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Pesquisadores avaliarão impactos ambientais da lama da barragem da Samarco no oceano

 

 

O navio de pesquisas Vital de Oliveira, comprado este ano pela Marinha, chegou ontem (24) à tarde em Vitória (ES) para reforçar as equipes que estão verificando os impactos da lama de rejeitos de mineração na fauna e na flora das áreas oceânicas atingidas no último domingo (22).

Lama de barragem que se rompeu em Minas avança sobre o mar no Espírito Santo (Divulgação/Ministério do Meio Ambiente)
O pró-reitor de pesquisas da Ufes, Neyval Reis, diz que ainda é cedo para estimar os estragos ambientais, sociais e econômicos da lama que atingiu o oceano. Foto: Paulo de Araújo/Ministério do Meio Ambiente
 

A expectativa é que os equipamentos a bordo do navio, com previsão de atuar na foz do Rio Doce, no município de Linhares (ES), permitam a caracterização física, química, biológica e geológica da região nas próximas semanas.

Além dos pesquisadores da Marinha, o navio receberá técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEAPM) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O Vital vai se juntar amanhã a mais duas embarcações da Marinha que estão na região, a fragata Rademaker, que está a cerca de 18 quilômetros da costa da praia de Regência e aguarda os resultados de testes com coletas da água, e o rebocador de alto-mar Tridente, que chegou na madrugada de segunda-feira (23).

O pró-reitor de pesquisas da Ufes, Neyval Reis, disse que ainda é cedo para estimar os estragos ambientais, sociais e econômicos da lama que atingiu o oceano. “Naquele primeiro momento após o acidente, emergencialmente, os nossos especialistas fizeram uma atividade de assessoria e apoio técnico aos órgãos que estão cuidando do problema. Agora estamos começando a ter algumas amostras coletadas pela própria universidade e vamos começar a fazer análises”, disse.

Reis informou que a Ufes oficializou hoje a criação de um grupo de 79 pesquisadores que vão atuar no caso. Eles foram divididos em três grupos. Um vai fazer o monitoramento ambiental e propor ações de remediação dos estragos e será composto por especialistas em engenharia ambiental, tratamento e qualidade da água, tratamento de resíduos, fauna e flora, oceanografia, entre outros.

O segundo grupo vai avaliar os impactos sociais do acidente e é composto por economistas, antropólogos, profissionais de saúde e especialistas em gestão pública. O terceiro grupo é de comunicação e gestão institucional e vai sistematizar as demandas e os resultados das pesquisas entre os órgãos e técnicos.

A mancha
A mineradora Samarco, que tem como acionistas a Vale do Rio Doce e a BHP Billiton, informou que prossegue usando 9 quilômetros de barreiras de contenção para proteger as áreas mais sensíveis do estuário localizado em Regência, distrito de Linhares (ES). A empresa disse, por meio de nota, que “a pluma de turbidez está a aproximadamente 12 km da boca do rio de Regência ao alto mar, cerca de 15 km da boca do rio ao Norte e 7 km para o Sul”.

Linhares (ES) - A lama vinda das barragens da Samarco com rejeitos de mineração segue ao longo do leito do Rio Doce, em direção a sua foz, localizada na Vila de Regência, no município de Linhares (Fred Loureiro/Secom ES)
Pesquisadores da Marinha atuarão em parceria com técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo e da Universidade Federal do Espírito Santo. Foto: Fred Loureiro/Secom ES
 

Ainda de acordo com a Samarco, no monitoramento da manhã desta terça-feira, a eficiência das barreiras instaladas nas áreas protegidas variou de 47% até 91%, se comparado a turbidez da água de dentro do estuário ao canal principal do rio.

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa da empresa disse que está cuidando do recolhimento das espécies mortas da fauna. A ação é uma demanda estabelecida pelo  Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para evitar a geração de odor e a proliferação de vetores.

“Nos locais onde se identificou morte de peixes, uma empresa especializada, em conjunto com pescadores da região, está recolhendo as espécies, em atendimentos às determinações das autoridades competentes e armazenando-as em bombonas, para posterior destinação em local devidamente habilitado para recebê-los”, informaram, sem dizer quantos quilos de peixes já foram recolhidos.

A prefeitura de Linhares (ES) interditou as praias de Regência e Povoação após a chegada da lama do rompimento de barragem em Mariana (MG) no mar. A prefeitura espalhou placas ao longo das praias informando que a água está imprópria para o banho.

O rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), no dia 5 de novembro, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no meio ambiente.

Da Agência Brasil, in EcoDebate, 25/11/2015

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One thought on “Pesquisadores avaliarão impactos ambientais da lama da barragem da Samarco no oceano

  • José de Castro Silva

    A responsabilidade é de todos: da empresa SAMARCO e seus tentáculos, mas principalmente da autoridades que se omitiram em fiscalizar e acompanhar as atividades. A Presidenta Dilma apareceu uma semana depois, deu um sobrevoo e aplicou 5 multas. Reuniu os governadores do Espírito Santo e Minas Gerais e disse que ia fazer alguma coisa. Não sabia qual coisa, mas alguma coisa seria feita. O Governador de Minas Gerais, paramentado com o uniforme da Defesa Civil aproveita-se para aparecer na mídia e se contradiz que está tudo sob controle, quando o Presidente da empresa reafirma que ainda existem riscos.
    Fala-se já em CPI e os deputados de plantão só falam asneiras, pois não conhecem o problema e só entendem dos pichulecos que recebem para financiar as suas campanhas. Ouvir um Zequinha Sarney e alguns membros do tal Partido Verde só provoca risos. Quanta incompetência…. Só mesmo o Brasil..
    O Ministério Público quer achar culpados e indiciá-los. Está perdidão, sem saber o que fazer.
    É hora, gente, de ouvir as inteligências e os seus conhecimentos: os pesquisadores, os professores, os geólogos, hidrologia, biólogos, engenheiros e buscar os conhecimentos para evitar novos desastres e tentar consertar parte do desastre.
    Deixar este caso na mão do Congresso Nacional ou dos órgãos oficiais (DNPM, FEAM….) é apostar que novas tragédias acontecerão.

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