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Cientistas alertam para futuro impacto da mudança climática na biodiversidade

Londres, 24 out (EFE) – O aumento das temperaturas do planeta previsto pelos cientistas para os próximos dois séculos representará uma ameaça para várias espécies, segundo um estudo britânico publicado na revista “Proceedings of the Royal Society”. Matéria da Agência EFE, publicada pelo UOL Notícias – 24/10/2007 – 11h31

As temperaturas previstas correspondem aproximadamente a outras fases características do efeito estufa, nas quais 95% das plantas e animais que povoavam o planeta foram extintos, alertam os autores do relatório.

Os pesquisadores estudaram a relação entre clima e diversidade da flora e da fauna ao longo de 520 milhões de anos.

Eles chegaram à conclusão de que os cinco períodos da história do planeta nos quais foram registrados os maiores níveis de extinção de espécies estavam ligados a mudanças climáticas.

O aumento das temperaturas associado a quatro das extinções em massa conhecidas através do estudo dos fósseis corresponde aos níveis que os analistas prevêem que a Terra deve alcançar nos próximos 100 ou 200 anos.

Os cientistas descobriram que a biodiversidade global é alta durante os períodos de esfriamento do clima do planeta e muito baixa nas chamadas fases de efeito estufa – temperaturas altas e com maior umidade.

A maior extinção de espécies foi registrada há 251 milhões de anos, quando aproximadamente 95% de todas as espécies desapareceram.

“Os resultados obtidos são as primeiras provas claras de que o clima global pode explicar de modo simples e consistente a existência de grandes variações na história dos fósseis”, afirma o cientista britânico Peter Mayhew.

“Se estes resultados forem aplicados à atual fase de aquecimento, cuja magnitude é comparável às variações no clima do planeta, isso significa que a extinção (de espécies) aumentará”, acrescenta.

Os cálculos sobre o efeito que o aquecimento global pode ter na flora e na fauna indicam que entre 20% e 30% das espécies desaparecerão se as temperaturas subirem entre 1,5 e 2,5 graus Celsius.

Esta elevação da temperatura pode ocorrer até meados do século, e o ritmo de extinção das espécies aumentará com o aquecimento do planeta.

Até o final do século, os cientistas prevêem que a temperatura média subirá em até 6,4 graus Celsius, a não ser que os países diminuam as emissões de dióxido de carbono, consideradas responsáveis pela mudança climática.

Os pesquisadores que analisaram os fósseis do planeta descobriram que variações de temperatura semelhantes foram observadas em todas as extinções pré-históricas em massa.

Das cinco registradas, a mais recente é a do Cretáceo-Terciário, ocorrida há 65 milhões de anos, quando as temperaturas do planeta eram 4 graus Celsius maiores que as atuais.

Acredita-se que um clima tipo estufa, provavelmente aliado ao impacto de um meteoro, teria contribuído para a extinção dos dinossauros.

A maior extinção aconteceu no final do período Pérmico, há 251 milhões de anos, quando aproximadamente 95% das espécies marítimas e 70% das terrestres desapareceram do planeta.

Naquela época, acredita-se que as temperaturas fossem cerca de 6 graus mais elevadas que as atuais.

Quatro das cinco extinções em massa foram causadas por climas tipo estufa, enquanto só a primeira teve relação com temperaturas mais baixas: naquela época foram formadas várias geleiras, e o nível do mar diminuiu.

Segundo Tim Benton, da Universidade de Leeds, o que ocorre atualmente com o clima esboça um futuro negro para muitas espécies, mas é possível que novas apareçam.

Desta forma, as borboletas podem desenvolver músculos mais fortes que permitam a elas bater as asas e alcançar lugares onde elas não tenham concorrentes, e talvez o processo torne estes insetos tão diferentes que seja preciso classificá-los como uma nova espécie.