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ONU prevê mais fome e distúrbios devido a preço de alimentos

BRUXELAS, Bélgica (Reuters) – Os aumentos recorde do preço dos alimentos e a inflação decorrente disso devem continuar até ao menos 2010, alimentando uma “nova fome” em todo o mundo e conflitos nas ruas de países mais pobres, afirmou uma autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU). Matéria de Darren Ennis, da Agência Reuters, publicada pelo UOL Notícias, 06/03/2008 – 14h01.

Josette Sheeran, diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentação (WFP), da ONU, afirmou que a economia mundial “ingressou em uma tempestade perfeita para a fome mundial” provocada pela alta nos preços do petróleo e dos alimentos e pela queda nos estoques de comida.

“Segundo nossa avaliação, a tendência atual deve continuar pelos próximos anos. Ou, na verdade, talvez se aprofunde em 2008, 2009 e até provavelmente 2010, pelo menos”, afirmou Sheeran na quinta-feira, em Bruxelas, onde se reuniu com autoridades da União Européia (UE).

A visita dela aconteceu no dia em que o preço do petróleo, do ouro e do cobre atingiu níveis recorde em vista da fuga de investidores do dólar fraco rumo às commodities.

Para Sheeran, o preço dos alimentos subia devido a uma combinação formada pelo aumento no preço da energia (incluindo o petróleo), pelos efeitos das mudanças climáticas, por uma demanda crescente de países como a Índia e a China e pelo uso de terras férteis para produzir biocombustível.

“Isso está fazendo com que surja um novo tipo de fome no mundo, o que poderíamos chamar de a ‘nova fome’. Há pessoas que possuem dinheiro, mas que não conseguem comprar alimentos devido aos altos preços”, disse.

“O preço mais elevado da comida alimentará distúrbios sociais em vários países sensíveis a pressões inflacionárias e dependentes da importação. Devemos assistir a uma reprise de conflitos de rua como os já registrados em Burkina Fasso, nos Camarões e no Senegal.”

MORTES

Em todo o mundo, a cada dia, mais de 25 mil pessoas morrem de fome ou de males relacionados com a falta de alimentos. Uma criança morre a cada cinco segundos.

Sheeran viajou até Bruxelas a fim de pedir ajuda para cobrir o déficit de 500 milhões de dólares criado pelo aumento no preço das commodities, cujos valores elevaram-se e cerca de 40 por cento desde 2007.

O WFP elabora atualmente uma lista com os 30 países que seriam os “mais vulneráveis” aos atuais surtos inflacionários. Entre esses está o Afeganistão, onde há uma carência de 77 milhões de dólares para alimentar mais 2,5 milhões de pessoas.

“Nosso déficit orçamentário para 2008 significa, no momento, que temos de decidir entre distribuir menos 40 por cento de comida ou atender a menos 40 por cento de pessoas. Isso é inaceitável”, afirmou a autoridade da ONU.

Além das verbas adicionais, Sheeran disse que o problema poderia ser enfrentado por meio do aumento da produção de alimentos usando mais terras para a agricultura e reduzindo o montante destinado aos biocombustíveis.