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Contaminação do solo no Sudeste preocupa órgãos ambientais

Jardim das Oliveiras, área contaminada com residuos industriais em São Bernardo do Campo. Foto CETESB
Jardim das Oliveiras, área contaminada com residuos industriais em São Bernardo do Campo. Foto CETESB

“Nesta terra, em se plantando tudo dá”, dizia a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, primeiro documento escrito no País. Com a urbanização e o desenvolvimento industrial despreocupado com os recursos naturais, a frase já não é mais verdadeira em algumas partes do País. No Sudeste, região mais industrializada, a situação preocupa os órgãos responsáveis. No Estado de São Paulo, mais de 2,5 mil locais integram o cadastro de áreas com contaminação de solo da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). O número cresceu 10% em relação ao último levantamento, de novembro de 2007. Em Minas Gerais, o número é bem menor: 56 áreas. O Rio de Janeiro informou ter ações pontuais, mas não possui um levantamento sobre o assunto. Matéria de Hermano Freitas, no Portal Terra.

O promotor do Meio Ambiente de São Paulo, José Ismael Lutti, afirma que áreas consideradas contaminadas contém resíduos sólidos de metais pesados como chumbo, cromo e cádmio, ou líquidos, como derivados de petróleo. O material contamina os lençóis freáticos (córregos subterrâneos) e é absorvido pelas plantas que crescem na terra envenenada. Estes resíduos podem intoxicar animais e seres humanos pelo contato com a pele e a ingestão.

Em alguns locais onde a contaminação é maior, até a inalação de vapores emanados pelo solo pode envenenar pessoas com menos resistência, como crianças e idosos.

– Seu efeito é cumulativo e cada pessoa reage à intoxicação de uma forma. Em algumas, pode haver cirrose hepática e até câncer – diz o promotor.

Segundo o gerente do setor de Planejamento e Ações Especiais da Cetesb, Elton Gloeden, o crescimento nas áreas de solo contaminado conhecidas é contínuo desde 2001, ano em que o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) que determinou a fiscalização ambiental pelos Estados. Segundo a Cetesb, houve oito atualizações desde então: 255 áreas em 2002, 727 em 2003, 1.336 em 2004, 1.504 em maio de 2005, 1.596 em novembro de 2005, 1.664 em maio de 2006, 1.822 em novembro de 2006, 2.272 em novembro/2007, e agora 2.514 em novembro de 2008, o dado mais recente.

– O aumento é devido principalmente à ação de licenciamento dos postos de combustíveis que precisam apresentar documentos e laudos relativos à estanqueidade dos tanque -, diz Gloeden. Os postos de gasolina respondem por cerca de 78% dos locais com solo contaminado no Estado.

Procurado, o sindicato que representa os donos de postos de gasolina em São Paulo (Sincopetro) afirmou que nem todos os postos de combustíveis poluem. De acordo com a entidade, existe há 12 anos uma câmara para discutir os danos ambientais causados pela atividade. O Sincopetro ainda comparou os passivos ambientais dos postos ao de “qualquer indústria”.

Mina abandonada

O principal poluidor do solo em Minas Gerais também é o ramo dos postos de combustíveis. Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam), dos 56 pontos de solo contaminado, 55 são locais onde estão ou estavam instalados postos de combustíveis. A substância química presente nestes locais é o hidrocarboneto.

– Esta é a primeira lista e marca o início das ações da Feam para o gerenciamento das áreas contaminadas no Estado de Minas Gerais – disse a autora do estudo, Rosângela Gurgel.

Chama atenção que a única área contaminada conhecida que não tem relação com postos de combustível seja uma mina do século XIX na cidade de Descoberto, na Zona da Mata. Segundo a Feam, neste local a contaminação é devida a grandes quantidades de mercúrio.

Rio

A Secretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro disse ter elaborado em março deste ano o Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Segundo a pasta, o plano prevê a elaboração de um diagnóstico sobre a gestão de resíduos, da coleta à destinação e tratamento, além dos equipamentos disponíveis nos municípios.

Ainda de acordo com a secretaria, será feito um estudo de regionalização que irá propor as melhores alternativas para a formação de consórcios para gestão de resíduos, incluindo os municípios que irão sediar novos aterros sanitários. Atualmente, há 10 aterros sanitários no Estado.

Colaborou Ney Rubens, de Belo Horizonte.

* Matéria do Portal Terra, 18 de abril de 2009 • 18h40 • atualizado às 18h40

** Enviada por Edinilson Takara, leitor e colaborador do EcoDebate

[EcoDebate, 20/04/2009]

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