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Ingá Mercantil: Ninguém quer comprar terreno com lago tóxico no litoral sul do Rio

Rio, 15 (AE) – Onze anos após a falência da Ingá Mercantil, em Itaguaí, litoral sul do Estado do Rio, continua indefinida a situação do lago tóxico com 390 mil metros cúbicos de efluentes líquidos que foram abandonados pela empresa e ameaçam vazar na Baía de Sepetiba. Até 1997, a planta era voltada para a extração de zinco. Por Felipe Werneck, da Agência Estado, 15/04/08 às 20:29.

Fracassou hoje (15) uma tentativa do síndico da massa falida da Ingá, Jarbas Barsanti, de vender o terreno, de 968 mil metros quadrados. Como não houve compradores interessados, será marcado um novo leilão, possivelmente em junho. A descontaminação do terreno era uma das precondições para a realização do leilão.

O terreno da Ingá é considerado “um dos maiores passivos ambientais” do Estado pelo governo. Barsanti afirma que o processo de descontaminação será mantido: “A recuperação do terreno está sendo feita por profissionais de conceituadas universidades, com procedimentos seguros. A população pode ficar tranqüila, pois não vai ocorrer nenhum acidente ambiental.” Os 390 mil m³ de efluentes formam um “lago” de 260 mil m² e houve vazamentos nos últimos anos de rejeitos como cádmio, que contamina solo e subsolo. Um projeto de descontaminação foi montado por técnicos da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) e da Coordenadoria dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Em setembro, foi iniciada uma parceria do síndico da massa falida da empresa com o governo estadual para tentar evitar a contaminação da baía – em caso de chuva forte, por exemplo, o lago pode transbordar e provocar um grave acidente ambiental. Uma das medidas urgentes tomadas foi a instalação de uma barreira hidráulica para contenção do fluxo do lençol freático.

DESPOLUIÇÃO – O terreno foi avaliado em R$ 120 milhões e o eventual comprador, segundo edital, vai arcar com a responsabilidade de fazer o trabalho definitivo de despoluição, orçado em R$ 40 milhões, além do “envelopamento” dos resíduos tóxicos restantes, processo que impedirá mais contaminação do solo e da água.

Barsanti afirma que, com a venda, será possível quitar passivos trabalhistas e pagar indenizações a pescadores locais afetados. Há débitos fiscais avaliados entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões e dívidas com credores de cerca de R$ 50 milhões. Além do leilão do terreno, Barsanti espera obter cerca de R$ 200 mil com a venda de parte dos rejeitos.