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Ministério da Ciência e Tecnologia abandona informações de projetos ligados ao mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL)

Uma visita ao site do Ministério da Ciência e Tecnologia pode dar a medida do compasso de espera, quase abandono, das questões ligadas ao mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) no âmbito do Protocolo de Kyoto, acordo mundial para redução de emissões de gases que provocam o aquecimento global. A posição dos projetos de MDL em todo o mundo, que tinha atualização quinzenal ou mensal está parada desde setembro de 2008, coincidindo com o início da crise financeira mundial. As informações sobre número de projetos aprovados (198) pararam em 23 de janeiro.

O MDL é o mecanismo pelo qual países que não têm metas obrigatórias de redução de emissão de gases-estufa podem participar do processo, desenvolvendo formas de produção menos agressivas ao meio ambiente, com a redução de emissão de dióxido de carbono (CO2) e outros gases como metano. O investimento em projetos limpos pode ser financiado no todo ou em parte pela venda dos chamados créditos de carbono, correspondentes a uma tonelada evitada de CO2 ou seu equivalente nos demais gases de efeito estufa. Os créditos são vendidos aos países desenvolvidos que se comprometeram com metas de redução de emissões. Matéria de Roberto do Nascimento, no DiárioNet, 06/03/2009. l

Desde a crise, os créditos de carbono, que num primeiro momento resistiram à tragédia financeira iniciada pela especulação e pelos crimes de colarinho-branco nos Estados Unidos, despencaram. As reduções certificadas de emissões (RCEs), resultantes dos MDLs caíram de 19,20 euros em setembro, quando a Prefeitura de São Paulo leiloou seus créditos referentes à não emissão de metano em aterros sanitários da cidade, para 7,61 euros no mês passado.

A queda de 60% afeta de forma importante os investimentos em projetos de produção limpa, porque o retorno na forma de créditos fica bastante prejudicado. Apenas a titulo de comparação, o leilão da prefeitura de São Paulo, que rendeu cerca de R$ 37 milhões, ajudando a financiar os investimentos em captura e transformação do gás metano dos aterros em energia, hoje daria pouco mais de R$ 16 milhões, isto, claro, se houvesse compradores interessados.

Some-se a isso o desinteresse ou desinformação dos empresários sobre o MDL. Pesquisa realizada pela PricewaterhouseCoopers e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio mostra que, de 136 grandes organizações, 83% delas não realizaram, sequer, inventário de emissões de gases-estufa.

Com o fluxo de informações paralisado até mesmo dentro do governo, o último levantamento indica que o Brasil segue em terceiro lugar no número de projetos de MDL (318) e a expectativa de evitar a emissão de 322 milhões de toneladas de CO2 equivalente. China (que disputa com os Estados Unidos a condição de maior poluidor do mundo) e Índia ocupam a liderança e o segundo lugar em MDLs.

* Enviada por Edinilson Takara, leitor e colaborador do EcoDebate.

[EcoDebate, 07/03/2009]

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