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Fórum das Águas discute gestão de recursos hídricos nos centros urbanos

 

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Por Sônia Araripe

Evento promovido pelo Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar) no Instituto Inhotim debateu sobre crise hídrica e desafios a serem implantados nos municípios

Para acender as discussões em torno da gestão das águas nos centros urbanos, o Fórum das Águas 2015, promovido entre os dias 21 e 23 de outubro, reuniu 21 especialistas nacionais e internacionais no Instituto Inhotim, em Brumadinho/MG. A realização foi do Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar), que elegeu o tema “Cidades Sustentáveis e seus Desafios” para nortear as palestras da segunda edição do evento.

Cerca de 600 pessoas compartilharam as alternativas para garantir a qualidade de vida da população nos próximos anos. Na abertura do primeiro dia do fórum, o presidente do Cibapar Breno Carone destacou a escolha do tema da segunda edição da conferência. Ele apontou a degradação do Rio Paraopeba e ressaltou a necessidade de um esforço entre todas as esferas políticas e socioambientais para a preservação da água nos 48 municípios banhados pela bacia. “O rio abastece 70% da região metropolitana de BH. Além disso, ele fornece matéria-prima e alimentos para as cidades, mas tem sido degradado ao longo dos anos por conta do lançamento inadequado de resíduos em muitos trechos de seu percurso. Temos que agir rápido diante não somente da questão da seca, mas também do saneamento, inexistente em muitas áreas”. Membros de governos estaduais e federais, ambientalistas e representantes da sociedade civil também participaram da solenidade.

Um dos destaques do primeiro dia foi o consultor ambiental e professor Albert Appleton, ex-diretor do Sistema de Água e Esgoto da cidade de Nova Iorque. O especialista apresentou a implementação de inovações revolucionárias no abastecimento de água que salvaram Nova Iorque da crise hídrica nos anos 90 e economizaram bilhões de dólares. “Os modelos são baseados no convívio de todas as partes interessadas, na realização de bases estruturadas e no desenvolvimento de um plano de ação”.

Com o tema “Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis (ICES) do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a sanitarista Márcia Casseb analisou o impacto das mudanças climáticas nas cidades da América Latina e reforçou a importância da governança e de indicadores de diferentes dimensões da gestão pública moderna. “Não é possível tratar as questões urbanas de forma setorial. É necessário trabalhar de forma intersetorial. A vida das cidades, cada vez mais, pede um diálogo integrado entre muitas esferas”.

No segundo dia, o cientista político Sérgio Abranches, abriu o ciclo de palestras com o tema “Ecopolítica”. De acordo com ele, o Brasil se transformou na no país que menos se discute as questões fundamentais políticas da sociedade. “A questão da água, hoje, não tem transparência alguma. Há um escamoteamento sistemático das autoridades acerca dos reservatórios de água. São situações críticas que não são tratadas com veracidade com a sociedade brasileira. Quando deveríamos, na verdade, discutir seriamente o problema gravíssimo do abastecimento de água das principais cidades brasileiras. E a participação da população é essencial para as mudança. Segundo Abranches, não se trata de uma crise eventual, e sim de uma situação que saiu do controle em consequencia de ações nocivas ao ambiente.

Já o arquiteto português Pedro Barata, residente em Belo Horizonte, relacionou a água e arquitetura com o tema “Preciclagem”, exibindo cases de sucesso em diversas metrópoles europeias. “Podemos colocar a arquitetura a serviço da água e realizar projetos que têm menos impacto ao meio ambiente. Os planejamentos devem ser feitos com base na praticidade, sustentabilidade, harmonia e na valorização do deste recurso”, assegurou Barata.

O subsecretário de Água e Clima da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal, Sérgio Ribeiro, listou alguns dos grandes desafios que o planeta enfrenta hoje como a segurança alimentar, energética, aquecimento global, proteção da biodiversidade e dos oceanos, abrindo o terceiro dia de evento. “Os conhecimentos necessários não vem de uma disciplina. As áreas devem se relacionar, dialogar. É necessário ter uma visão crítica do que está acontecendo em um cenário de desestruturação em muitos campos”.

Élbia Ganon, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, enfatizou a necessidade de se investir em fontes renováveis de energia. “Cerca de 65% da produção de energia elétrica vem das bacias hidrográficas e dos grandes reservatórios. Hoje, estamos vivendo um momento de escassez. Por isso, energia eólica vem ganhando fôlego”.

Unesco marca presença no último dia do Fórum das Águas 2015

Os representantes da Organização das Nações Unidas para Educação (Unesco) Miguel Dória, Igor Tameirão e a militante ambiental e atriz Cléo Pires participaram do último dia da edição 2015 do Fórum das Águas – Cidades Sustentáveis e Seus Desafios. O evento foi promovido pelo  Consórcio Intermunicipal  da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar) no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG).

O centro das discussões foi o projeto “Águas nas Escolas”, programa socioambiental de conscientização do uso de recursos hídricos que está sendo implantado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Quem abriu o ciclo de palestra foi Tameirão, coordenador da Unesco-HidroEX, entidade que realiza pesquisas e ações educacionais na área de conservação das águas com sede na cidade de Frutal, na região do Alto Parnaíba, em Minas Gerais.

“A sustentabilidade deixou de ser assunto somente de ambientalistas e passou a ser uma questão de sobrevivência. Ela precisa estar na educação de base urgentemente. É necessário ensinar e consolidar o tema nos programas pedagógicos”, afirma Tameirão.

O coordenador Regional da América Latina para o Programa Hidrológico Internacional (IHP) Miguel Dória destacou a Política de Educação para as Águas aplicada pela Unesco. “Devemos desconstruir barreiras quando tratamos sobre o assunto. Em todo o mundo existe uma variação enorme acerca da discussão sobre os recursos naturais, mas em torno de 85% da população mundial vive em stress hídrico. Por isso, precisamos promover cooperação e paz por meio da conscientização, viabilizada por programas nas redes de ensino. É necessário garantir também os direitos aos conhecimento técnico e científico e aumentar o número de profissionais envolvidos”.

Para o presidente do Cibapar, balanço foi positivo. “O Fórum das Águas pretende, em caráter de urgência, mobilizar a todos. Trouxemos representantes de áreas que se complementam para alertar sobre os problemas e sobre os desafios da crise que assola nossos recursos. E a participação de todos é essencial para revertermos essa situação”, enfatiza.

Sônia Araripe, jornalista, é editora da revista Plurale.

in EcoDebate, 30/10/2015


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