias e Guapimirim, por exemplo, uma única divisão industrial contribui com mais de 80% do potencial de emissão de SO2 : refino de petróleo e celulose e papel, respectivamente.

Em cada um dos municípios da região do médio vale do Paraíba do Sul que aparecem entre os dez com maior potencial de poluição por SO2 – Volta Redonda (3º lugar, com 10.646 t/ano), Barra Mansa (5º, com 3.870 t/ano) e Barra do Piraí (6º, com 2.457 t/ano) -, a metalurgia responde por mais de 70% das emissões potenciais. Esses três municípios representam, em conjunto, 21% do potencial emissor de SO2 do estado.
Indústria de minerais não-metálicos é maior emissora potencial de material particulado (PM10)

Em relação ao PM10, o município do Rio de Janeiro, com 25% do total do estado (ou 4.844 t/ano), também detém o maior potencial de emissão. A divisão industrial de minerais não-metálicos, com 357 unidades locais, é a principal emissora potencial, emitindo 54% do PM10 do município.
Na região metropolitana do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu (3%), Duque de Caxias (3%) e Itaboraí (¨2%) também aparecem entre os dez municípios fluminenses com maiores potenciais de emissões industriais de PM10, respectivamente nos 6º, 7º e 9º lugares do ranking.

Volta Redonda (21%), Barra Mansa (6%) e Barra do Piraí (4%) ocupam a 2a, 4a, e 5a posições, respectivamente. Em cada um desses três municípios, a indústria metalúrgica contribui com mais de 50% do potencial poluidor de PM10.

Já em Cantagalo, 3o colocado em emissão potencial de PM10, as emissões são provenientes unicamente da divisão de minerais não-metálicos, envolvendo apenas cinco indústrias. Esse município, localizado na região serrana do estado, se destaca pela fabricação de cimento.

Rio de Janeiro, Volta Redonda e Cantagalo respondem, juntos, por 64% do potencial de emissão industrial de PM10 no estado do Rio de Janeiro. Minerais não-metálicos, nos três municípios, e metalúrgica, no Rio de Janeiro e em Volta Redonda, são as divisões com maior contribuição para esse potencial poluidor.

Há, portanto, dois núcleos no estado com elevada emissão potencial industrial de PM10: a região metropolitana do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Itaboraí), com 33% da emissão potencial, e a região do Médio Paraíba (Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Piraí) com 31%.

Em ambas, os resultados indicam que um pequeno número de unidades industriais, espacialmente concentradas, é responsável pela maior parte do potencial de emissão desse poluente para a atmosfera. Dentre as divisões industriais com maior potencial de emissão, estão a metalúrgica e a de minerais não-metálicos

Vale ressaltar que os municípios com elevados potenciais emissores de SO2 e PM10 merecem atenção especial quanto à saúde da população.

Veja a seguir o ranking completo dos municípios do estado do Rio de Janeiro por ordem decrescente do potencial de emissão de SO2 e PM10. Nos municípios onde ocorreu empate na classificação geral por postos (somatório dos poluentes PM10 e SO2 ), o critério foi posicionar primeiramente aquele com maior potencial poluidor de PM10, considerado mais crítico que o SO2 em relação às doenças respiratórias na população de maiores de 60 anos.

1 Além do SO 2 e do PM10, particulados totais (PT), monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (VOC), dióxido de nitrogênio (NO 2 ), tóxicos do ar e metais tóxicos do ar.

IBGE, Comunicação Social, 03 de junho de 2008