EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Pesquisa identifica que índice de massa corporal (IMC) alto aumenta as taxas de mortalidade

IMC

Pesquisa feita na Universidade de Oxford com dados de 900 mil pessoas conclui que cada 5 kg/m² a mais no índice de massa corporal resulta em aumento de um terço na mortalidade

Uma análise de 57 estudos feitos na Europa e Estados Unidos com quase 900 mil pessoas revelou que um índice de massa corporal (IMC) alto leva a um aumento nas taxas de mortalidade.

O trabalho considerou o IMC ideal entre 22,5 e 25 kg/m² – o coeficiente é calculado ao se dividir o peso (em quilos) pela altura ao quadrado (em metro). Segundo o estudo, acima do valor máximo ideal, cada 5 kg/m² extra resulta em um aumento de cerca de um terço na mortalidade geral. Matéria da Agência FAPESP, com informações complementares do EcoDebate.

A pesquisa, coordenada por Richard Peto e Gary Whitlock, da Colaboração de Estudos Prospectivos da Universidade de Oxford, no Reino Unido, foi publicada nesta quarta-feira (18/3) no site e sairá em breve na edição impressa da revista médica The Lancet.

Entre as conclusões está que a obesidade moderada, ou sobrepeso (IMC entre 30 e 35), é bastante comum estatisticamente, mas tem apenas um terço do efeito do hábito de fumar na mortalidade. Enquanto isso, a obesidade severa (IMC de 40 a 50), apesar de mais rara, tem efeito semelhante ao cigarro na mortalidade.

Os pesquisadores analisaram a relação entre IMC e o risco de morte por conta de diversos problemas de saúde. A idade média dos envolvidos ficou em 46 anos, com homens representando 61% do total.

Nos dois sexos, a mortalidade se mostrou menor no IMC considerado ideal. Cada 5 kg/m² adicional representou um aumento de: 40% na mortalidade por doenças do coração, derrame e outros problemas vasculares; 60% a 120% para diabetes e doenças no fígado e rins; 10% em relação ao câncer; e 20% de aumento para indivíduos com doenças pulmonares.

A obesidade moderada reduziu a expectativa de vida entre dois e quatro anos. A diminuição foi de oito a dez anos para casos de obesidade severa ou mórbida.

Foi observado também um aumento na mortalidade em indivíduos com IMC abaixo do considerado ideal, mas os cientistas destacam que será preciso novo estudo para entender melhor tal relação, que não foi o objetivo da presente pesquisa.

“A conclusão é simples: excesso de peso diminui a expectativa de vida. Em países como a Inglaterra e os Estados Unidos, pesar um terço a mais do que o ideal diminui a expectativa média de vida em três anos”, disse Whitlock.

“Para a maioria das pessoas, esse um terço significa carregar de 20 a 30 quilos a mais de excesso de peso. É mais fácil evitar o ganho de peso do que perdê-lo depois que o excesso já está presente. Evitar atingir um IMC de 32 kg/m² pode representar alguns anos a mais de vida”, disse.

O artigo “Body-mass index and cause-specific mortality in 900 000 adults: collaborative analyses of 57 prospective studies” pode ser lido por assinantes da The Lancet em www.thelancet.com. Abaixo transcrevemos o abstract.

Body-mass index and cause-specific mortality in 900 000 adults: collaborative analyses of 57 prospective studies

Summary

Background
The main associations of body-mass index (BMI) with overall and cause-specific mortality can best be assessed by long-term prospective follow-up of large numbers of people. The Prospective Studies Collaboration aimed to investigate these associations by sharing data from many studies.

Methods
Collaborative analyses were undertaken of baseline BMI versus mortality in 57 prospective studies with 894 576 participants, mostly in western Europe and North America (61% [n=541 452] male, mean recruitment age 46 [SD 11] years, median recruitment year 1979 [IQR 1975—85], mean BMI 25 [SD 4] kg/m2). The analyses were adjusted for age, sex, smoking status, and study. To limit reverse causality, the first 5 years of follow-up were excluded, leaving 66 552 deaths of known cause during a mean of 8 (SD 6) further years of follow-up (mean age at death 67 [SD 10] years): 30 416 vascular; 2070 diabetic, renal or hepatic; 22 592 neoplastic; 3770 respiratory; 7704 other.

Findings
In both sexes, mortality was lowest at about 22·5—25 kg/m2. Above this range, positive associations were recorded for several specific causes and inverse associations for none, the absolute excess risks for higher BMI and smoking were roughly additive, and each 5 kg/m2 higher BMI was on average associated with about 30% higher overall mortality (hazard ratio per 5 kg/m2 [HR] 1·29 [95% CI 1·27—1·32]): 40% for vascular mortality (HR 1·41 [1·37—1·45]); 60—120% for diabetic, renal, and hepatic mortality (HRs 2·16 [1·89—2·46], 1·59 [1·27—1·99], and 1·82 [1·59—2·09], respectively); 10% for neoplastic mortality (HR 1·10 [1·06—1·15]); and 20% for respiratory and for all other mortality (HRs 1·20 [1·07—1·34] and 1·20 [1·16—1·25], respectively). Below the range 22·5—25 kg/m2, BMI was associated inversely with overall mortality, mainly because of strong inverse associations with respiratory disease and lung cancer. These inverse associations were much stronger for smokers than for non-smokers, despite cigarette consumption per smoker varying little with BMI.

Interpretation
Although other anthropometric measures (eg, waist circumference, waist-to-hip ratio) could well add extra information to BMI, and BMI to them, BMI is in itself a strong predictor of overall mortality both above and below the apparent optimum of about 22·5—25 kg/m2. The progressive excess mortality above this range is due mainly to vascular disease and is probably largely causal. At 30—35 kg/m2, median survival is reduced by 2—4 years; at 40—45 kg/m2, it is reduced by 8—10 years (which is comparable with the effects of smoking). The definite excess mortality below 22·5 kg/m2 is due mainly to smoking-related diseases, and is not fully explained.

Funding
UK Medical Research Council, British Heart Foundation, Cancer Research UK, EU BIOMED programme, US National Institute on Aging, and Clinical Trial Service Unit (Oxford, UK).

[EcoDebate, 20/03/2009]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta que envie um e-mail para newsletter_ecodebate-subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.