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Meninos de até 4 anos são os mais vulneráveis a intoxicações não intencionais no Rio

(Foto: Romero Mendonça/Governo do ES)
Em 55% dos casos havia citações dos prováveis fatores determinantes, como produto ao alcance de crianças e armazenamento em frasco inadequado causando confusão (Foto: Romero Mendonça/Governo do ES)

Um estudo divulgado na última edição da revista Cadernos de Saúde Pública, que analisou informações sobre esses eventos registradas nos dois Centros de Controle de Intoxicações (CCIs) da cidade do Rio de Janeiro, mostra que meninos de até 4 anos de idade são a parte da população carioca mais vulnerável a intoxicações não intencionais, principal causa de atendimento de emergência pediátrica, sendo a via de exposição mais frequente a oral. Feita por pesquisadores do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, a análise verificou 2.810 registros.

A pesquisa teve como base produtos que costumam serem usados em domicílios para limpeza, como detergentes, inseticidas ou água sanitária. O exame dos registros, que incluiu fichas de indivíduos entre 18 dias e 91 anos, apontou que em 83,7% dos casos a identificação dos produtos não era adequada, sendo 81,3% destes classificados como ‘produto químico industrial’. “O produto não foi corretamente identificado, impedindo que ações de vigilância sanitária – como, por exemplo, inspeção à indústria, coleta do produto para verificar se satisfaz às normas de segurança preconizadas para aquela categoria, ou até mesmo revisão das normas específicas que o regulamentam – pudessem ter sido realizadas”, explicam os pesquisadores. “O fato de identificar apenas a marca também é crítico para os CCIs, uma vez que, para a orientação dos primeiros-socorros, principalmente em casos de ingestão, é imprescindível a identificação da substância”.

A via de exposição pode ser observada em quase todas as fichas analisadas, sendo a mais frequente a oral (90,4%), seguida da inalatória (4,3%), cutânea (2,4%) e ocular (2%). Outro dado encontrado foi que em 44,2% dos registros não havia nenhum tipo de informação que possibilitasse a identificação da causa do acidente. No entanto, em 55,8% das fichas havia citações dos prováveis fatores determinantes, como produto ao alcance de crianças e armazenamento em frasco inadequado causando confusão com refrigerantes ou água.

“A identificação do fator determinante daquele evento é imprescindível para que medidas preventivas possam ser implementadas”, comentam os pesquisadores. “A informação de que a circunstância foi um acidente individual ou coletivo reflete apenas o número de pessoas acometidas pelo evento, mas não esclarece qual foi a causa do acidente, nem possibilita diferenciar se o mesmo foi encadeado por uma característica do produto, comportamento inadequado da população ou ambos”. Além disso, em 36,2% dos registros não havia informação do desfecho do caso. “Uma das opções existentes na ficha de notificação para a evolução dos casos é a ocorrência de seqüelas, mas esta não foi assinalada em nenhum dos casos estudados, nem mesmo quando o produto envolvido era corrosivo”, destacam os estudiosos.

“Os sistemas de informação em saúde devem ser fonte de informações confiáveis e válidas, para que possam ser utilizadas pelos sistemas de vigilância sanitária a fim de reduzir morbidade e mortalidade na população”, alertam os pesquisadores. “Há necessidade de revisar as definições adotadas pelos CCIs para que as informações geradas possam ser efetivas em subsidiar ações e políticas de vigilância sanitária”.

* Matéria de Renata Moehlecke, da Agência Fiocruz de Notícias.

Nota do EcoDebate: sobre este mesmo tema sugerimos que leiam, também, “A contaminação química cotidiana” e “O outro lado da moeda: a face ’suja’ dos produtos de limpeza, artigo de Carol Salsa

[EcoDebate, 05/03/2009]

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