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Artigo

100% Energia Renovável, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

Central Eólica

 

[EcoDebate] Os combustíveis fósseis são uma fonte de energia não renovável e, necessariamente, vão se esgotar algum dia. Enquanto não acabam, vão poluindo o ar, as águas e o solo e aumentando os efeitos negativos do aquecimento global. Portanto, quanto mais cedo o mundo eliminar a dependência dos combustíveis fósseis, melhor. Cresce a consciência de que é preciso construir uma sociedade livre do petróleo, carvão e gás. Para tanto, a alternativa é ter 100% de energia renovável e com baixa emissão de carbono, construída com o menor impacto ambiental possível (embora o caminho não seja tão tranquilo segundo ZEHNER, 2012 e TVERBERG, 2014).

O preço da energia eólica e solar tem caído tanto que já atingiu a paridade com outras formas de energia fóssil e brevemente poderá ter vantagem significativa. A perspectiva é que o preço do petróleo suba nas próximas décadas enquanto acontece o contrário com o preço das renováveis. Com vantagem nos preços, cresce a possibilidade de o mundo ter 100% de energia renovável no futuro.

Países como a Alemanha e a Dinamarca estão se movendo no sentido de obter 100% de energia renovável e, até certo ponto, buscam fazer isto de forma descentralizada e fortalecendo o desenvolvimento local e o empoderamento das pessoas e das comunidades (“power to the people”). Na Alemanha, a implantação de energias renováveis ??já resultou em mais de 380 mil postos de trabalho e isto tem ocorrido de forma descentralizada. Quanto maior é a cadeia de criação de valor nos municípios, mais receitas fiscais são obtidas e menos custos para os consumidores.

Outro exemplo de produção de energia controlada pela comunidade vem da Dinamarca. A ilha de Samso iniciou os esforços para se tornar auto suficiente em termos energéticos, em 1997, dependendo apenas das energias renováveis. Hoje está perto de o conseguir e os habitantes não só cobrem as suas próprias necessidades energéticas como vendem energia à rede pública. Embora tenha havido alguma resistência inicial por parte da população, majoritariamente dedicada à agricultura, hoje os habitantes de Samso são entusiastas da causa das energias renováveis, dispondo a nível doméstico de painéis fotovoltaicos ou pequenos aerogeradores que não só suprem as suas necessidades como ainda lhes dão lucro através da venda do excesso de energia produzido. Samso dispõe de 11 cataventos que podem fornecer a energia elétrica necessária a toda a ilha, a par de quatro estações de biomassa e 2500m2 de coletores solares que cobrem 70% dos gastos associados ao aquecimento. A estes há ainda que adicionar os aerogeradores situados 3,5 km da costa. A ilha de Samso continua ligada à rede elétrica da Dinamarca, mas a energia que chega à ilha é muito menor do que a energia que sai, sendo que o valor da exportação de energia superou o das batatas.

Mesmo países pequenos podem atingir 100% de renováveis, desde que haja vontade política e apoio internacional. A pequena Cabo Verde tem buscado apoio Europeu para atingir os 100% de utilização de energias renováveis. Para tanto conta com o apoio da União Europeia via Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental – CEDEAO – que considera a energia eólica e solar uma grande prioridade. A Índia tem avançado com projetos de mini-redes de energia solar fotovoltaica, buscando incluir 300 milhões de pessoas que não tem acesso a eletricidade.

Para o caso latinoamericano, a Costa Rica é um exemplo de país que sempre teve uma tradição democrática e que tem uma política de desenvolvimento sustentável avançada, pois dissolveu o exército e não possui Forças Armadas (apenas uma guarda nacional de segurança) e já planejou ser o primeiro país das Américas “Carbono-neutro” até 2030.

A produção em pequena escala e descentralizada deve ser combinada com a construção de redes inteligentes de energia (smart grids). Nestas redes, o fluxo de energia ocorre nos dois sentidos e o superavit de uma casa, por exemplo, pode ser vendido para outras casas ou estabelecimentos, possibilitando o desenvolvimento do fenômeno do “prosumidor”, aquele que é produtor e consumidor ao mesmo tempo.

 

Painéis Solares

 

Mas o país que tem mais investido nas energias renováveis e em redes inteligentes é a China. O “Império do Meio” já compreendeu que o mundo está passando por um “ponto de inflexão” e que é preciso superar a dependência da queima de carbono e investir em um novo ciclo de desenvolvimento sustentável alternativo para superar a era do petróleo, gás e do carvão. Compreendeu também que existem mais oportunidade do que constrangimentos neste novo ciclo de mudança de paradigma, pois se trata não somente de criação de empregos verdes e da saúde ambiental, mas também, na lógica de um regime autoritário, de uma questão de “segurança enérgica”. Os planos do governo para a segunda década do século XXI são marcados pela busca da expansão da energia solar e eólica e pela maior eficiência energética e menor emissão de carbono. Como na China as pessoas têm dificuldades para respirar devido à poluição, ou se faz uma grande transformação na matriz energética, ou haverá o aprofundamento da degradação ambiental e um crescimento das doenças humanas.

A China já é líder na construção de painéis fotovoltaicos e em turbinas eólicas. Com suas altas taxas de investimento e com seus mais de três trilhões de dólares de reservas internacionais, o país tem recurso suficiente para investir em novas tecnologias e no domínio do mercado mundial. Assim, não é de se surpreender que a China tenha duplicado, a cada ano, a sua capacidade instalada de geração de energia renovável. Não é somente uma questão de disputa pela liderança mundial, mas principalmente pela necessidade estratégica e geopolítica, assim como da urgência diante da alta poluição do ar (fenômeno chamado de “arpocalipse”). Sem mudar o atual modelo energético e de produção, não só a China, como o mundo todo, sofrerá as consequências do aquecimento global e das mudanças climáticas extremas.

Descarbornizar a economia e produzir energia limpa e renovável é uma necessidade que não pode ser procrastinada, pois a emissão de CO2 é o principal componente da pegada ecológica. Mas não são apenas os governos que buscam investir em energias limpas. Companhias como Google e Apple fazem planos para se tornarem totalmente “verdes” e utilizarem 100% de energia renovável no mais breve espaço de tempo. Estas empresas buscam não só a independência energética e lucros crescentes, mas também cuidam de transmitir uma imagem moderna e amiga do meio ambiente.

Já o Brasil está muito atrasado na produção da energia do futuro. A despeito de projetos como o de energia eólica na Chapada do Araripe, no Piauí, o país não tem conseguido acompanhar o ritmo da produção internacional de energias alternativas. Em vez de investir no pré-sal, no gás de xisto, nos caças supersônicos e em aposentadorias milionárias para uma minoria de privilegiados, o Brasil poderia incentivar o investimento na produção de energia limpa e utilizar o enorme potencial que o país possui em termos de vento e sol para descarbonizar nossa economia e avançar na democratização e na descentralização da utilização das forças energéticas que a natureza nos deu de forma abundante. Com o esforço correto, o Brasil tem tudo para avançar rumo à meta 100% energia renovável.

Evidentemente, a produção de qualquer tipo de energia é cara e tem efeitos nocivos para o meio ambiente. Portanto, investir em energia eólica e solar não é uma panaceia para manter o modelo de produção e consumo que degrada a natureza e aumenta a pegada ecológica. O mundo precisa se livrar dos combustíveis fósseis, mas também precisa caminhar rumo ao decrescimento demoeconômico com redução da pegada antrópica. Como afirmou Herman Daly, “Precisamos decrescer até chegar a uma escala sustentável que, então, procuramos manter num estado estacionário. O decrescimento, assim como o crescimento, não pode ser um processo permanente” (Daily, 2011). A energia renovável pode ajudar, sem dúvida, mas será preciso renovar todo o estilo de desenvolvimento.

Referências:
Anna Leidreiter. 100% Renewable Energy – The Only Way Forward. January 8, 2013
http://theenergycollective.com/annaleidreiter/168311/100-renewable-energy-only-way-forward

John Aziz . Can Google go 100 percent renewable? November 15, 2013
http://theweek.com/article/index/252873/can-google-go-100-percent-renewable

Lisa Jackson: The road to 100% renewable. October 17, 2013
http://www.thegreenmarketoracle.com/2013/10/video-lisa-jackson-road-to-100.html

UE vai ajudar Cabo Verde a ter 100% de energias renováveis. 28 Novembro 2013
http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article94199

RMI. Bringing Clean Competitive Solar Power to Scale. Rocky Mountain Institute, 2013
http://www.rmi.org/impact_bringing_clean_competitive_solar_power_to_scale

FERRIS, David. Indian Microgrids Aim to Bring Millions Out of Darkness, e360 Yale, 16/01/2014
http://e360.yale.edu/feature/indian_microgrids_aim_to_bring_millions_out_of_darkness/2729/

ZEHNER, Ozzie. Green Illusions: The Dirty Secrets of Clean Energy and the Future of Environmentalism (Our Sustainable Future), EUA, 2012
http://www.amazon.com/Green-Illusions-Secrets-Environmentalism-Sustainable/dp/0803237758

TVERBERG, Gail. Ten Reasons Intermittent Renewables (Wind and Solar PV) are a Problem, 21/01/2014
http://ourfiniteworld.com/2014/01/21/ten-reasons-intermittent-renewables-wind-and-solar-pv-are-a-problem/#more-38749

DOLAN, Ed . Green Illusions: The Limits of Alternative Energy. December 10th, 2012
http://www.economonitor.com/dolanecon/2012/12/10/green-illusions-the-limits-of-alternative-energy/

DOLAN, Ed. The Myth of Affordable Energy — Interview with Ed Dolan. October 17th, 2012
http://www.economonitor.com/dolanecon/2012/10/17/the-myth-of-affordable-energy-interview-with-ed-dolan/

WAGNER, Gernot But Will the Planet Notice?: How Smart Economics Can Save the World, Hill and Wang, September 4, 2012
http://www.amazon.com/But-Will-Planet-Notice-Economics/dp/0809032732

DAILY, Herman. Guru da economia ecológica defende decrescimento, IHU, São Leopoldo, 2011
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/46669-guru-da-economia-ecologica-defende-decrescimento

Robert Wilson. Can You Make a Wind Turbine Without Fossil Fuels? February 25, 2014
http://theenergycollective.com/robertwilson190/344771/can-you-make-wind-turbine-without-fossil-fuels

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, Doutor em demografia e professor titular do mestrado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

EcoDebate, 26/03/2014


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11 thoughts on “100% Energia Renovável, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

  • Bom dia José Eustáquio,
    Apenas um adendo a seu artigo, perfeito, a meu ver, como sempre, a menos da questão do decrescimento e posterior estado estacionário. Falar em decrescimento e “No-growth” significa manter o PIB como referência. E, fazendo isto, cria-se uma inviabilidade. Como você bem sabe, em qualquer um dos dois casos, a taxa de lucros cai com mais ou menos velocidade, tornando-as inviáveis no atual sistema. Veja o modelo de Peter Victor. A 2ª hipótese dele chama-se “No-growth disaster”.
    Abraços,
    Christopher.

  • Complementando as informações do Prof Eustáquio, é interessante acrescentar que a China não está abandonando o carvão para abraçar as energias renováveis. Isto seria inviável. Logo ela está investindo pesadamente em energia nuclear:

    “In China, now with 15 operating reactors on the mainland, the country is well into the next phase of its nuclear power program. Some 26 reactors are under construction and many more are likely to be so in 2012. Those under construction include the world’s first Westinghouse AP1000 units, and a demonstration high-temperature gas-cooled reactor plant is due to start construction. Many more units are planned, with construction due to start within three years. But most capacity under construction is the largely indigenous CPR-1000 design. China aims at least to quadruple its nuclear capacity from that operating and under construction by 2020.”

    Fonte: http://www.world-nuclear.org/info/current-and-future-generation/plans-for-new-reactors-worldwide/

    Então a China está com mais de quarenta reatores nucleares para “adotar” as energias “renováveis”. Quantos reatores nucleares nós temos ?

    Na verdade ela está se posicionando mais como uma exportadora de turbinas eólicas e paineis solares. Ou seja, ela está fabricando não necessariamente para utilização própria, mas por que existe um nicho de mercado ocidental que por força dos acordos internacionais (COPs) deve investir neste tipo de energia que, se adotado 100% na matriz energética atual, causaria não um decrescimento, mas a completa catástrofe da civilização, que ironicamente depois seria creditada ao… aquecimento global.

    Sobre a Alemanha e as energias renováveis, seria interessante saber o que pensa um importante representante do governo:

    http://notrickszone.com/2014/03/13/germanys-vice-chancellor-starts-to-get-it-warns-germany-europe-threatened-by-high-energy-costs/

    Estamos frente a uma situação insustentável, ironicamente pensada como o caminho para a sustentabilidade. E, enquanto isto, todo o pressuposto cientifico que lecou a esta situação, faz água. Esperemos para ver.

  • JFB,

    Suas informações merecem reparos. Senão Vejamos:

    1) China

    Em termos de energia eólica a China possui uma capacidade instalada de energia eólica de cerca de 75 gigawatts (GW) e o país pretende atingir a marca de 200 GW até 2020.

    Os países da União Europeia, em comparação, têm juntos um total de 90 GW de capacidade instalada de energia eólica. Apesar de ser visto como um dos países de maior potencial na geração de energia eólica no mundo, o Brasil possui uma capacidade instalada de energia eólica de apenas 2,2 GW [ http://www.ecodebate.com.br/dBB ]

    Quase 40% do crescimento mundial de eletricidade com base em energia renovável (hidreletricidade, eólica, solar…) até 2017 estará na China, segundo um estudo publicado pela Agência Internacional de Energia (AIE).

    Isto representa cinco vezes mais que a progressão esperada nos Estados Unidos, sete vezes mais que a da Índia, oito vezes mais que a da Alemanha e 18 vezes mais que a da França.

    Dos 710 gigawatts (GW) de capacidade de produção elétrica renovável suplementar esperada até 2017, 270 gigawatts – ou seja, o equivalente a 170 dos reatores nucleares mais potentes – de represas, eólica e outros parques solares serão conectados na China. O país é seguido por Estados Unidos (56 GW), Índia (39 GW), Alemanha e Brasil (32 GW cada um).

    A hidreletricidade e a energia eólica em terra representam 90% da progressão chinesa, o resto é fotovoltaica. [ http://www.ecodebate.com.br/aO8 ]

    A energia nuclear é importante na matriz energética chinesa inclusive porque todo o processo, da produção do combustível nuclear ao resíduo radioativo, possui relevância na produção de armamento nuclear. Isto é algo raramente lembrado, a energia nuclear como ‘fábrica de munições’

    2) Alemanha

    O que pensa um importante representante do governo não se confunde com as políticas públicas do governo. O governo oficialmente e de forma pública apoia e incentiva as energias renováveis, mesmo arcando com pesados subsídios.

    Segundo a BDEW, a associação da indústria de energia e operadores de rede, a Alemanha bateu recordes na produção de energias verdes no primeiro semestre de 2012 – 67,9 bilhões de quilowatts-hora e um crescimento de quase 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. Eólica é de longe a nova fonte mais importante (9,2% de participação dentro das renováveis), seguida de biomassa (5,7%) e solar (5,3% com painéis fotovoltaicos) que é a energia que mais cresce e superou a hidrelétrica (4,0%) no suprimento da demanda. A meta alemã para produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis é de 35% em 2050. [ http://www.ecodebate.com.br/b1E ]. Os dados são de 2012, ou seja, de lá para cá os percentuais renováveis aumentaram.

    E, enfim, não dá para comparar os custos das energias limpas com os verdadeiros custos da energia fóssil

    E se é lógico falar em bilionários interesses econômicos nas energias limpas então também é lógico falar nos trilionários interesses econômicos nas energias fósseis. Sem falar nos incontáveis desastres socioambientais, poluição do ar, guerras, massacres, genocídios, corrupção, etc. A indústria do petróleo, em particular, tem um longo histórico de sangue e corrupção sistêmica.

    E, voltando aos bilionários interesses econômicos nas energias limpas e aos trilionários interesses econômicos nas energias fósseis, não é difícil entender quem tem maior poder de compra de corações e mentes.

    Um abraço,

    Henrique Cortez

  • Henrique,

    1) temos que ter a honestidade de não apenas na “capacidade instalada” mas na energia efetivamente entregue. Na eólica não passa de 30% e na solar, talvez 15%. O restante do tempo a energia é fornecida por usinas backups alimentadas por gás ou carvão. Qual a vantagem ?

    http://notrickszone.com/2014/03/25/analysis-shows-solar-modules-cause-more-greenhouse-gas-emissions-than-modern-coal-power-plants/

    2) as políticas mudam rapidamente. Vide a austrália. As mudanças começam com a admissão de que algo está errado. E esta admissão já começa a pipocar aqui e ali na Alemanha, nos EUA e UK. E, as mudanças de políticas são como um tipping point que atingem seu pico na alternancia do poder. O próximo governo se elege em cima das contradições do anterior. Em cima das políticas erradas do antecessor. Como aconteceu exatamente na Austrália, que hoje tem um governo que decidiu dizer não ao scare do aquecimento global. E um governo eleito democraticamente pelo seu povo.

    O lobby nuclear tem interesse em minar o óleo e o carvão. O lobby do gas também. Afinal, o Japão está desistindo da energia nuclear, mas o seu consumo de gas está correndo suas finanças. A Alemanha teve que beijar a mão do “Deus” carvão no ano passado e os empreendimentos de energia renovável estão quebrando todos ao redor do mundo. A realidade só é rosa aos nossos olhos dos entusiastas.

    Enfim, não é uma guerra fácil.

    Abraço

  • JFB,

    Observe que questionei as suas informações porque estavam incorretas.

    A diferença entre capacidade instalada e a oferta firme de eletricidade também ocorre na energia hidrelétrica. Tucurui é um grande exemplo. Então isto, por si só, não desqualifica as energias eólica e solar. Uma matriz energética é exatamente isto, uma matriz, com diversas fontes operando de forma sistêmica.

    Se as políticas mudam, o que é verdade, elas mudam em qualquer direção. No sentido oposto à Austrália, temos os EUA.

    Ainda não existem estudos que confirmem a afirmação de que a produção de painéis solares produz mais GEEs do que as ‘modernas’ usinas termelétricas a carvão. Pode até ser, mas ainda precisa ser confirmado.

    Qual a fonte de sua afirmação de que “os empreendimentos de energia renovável estão quebrando todos ao redor do mundo”? Quais empreendimentos e qual o peso relativo sobre o total de empreendimentos?

    Volto a dizer que as energias fósseis pode até serem ‘ótimas’ em termos econômicos e financeiros, mas são uma tragédia em termos socioambientais, direitos humanos, saúde pública, desastres ambientais, danos severos a biodiversidade, etc. É uma opção energética do final do século 19, regada a sangue, que não nos levará ao melhor futuro possivel.

    Um abraço,

    Henrique Cortez

  • Henrique,

    Até pode ser que algumas hidrelétricas não entreguem a capacidade anunciada. Mas a diferença entre a capacidade anunciada e a capacidade entregue, nas eólicas e solares é descomunal.

    Quando se pensa em todas as emissões e poluição gerada para construção de turbinas eólicas e paineis solares e seu impacto ambiental na instalação e manutenção, e coloca isto ao lado da energia efetivamente gerada, parece que estamos diante de um planeta bizarro. Lembrar que a quantidade de metais e cimento e especialmente os metais raros necessários para converter vento e sol em energia necessitam mineração pesada. A China, principal detentora dos metais raros no mundo, está sendo arrasada. A quantidade de elementos tóxicos para refinar tais metais é impressionante. Turbinas e paineis solares não brotam no campo como as propagandas na tV querem passar sublinarmente. Ao fundo uma turbina, e em primeiro plano um campo bem verdinho, uma florzinha ou uma garotinha angelical. Nada disso é verdade. A energia fóssil nos trouxe até aqui, fez dobrar a expectativa de vida, nos deu saúde e conforto. É inegável. Externalidades sabemos que todas as formas de geração de energia possuem.

    “Qual a fonte de sua afirmação de que “os empreendimentos de energia renovável estão quebrando todos ao redor do mundo”? Quais empreendimentos e qual o peso relativo sobre o total de empreendimentos?

    Nos EUA, escolha o link:

    https://www.google.com.br/search?q=green+energies+bankrupt&ie=utf-8&oe=utf-8&rls=org.mozilla:en-US:official&client=firefox-a&channel=sb&gfe_rd=ctrl&ei=G4c0U5vpL4_usgev2oG4Bw&gws_rd=cr

    e

    Na Espanha:
    https://www.google.com.br/search?q=green+energies+bankrupt+europe&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:en-US:official&client=firefox-a&channel=sb&gfe_rd=cr&ei=qoc0U8bHL4_usgev2oG4Bw#channel=sb&q=green+energies+bankrupt+spain&rls=org.mozilla:en-US:official

    Na Inglaterra, o festival de estupidez chega a ser surreal. Como proprietários de terras onde estão instaladas as turbinas receberem milhões para mante-las… paradas. Mas na Alemanha e na Inglaterra estas perdas podem acontecer pois o que eles ganham vendendo turbinas para os paises em desenvolvimento é muito maior.

    Mas estas notícias vc não encontrará na imprensa “oficial”. Isto iria prejudicar seus atuais grandes anunciantes, não é mesmo ?

    Abraço

    JFB

  • E quem quiser se aprofundar no tema, especialmente sobre a Alemanha (que é usada ad nauseum como um “exemplo” de sucesso em energia renováveis) pode ler mais nestes links:

    German Renewable Energy Act “Is An Obselete Model” That Is “Headed For Failure” Says Energy Expert –
    See more at: http://notrickszone.com/2014/03/16/german-renewable-energy-act-is-an-obselete-model-that-is-headed-for-failure-says-energy-expert/#sthash.gJuMRI6Z.dpuf

    Denmark’s Energy Minister Rasmus Petersen Plans To Scrap New Windpark Projects, Citing High Electricity Costs! –
    See more at: http://notrickszone.com/2014/03/05/denmarks-energy-minister-rasmus-petersen-plans-to-scrap-new-windpark-projects-citing-high-electricity-costs/#sthash.E0xyNeux.dpuf

    Wind energy country Denmark spying on and analyzing critical citizens

    See more at: http://notrickszone.com/2014/03/04/denmark-monitoring-and-analyzing-windpark-critical-citizens-opposition-to-windparks-growing-to-formidable-dimensions/#sthash.1vhmHAI1.dpuf

    Existem atualmente mais de 2 mil grupos anti-wind espalhados pelo mundo. Por que seria ?

    E no Brasil, quem está monitorando os efeitos os parques eólicos na fauna, especialmente pássaros, aves e morcegos ? Estes animais só morrem aos milhões nos EUA ???

  • JFB,

    Eu levo a sério as informações que divulgo e não aceito a desinformação como estratégia.

    Todas as fontes de energia possuem diferenças entre a capacidade instalada e a oferta firme. Nas hidrelétricas não é o caso de uma ou outra, mas uma regra imposta pela variação de clima. Mesmo a energia nuclear também varia. A oferta firme das eólicas vem aumentando na exata medida em que a tecnologia evolui. O mesmo para a solar. Comparar energias com tecnologia centenária com energias de tecnologia emergente é sem sentido.

    Volto a insistir, que é risível comparar os efeitos e danos das energias renováveis com os efeitos e danos das energias fósseis. Como disse antes, as energias fósseis pode até serem ‘ótimas’ em termos econômicos e financeiros, mas são uma tragédia em termos socioambientais, direitos humanos, saúde pública, desastres ambientais, danos severos a biodiversidade, etc. É uma opção energética do final do século 19, regada a sangue, que não nos levará ao melhor futuro possível.

    Questionei “Qual a fonte de sua afirmação de que “os empreendimentos de energia renovável estão quebrando todos ao redor do mundo”? Quais empreendimentos e qual o peso relativo sobre o total de empreendimentos?

    Os links que citou não demonstram que “os empreendimentos de energia renovável estão quebrando todos ao redor do mundo”. No caso dos EUA, o baixo custo da extração/produção do gás de xisto, extraído por fracking, distorceu o mercado, a ponto de estar inviabilizando até as termelétricas a carvão.

    No caso da Espanha, a questão não é diretamente ligada às energias limpas, mas a grave crise econômica da qual o país ainda está longe de se recuperar.

    Você pode considerar o blogue NoTricksZone, de Pierre L. Gosselin, uma fonte respeitável, mas não considero assim. Além disso, os links dos posts que citou não são pesquisas ou estudos científicos, publicados em revistas científicas, revisados por pares, com metodologia documentada e passível de revisão.

    Como no caso em que você insiste em citar de que a emissão de CO2 na produção/operação dos painéis fotovoltaicos é maior do que nas ‘modernas’ usinas termelétricas. Isto é citado, de acordo com o seu link, no NoTricksZone. A fonte é um artigo de um engenheiro negacionista, Ferrucio Ferroni, originalmente publicado no EIKE – Europäisches Institut für Klima und Energie, um instituto criado com objetivos negacionistas, mantido por fundos negacionistas. Saiba mais sobre esta ‘impecável’ instituição em http://www.desmogblog.com/european-institute-climate-and-energy

    O debate é sempre bem vindo, mas a desinformação não é. A desinformação apenas contribui para alimentar a confusão de conceitos e temas relacionados ao aquecimento global / mudanças climáticas. E desinformação é algo inaceitável em nossos conceitos.

    Henrique Cortez

  • Henrique, se vc leva a sério a confiabilizade das informações que vc publica neste site, então não deveria ter publicado isto, por exemplo:

    http://www.ecodebate.com.br/2014/03/25/fenomenos-extremos-de-2013-sao-coerentes-com-o-aquecimento-global-diz-relatorio-da-omm/

    Já que as afirmações do presidente da OMM conseguem contradizer até o que o IPCC publicou neste último relatório.

    Exisgir que toda a informação publicada por leitores aqui seja revisada por pares é contraditório com o fato de que, das 18.531 referências que embasaram o relatório do IPCC de 2007, 5.587 não eram revisada por pares (gray literature). Isto, apesar de o engenheiro ferroviário, charmain do IPCC Rajendra Pachauri ter garantido que o IPCC só se apoiava no “padrão-ouro” da ciência. Foi desmascarado por uma jornalista canadense chamada Dona Laframboise, que publicou isto no seu livro The Delinquent Teenager (um sucesso de vendas e muito bem avaliado pelos seus leitores). Seu site é também um sucesso: http://nofrakkingconsensus.com/

    Precisamos discutir o conceito de “site respeitável” ou “site confiável”. Em regra, os confiáveis e respeitáveis são aqueles que apoiam o meu discurso. Aqueles que contradizem, não são respeitáveis ou confiáveis, não ?

    O Desmoblog, por exemplo, está abaixo do que eu chamaria de confiável ou respeitável. Assim como outros (Sceptical Science, Forecastthefacts, thik progress e outros) este site foi colocado no ar para denegrir, difamar e intimidar aqueles que não concordam com o alarmismo climático.

    Então, vc tem as suas fontes confiaveis, e eu tenho as minhas.

  • JFB,

    Isto está cansativo e inútil, além de ter passado dos limites.

    A OMM é uma instituição internacional reconhecida. Seus informes são e serão publicados no EcoDebate e em qualquer veículo de comunicação.

    Citei o Desmoblog pela primeira vez, porque ele apenas foi usado para rastrear a origem do artigo que você reiteradas vezes citou e foi publicado no EIKE – Europäisches Institut für Klima und Energie, um instituto criado com objetivos negacionistas.

    Você insiste em desqualificar o que o EcoDebate publica, os autores, as fontes e tudo mais. Isto há anos…

    OK. Já está na hora de você buscar outra fonte de notícias ou criar um bloque em que possa expressar apenas o seu ponto de vista.

    Henrique Cortez

Fechado para comentários.