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Notícia

Urânio empobrecido, arma de extermínio da humanidade (I)

Adital – W. Leon Smith e Nathan Diebenow entrevistam a Leuren Moret, geocientista que trabalha na educação dos cidadãos, mídias, e membros de parlamentos e do Congresso e de outros responsáveis por questões de radiação. Leuren Moret é uma geocientista que trabalha quase a tempo inteiro na educação dos cidadãos, das mídias, de membros de parlamentos e do Congresso e de outros responsáveis por questões de radiação. Em 1991, quando trabalhava no Livermore Nuclear Weapons Laboratory, ela testemunhou e denunciou a fraude do Yucca Mountain Project.

Atualmente está trabalhando como cientista independente e especialista em radiação em comunidades de todo o mundo, e contribuiu para a subcomissão das Nações Unidas que investiga o urânio empobrecido (depleted uranium, DU).

Segundo a enciclopédia online Wikepedia, Moret depôs no Tribunal Criminal Internacional sobre o Afeganistão, no Japão, em 2003, esteve presente na World Depleted Uranium Weapons Conference em Hamburgo, Alemanha, e participou do Tribunal Mundial das Mulheres no Fórum Social Mundial em Bombaim, Índia, em janeiro de 2004.

Entrevista:

Pergunta: Quais os últimos desenvolvimentos quanto à redução nas exposições ao urânio empobrecido das tropas americanas?

MORET: Uma jovem veterana chamada Melissa Sterry, de Connecticut, propôs um projeto de lei ao Legislativo de Connecticut exigindo testes independentes aos veteranos retornados do Afeganistão e da Guerra do Golfo. Ela afirmou que tomou essa iniciativa porque está doente, e os seus amigos estão mortos, e que é por terem servido no conflito de 2003. Tenho acompanhado o projeto de lei e conversado com ela. Ontem ela testemunhou duas vezes nas Nações Unidas. Eu lhe disse: “Por que não levamos este projeto de lei a todos os Estados Unidos, aos legislativos estaduais para que eles informem o público e obtenham audiência local junto às mídias?”.

Os EUA bloquearam qualquer contabilidade a níveis internacional e nacional. Há um encobrimento total, assim como em relação ao Agente Laranja, aos veteranos atômicos, ao MKULTRA, aos experimentos feitos pela CIA com o controle da mente. Isto é mais do mesmo, mas a questão é muito, muito pior porque o futuro genético de todos os que foram contaminados está perturbado. Agora vastas regiões por todo o nosso mundo, assim como a nossa atmosfera, estão contaminadas com o urânio empobrecido. Elas foram demasiado utilizadas. É o número de átomos equivalente, como calculou o professor japonês, a mais de 400 mil bombas de Nagasaki libertadas para a atmosfera. Isto é realmente uma subestimação.

Fui à Louisiana em abril. Fui convidada a falar na Universidade de Nova Orleans durante três dias. Um dos veteranos pediu-me para estar na sua manifestação de protesto e comício de 19 de abril através da cidade de Nova Orleans. Ele levou o projeto de lei de Connecticut diretamente ao Legislativo e pediu a dois legisladores para apresentá-lo, e disse: “Apenas risque o nome ‘Connecticut’ e substitua por ‘Lousiana’ no projeto de lei”. Você não vai acreditar. Ele foi aprovado ontem por 101 votos contra 0 na Lousiana House.

Quero que escreva acerca disto porque queremos que o projeto de lei do teste de DU também no Texas. Nevada está em vias de apresentá-lo. O congressista Jim McDermott vai propô-lo ao legislativo de Washington. Queremos que o governador de Montana faça isto porque foi o primeiro governador a exigir que a sua Guarda Nacional retornasse. Penso que metade deles está de volta. “Preciso deles no Estado”, afirmou ele.

A questão do DU é realmente absolutamente horrenda. Não penso que haja qualquer tragédia maior na história mundial do que isto que eles têm feito.

P.: Há algum perigo de o urânio empobrecido que está sendo utilizado em armamentos do lado de lá difundir-se pelo ar até aqui?

MORET: A atmosfera está globalmente contaminada com ele. Ele está completamente misturado no espaço de tempo de um ano. Sou uma perita em poeira atmosférica. Sou uma geocientista, uma geóloga, e foi acerca disso que estudei e investiguei. É realmente um assunto fascinante. Temos enormes tempestades de pó que têm um milhão de milhas quadradas (2,59 milhões de km2) e transportam milhões de toneladas de pó e areia todos os anos por todo o mundo.

Os principais centros destas tempestades de poeira são o Deserto de Gobi, na China, que foi o local onde os chineses fizeram testes atmosféricos, de modo que está tudo contaminado com radiação, e ela foi transportada diretamente sobre o Japão, e vem através do Pacífico e deposita toda a sua areia e pó nos EUA, América do Norte. Está carregada com isótopos radioativos, fuligem, pesticidas, produtos químicos, poluição – há de tudo nela – fungos, bactérias, vírus.

O Deserto do Saara é outro enorme centro de poeira, e ela sobe para a Europa e atravessa o Atlântico, para o Caribe, para a Costa Leste. Naturalmente, você conhece o Texas com aqueles furacões. Todos eles originados no Deserto do Saara.

A terceira região é o Ocidente dos Estados Unidos, que é onde está localizado o sítio de testes de Nevada. Fizemos 1.200 testes de armas nucleares ali, de modo que toda esta radiação que já está lá, que é bastante má, tem provocado uma epidemia global de cancro desde 1945. Toda aquela radiação foi o equivalente a 40 mil bombas de Nagasaki. Estamos falando de cerca de 10 vezes mais.

Em abril de 2003 a Organização Mundial de Saúde disse que esperava um aumento de 50% nas taxas de cancro global no ano 2020.
A mortalidade infantil está aumentando outra vez por todo o mundo. Isto é um indicador do nível de poluição radioativa.
Quando os EUA e a Rússia assinaram o tratado que baniu parcialmente os testes, em 1963, a taxa de mortalidade infantil começou a cair outra vez, o que é normal.

E agora ela está subindo mais uma vez. É a poluição global com esta radiação.

P.: Um dos nossos correspondentes enviou-me uma série de fotografias da tempestade de poeira Al-Asad, no Iraque, em 28 de abril.

MORET: Era a esta poeira que me referia.

P.: Na foto pode-se ver uma gigantesca parede de areia.

MORET: Tenho 16 fotos daquela tempestade. Elas foram postadas junto com fotos feitas por médicos iraquianos de crianças com cancro e leucemia. Assim, o que pensou você daquela tempestade de pó?

P.: Que era realmente dramático.

MORET: Ela remobiliza toda a radiação, mas estes são os bocados maiores. O DU queima a altas temperaturas. É um metal pirofórico, o que significa que incendeia. As balas e as bombas (shells) de grande calibre estão realmente em chamas quando saem do cano da arma porque são incendiadas pela fricção dentro do cano. Setenta por cento do metal DU torna-se um metal vaporizado. É realmente uma arma de gás radioativo e um contaminador do terreno.
Enviarei por e-mail para si a URL do memorando de 1943 ao General Leslie Grove do Manhattan Project. É o plano (blueprint) para o urânio empobrecido. Eles deixaram cair as bombas atômicas, mas não utilizaram as armas DU porque pensaram serem demasiado horríficas.

Viajei por todo o Japão com um pediatra de Bassorá e um oncologista, um especialista em cancro. Pobres médicos – todas as suas famílias estão morrendo de cancro. Ele tem 10 membros da sua família com cancro neste momento, que está tratando, e isto é apenas devido à I Guerra do Golfo. Eles utilizaram muita, muitíssima mais em 2003. Sobre todo o país.

P. O que os soldados podem esperar quando voltam para casa?

MORET: Se estavam em Veículos de Combate Bradley, voltam para casa com cancro retal por se terem sentado sobre caixas de munições. As mulheres jovens estão relatando problemas terríveis com endometriose. Isto é o mau funcionamento da mucosa do útero, e elas simplesmente sangram e sangram e sangram. Algumas delas têm cancro uterino – com idades de 18, 19 e 20 anos.

O Exército nem sequer o diagnosticará. Eles enviam-nas de volta aos campos de batalha. Eles não vão tratá-las ou diagnosticá-las. Um grupo de 20 soldados foi do Kuwait para Bagdá em 2003, em meio a combates. Oito daqueles 20 soldados têm tumores malignos.

P.: Será que a exposição ao urânio empobrecido lhes afeta o fundo psicológico quando voltam para casa?

MORET: Urânio empobrecido são aquelas partículas que se formam a temperaturas muito elevadas. Elas são óxidos de urânio que são insolúveis. Elas são pelo menos 100 vezes menor do que uma célula branca de sangue, de modo que quando os soldados respiram inalam-nas. As partículas entram pelo nariz e vão através dos nervos olfativos para dentro do cérebro, e isto desarruma as suas capacidades cognitivas, os processos de pensamento.

Isto prejudica o mecanismo de controle de temperamento no cérebro. Quatro soldados em Fort Bragg voltaram do Afeganistão, e num par de meses aqueles quatro haviam assassinado suas esposas. Isto é parte do dano ao cérebro provocado pela radiação e pelas partículas.

Entre soldados da I Guerra do Golfo, um grupo de 67 soldados que voltou, havia DU no seu equipamento, nas suas roupas, nos seus corpos, no seu sêmen, e eles tinham bebês normais antes de irem para a guerra. Eles voltaram, e o VA (Veteran Affairs Department) fez um estudo. De 251 veteranos do Mississipi da I Guerra do Golfo, em 67% deles os seus bebês nascidos após a guerra apresentavam malformações graves. Nuns não existia cérebro, noutros eram os olhos ou os membros que faltavam. Tinham gravíssimas doenças de sangue. É horrífico!

Se quiser ver algo, a revista Life efetuou um ensaio fotográfico que ainda está na Internet. Chama-se As pequenas vítimas da Tempestade do Deserto (1)

Convém olhar para aquilo – oh, meu Deus, os bebês pós-Guerra do Golfo brincando com os seus irmãos e irmãs normais.
Basicamente, é como fumar crack, só que você está fumando crack radioativo. Ele vai direta-mente pela corrente sanguínea para todo o corpo, para dentro dos ossos, da medula óssea, do cérebro. Ele vai para dentro do feto. É um veneno sistêmico e um veneno radioativo.

P.: O que dizer acerca das pessoas aqui nos EUA? Diz você que o DU está sendo misturado e difundido globalmente?

MORET: Sim, está sendo misturado globalmente. Estamos recebendo fumaça secundária. É o efeito secundário da fumaça. Sabe das pessoas que convivem numa sala com fumantes? Estão apanhando aquela fumaça secundária, e assim estamos nós.

P.: Será que a fumaça secundária está ficando mais espessa enquanto conversamos?

MORET: Sim, a concentração das partículas de urânio empobrecido na atmosfera por todo o Globo está aumentando. Há indicações de que os EUA avançarão em junho e bombardearão um inferno no Irã. Estamos monitorando as fábricas americanas de munição. Elas têm grandes encomendas daquelas enormes bombas destruidoras de bunkers com 5.000 libras (2.268 kg) de DU na ogiva.

P.: Então o prognóstico para a América não é realmente bom?

MORET: Não, é realmente mau.

P.: E se isto continuar?

MORET: Vamos aniquilar a população do mundo. Já estamos, e não afeta apenas pessoas. Afeta todos os sistemas vivos. As plantas, os animais, as bactérias. Afeta todas as coisas.

P.: Assim, as coisas que comemos, por exemplo, se tiverem DU dentro delas introduzimo-lo dentro dos nossos sistemas, e assim estamos poluindo os oceanos, de modo que podíamos afetar toda a vida marinha?

MORET: Sim, está no ar, na água, no solo. A semi-vida do DU, Urânio 238, é de 4,5 bilhões de anos, a idade da Terra.

P.: Com os danos atingindo este ponto, poderemos nós voltar para trás? Não podemos fazer a limpeza?

MORET: Não há nenhum modo de fazer a limpeza. O que acontece é que estas pequenas partículas flutuam em torno da Terra. Ainda há plutônio e urânio flutuando em torno da Terra devido aos testes de bombas. Estas partículas são tão pequenas que moléculas a chocarem-se com elas mantem-nas lançadas no ar, e assim o único modo de elas saírem da atmosfera é a chuva, a neve, o fog, a poluição, o que as retirará do ar e as depositará no ambiente. O que acontece é que a superfície destas partículas fica umedecida pela mistura no ar. Elas caem e aterram sobre coisas e cravam-se nelas como uma cola. Você não pode conseguir que as partículas saiam do que quer que seja a que estejam aderidas, tal como sempre colocamos um pingo de água sobre uma lamela de microscópio e a seguir colocamos outra sobre a primeira. Será que se pode separá-las?

P. Não.

MORET: OK, é o mesmo efeito que acontece com as partículas radioativas. Uma vez removidas da atmosfera, aderem a quaisquer superfícies sobre as quais aterram. De um modo elas são removidas da circulação atmosférica. Você não pode lavá-las. Se se mantiver na chuva ou estiver num riacho, se estiver sobre rochas ou pedras ou em alguma coisa num riacho, elas não irão mesmo ser lavadas. Você não sabia que isto era tão mau, não é?

P.: Não, eu sabia que era mau, mas pensava que estava razoavelmente isolado.

MORET: Não. O que está sobre eles (no Iraque) estará aqui em cerca de quatro dias. Não sei se você acompanhou Chernobyl. Aquela grande bolha de radiação deu várias vezes a volta ao mundo, mas isto é pó. Tornou-se uma parte do pó atmosférico. Tal como a tempestade que poeira que você viu naquela foto, isto vai a toda parte.

P.: Estará nas camadas altas da atmosfera ou nos níveis mais baixos?

MORET: Está no espaço orbital mais baixo.
Eles trouxeram a nave espacial Mir de volta à Terra depois de utilizá-la, e havia algo chamado um mosquito do espaço (space midge) que cobria os dispositivos eletrônicos do lado de fora da nave e protegia-a da radiação que vinha do Sol, pois a eletrônica é vulnerável à radiação. Analisaram a superfície daquela rede do espaço e descobriram urânio e produtos decaídos do urânio que, disseram, vinham de testes atmosféricos ou materiais nucleares queimados na nave ou de reatores nucleares a bordo. O urânio também pode vir de supernovas, mas eles pensam que as fontes mais prováveis foram testes atmosféricos e os materiais nucleares que nós colocamos no espaço.

P.: Essencialmente, então, está dizendo que estamos conduzindo uma guerra nuclear.

MORET: Sim, é exatamente isso. Conduzimos quatro guerras nucleares desde 1991. Sim, trata-se de guerras nucleares. O DU é uma arma nuclear.

P.: Do ponto de vista de um cientista, o que é preciso acontecer para corrigir isto?

MORET: Bem, precisamos parar de utilizar disto. Temos de construir um movimento internacional para travar a utilização, a fabricação, a armazenagem, as vendas e a instalação de armas de urânio empobrecido.

P.: Será que as munições que vendemos a outros países contêm urânio empobrecido?

MORET: Sim, contêm. Em 1968 os primeiros sistemas de armas com urânio empobrecido de que descobrimos patente apareceram subitamente no U.S. Patent Office. Era para a Marinha. O sistema era uma espécie de arma de repetição (Gatling gun) que você montava nos navios. Aquilo dispara tão rapidamente como 2.500 balas por minuto. Há mais de 3.000 agora. Eles melhoraram a concepção. Assim, em 1973 demos sistemas de armas de urânio empobrecido aos israelenses e supervisionamos a sua utilização. Eles utilizaram-nas na guerra árabe-israelense e exterminaram completamente os árabes em cinco dias. Desde então o show está em andamento. Aquela foi a primeira demonstração real em campo de batalha deste novo sistema de armas.

A Hughes Aircraft desenvolveu o sistema em toda extensão para a U.S.Navy. Aquilo é um sistema da arma de repetição. Eles ainda o utilizam. Foi produzido em 1974 e testado. Dentro de seis meses o governo americano havia vendido o sistema de armas de DU a 12 entidades, as quais incluíam muitos ramos das forças armadas dos EUA e de outros países. Nós vendemos sistemas de armas DU a cerca – não sabemos exatamente com toda certeza – de 12 ou 17 países. A boa notícia é que normalmente tais sistemas de armas poderiam ter sido vendidas a 80, 100 ou 120 países – mas devido ao risco radiológico, biológico e ambiental, os países não só estavam receosos em comprá-las como alguns que as compraram temiam utilizá-las. Os únicos países que sabemos terem utilizado o DU são a Grã-Bretanha e Israel.

Em 1996 as Nações Unidas aprovaram uma Resolução no sentido de que as armas de urânio empobrecido são armas de destruição em massa, e elas são ilegais sob todas as leis e tratados internacionais.

Em 2001 o Parlamento Europeu aprovou uma resolução sobre o DU. O que aconteceu foi que as forças da OTAN atacaram a Iugoslávia em 1998 e 1999, fizeram 39 mil incursões aéreas e bombardearam completamente o país com lixo radioativo. A Alemanha e os EUA ganharam a maior parte do dinheiro com a destruição da Iugoslávia, e eles asseguraram que países que não sabiam acerca do DU – aqueles que faziam a manutenção da paz tais como a Itália e Portugal – fossem enviados às regiões mais contaminadas dentro da Iugoslávia. Os alemães e os americanos não enviaram as suas próprias tropas àquelas áreas. Estes pobres soldados de outros países voltavam e morriam dentro de semanas ou num par de meses. Os parentes em Portugal e na Itália estão furiosos e foram ao Parlamento e às mídias, e houve uma enorme tempestade nas mídias com artigos acerca do DU. (2)
O gato saiu do saco em 1998 devido à invasão da Iugoslávia pela OTAN. O gato estava fora do saco, mas tropas japonesas foram enviadas a Somawa. Eram forças de autodefesa. Foram para as áreas mais contaminadas, onde se verificaram os mais pesados combates no Iraque. Podemos esperar que estes soldados fiquem realmente doentes.

P.: E quanto ao próprio Iraque? O que tem de ser feito então no futuro?

MORET: É inabitável. Todo o país. A Iugoslávia, o Iraque e o Afeganistão estão completamente inabitáveis.

P.: Mas lá vivem pessoas, então elas irão sofrer?

MORET: Bem, você pode ver os defeitos de nascença e as doenças que são severas. A cada ano o número de defeitos de nascença e as doenças aumentarão devido aos níveis de contaminação total em todas as coisas vivas, pois eles estão respirando aquele ar, bebendo água e comendo comida de solos contaminados. É simplesmente uma sentença de morte lenta. O mesmo se passa com a Iugoslávia e o Afeganistão.

O urânio empobrecido é uma arma biológica muito, muito efetiva. Este é o objetivo primário do seu uso. Marion Falk (um químico-físico aposentado que construiu bombas nucleares durante mais de 20 anos no laboratório Lawrence Livermore), que é o cientista do Manhattan Project com que trabalhei, ensinou-me tudo muito bem acerca de radiação, partículas e DU. Ele disse que o objetivo das armas utilizadas pelos militares não é só ferir e matar os soldados inimigos, o objetivo é matar, aleijar e tornar doente a população civil porque isto reduz a produtividade de um país e dentro em pouco uma parte dos seus recursos tem de ser utilizada para cuidar de pessoas doentes. Eles terão cada vez menos trabalhadores saudáveis.

Naturalmente, uma vez que você provoca mutação no DNA, este dano é passado às gerações futuras das pessoas ou animais ou plantas afetados. O DNA não se repara a si próprio.

P.: Assim, as mutações provavelmente seriam mais destrutivas do que construtivas.

MORET: As mutações estão a causar aqueles nascimentos defeituosos.

P.: Elas são doenças não evolutivas?

MORET: Não, elas são evolutivas. Elas são herdadas por todas as gerações futuras e passadas mais adiante. É como se você tivesse cabelo ruivo e todos os seus descendentes futuros terem aquele gene.

P.: Assim, se eu tivesse uma propensão para doença do coração devido à radiação, então a geração que viesse depois de mim teria o mesmo problema?

MORET: Bem, se você danificar a célula ou partes da célula ou o funcionamento de células, isto não danifica necessariamente o DNA. Há duas espécies de danos: uns danificam as células do organismo vivo, e isto não pode ser passado adiante, mas se você danificar o DNA no ovo ou no esperma, isto é passado a todas as gerações futuras.

P.: De modo que nos rapazes que estão retornando da guerra o seu esperma provavelmente está afetado.

MORET: Danificado. Sim. Eles também têm urânio empobrecido no seu sêmen. Quando se relacionam com as suas parceiras eles contaminam-nas internamente com urânio empobrecido. As mulheres também ficam doentes. Elas têm urânio empobrecido nos seus corpos e há algo chamado Síndrome Queimante (burning syndrome). É absolutamente horrível. Pode ler acerca disto num artigo de David Rose no número de dezembro de Vanity Fair Está na Internet. (3)

Uma amiga minha é viúva de um veterano canadense da Guerra do Golfo. David Rose entrevistou-a, e ela queixou-se acerca do sêmen queimante. Ela afirmou: “Tenho 20 preservativos cheios de ervilhas congeladas no meu frigorífico todo o tempo, e depois de nos relacionarmos eu inseria um dentro da minha vagina, e isto era o único meio para eu poder suportar o sofrimento do sêmen queimante”. E ele atravessa preservativos, também.

P.: Oh Deus!

MORET: Sim, você deveria ver as turmas nas escolas secundárias quando falo acerca do sêmen queimante e da contaminação interna. As bocas das garotas abrem-se em grande Os, e os rapazes começam a entrar em pânico e dizem “Nunca ficarei doente!” (risos). O nome deste artigo é “Armas de auto-destruição”. (4)

Notas

(1) www.life.com/Life/essay/gulfwar/gulf01.html
(2) O original encontra-se em; http://www.iconoclast-texas.com/News/19news03.htm
(3) www.vanityfair.com/commentary/content/articles/041115roco04
(4) idem

Outros documentos acerca do DU:

• What Is Depleted Uranium?
• A Military Perspective. Entrevista ao Dr. Doug Rokke, Ph.D, antigo Diretor do U.S. Army Depleted Uranium Project.
• A Survivor’s Perspective. Entrevista a Melissa Sterry, veterana da Guerra do Golfo que está sobrevivendo aos efeitos do urânio empobrecido.

Publicado também em: http://resistir.info/

Nota do EcoDebate: clique abaixo para acessar a segunda parte desta entrevista
Urânio empobrecido, arma de extermínio da humanidade (II)

(www.ecodebate.com.br) entrevista originalmente publicada pela Agência de Informação Frei Tito para a América Latina