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Pesquisa afirma que reduzir o consumo de carne pode ajudar a combater o aquecimento global

consumo de carne

A dieta do clima: Coma menos carne e combata o aquecimento.

Das centenas de dietas criadas nos últimos anos esta, certamente, é a mais politicamente correta de todas: siga seus preceitos e ajude a salvar o planeta do aquecimento global. De quebra, ganhe uma vida mais saudável e, quem sabe, alguns quilos a menos. É a dieta com baixos teores de carne vermelha, no máximo 400 gramas por semana. Matéria do jornal O Globo, 11/02/2009, com informações complementares do EcoDebate.

Se for adotada no mundo todo, calculam especialistas, a redução de emissões de gases-estufa seria da ordem de 10%, uma economia de nada menos que US$ 20 trilhões nos custos do combate às mudanças climáticas — cerca da metade do valor total necessário para tal tarefa em 2050.

A diminuição da criação de animais seria uma forma natural de diminuir as emissões e reduzir os investimentos em outras formas mais caras de combate aos poluentes.

O estudo [Climate benefits of changing diet] realizado por especialistas da Agência de Impacto Ambiental da Holanda concluiu que os hábitos alimentares modernos — calcados numa dieta muito rica em carne vermelha — têm um impacto significativo no aquecimento do planeta.

E a redução do consumo de carne bovina, de porco, de frango e ovos criaria um novo sorvedouro de dióxido de carbono.

Pode não parecer óbvio de imediato, mas a criação extensiva de animais tem um grande impacto no clima. Em primeiro lugar, porque quanto mais a dieta global for baseada no consumo de carne, maior terá que ser a criação e, portanto, a área que deixaria de ser ocupada por vegetação — que, naturalmente, absorve carbono.

A flatulência dos bois e o metano

Além disso, para alimentar os animais, há uma ampliação no cultivo de grãos, o que geralmente demanda o uso de energia geradora de emissões poluentes. Para se ter uma ideia, a produção de um único quilo de carne bovina demanda o gasto de 15 quilos de grãos e 30 quilos de forragem.

Por último, mas não menos importante, há a questão da flatulência.

O principal gás expelido pelos extensos rebanhos mundiais é o metano — um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.

O grupo responsável pelo novo estudo, coordenado por Elke Stehfest, calculou o impacto do consumo de carne no custo da estabilização dos níveis de CO2 na atmosfera em 450 partes por milhão — um padrão que, segundo muitos cientistas, é necessário para prevenir graves alterações climáticas, como secas frequentes e elevação do nível dos mares.

Se os hábitos alimentares não se alterarem, em 2050, para alcançar esse nível de dióxido de carbono, as emissões teriam que ser reduzidas em dois terços , o que custaria aproximadamente US$ 40 trilhões.

Mas, se a população mundial passar a seguir uma dieta pobre em carne vermelha — definida como 70 gramas de carne bovina e 325 gramas de frango e ovos por semana — cerca de 15 milhões de quilômetros quadrados de área ocupada pela criação de animais seria liberada para vegetação.

As emissões de gases do efeito estufa seriam reduzidas em 10% com a queda do número de animais. Juntos, esses impactos reduziriam em 50% os custos do combate às mudanças climáticas em 2050.

Os cientistas sugerem que, para ajudar os consumidores, o custo ambiental da carne — ou o volume de emissões de CO2 e metano por porção — seja incluído nos rótulos.

Nota do Ecodebate: O artigo “Climate benefits of changing diet“, publicado na revista Climatic Change (DOI: 10.1007/s10584-008-9534-6), apenas está disponível para assinantes. Abaixo transcrevemos o abstract e o release dos pesquisadores.

Elke Stehfest1 Contact Information, Lex Bouwman1, 2, Detlef P. van Vuuren1, Michel G. J. den Elzen1, Bas Eickhout1 and Pavel Kabat2
(1) Netherlands Environmental Assessment Agency, Global Sustainability and Climate, P.O. Box 303, 3720 AH Bilthoven, The Netherlands
(2) Earth System Science and Climate Change Group, Wageningen University Research Centre (WUR), P.O. Box 47, 6700 AA Wageningen, The Netherlands

Received: 11 April 2008 Accepted: 24 October 2008 Published online: 4 February 2009

Abstract Climate change mitigation policies tend to focus on the energy sector, while the livestock sector receives surprisingly little attention, despite the fact that it accounts for 18% of the greenhouse gas emissions and for 80% of total anthropogenic land use. From a dietary perspective, new insights in the adverse health effects of beef and pork have lead to a revision of meat consumption recommendations. Here, we explored the potential impact of dietary changes on achieving ambitious climate stabilization levels. By using an integrated assessment model, we found a global food transition to less meat, or even a complete switch to plant-based protein food to have a dramatic effect on land use. Up to 2,700 Mha of pasture and 100 Mha of cropland could be abandoned, resulting in a large carbon uptake from regrowing vegetation. Additionally, methane and nitrous oxide emission would be reduced substantially. A global transition to a low meat-diet as recommended for health reasons would reduce the mitigation costs to achieve a 450 ppm CO2-eq. stabilisation target by about 50% in 2050 compared to the reference case. Dietary changes could therefore not only create substantial benefits for human health and global land use, but can also play an important role in future climate change mitigation policies.

Contact Information Elke Stehfest
Email: Elke.Stehfest@pbl.nl

Release: Eating less meat could cut climate costs

Cutting back on beefburgers and bacon could wipe $20 trillion off the cost of fighting climate change. That’s the dramatic conclusion of a study that totted up the economic costs of modern meat-heavy diets.

The researchers involved say that reducing our intake of beef and pork would lead to the creation of a huge new carbon sink, as vegetation would thrive on unused farmland.

The model takes into account farmland that is used to grow extra food to make up for the lost meat, but that requires less area, so some will be abandoned. Millions of tonnes of methane, a potent greenhouse gas, would also be saved every year due to reduced emissions from farms.

These impacts would lessen the need for expensive carbon-saving technologies, such as “clean coal” power plants, and so save huge sums, say Elke Stehfest of the Netherlands Environmental Assessment Agency and colleagues.
Flatulent feeders

Climate-change experts have warned of the high carbon cost of meat for several years.

Beef is particularly damaging. Methane, a potent greenhouse gas, is released from flatulent cows and by manure as it decays. Furthermore, to produce a kilogram of beef (2.2 pounds), farmers also have to feed a cow 15 kg of grain and 30 kg of forage. Grain requires fertiliser, which is energy intensive to produce.

Stehfest has now weighed the economic impact of beef and other meats against the cost of stabilising carbon dioxide levels at 450 parts per million – a level that some scientists say is needed to help prevent dangerous droughts and sea level rises.

If eating habits do not change, Stehfest estimates that emissions would have to be cut by two-thirds by 2050, which is likely to cost around $40 trillion.

If, however, the global population shifted to a low-meat diet – defined as 70 grams of beef and 325 grams of chicken and eggs per week – around 15 million square kilometres of farmland would be freed up. Vegetation growing on this land would mop up carbon dioxide. It could alternatively be used to grow bioenergy crops, which would displace fossil fuels.
Supermarket labels

Greenhouse gas emissions would also fall by 10% due to the drop in livestock numbers, she calculates. Together, these impacts would halve the costs of dealing with climate change by 2050.

To help consumers, the environmental cost of meat, in terms of carbon emissions per portion, could also be included in the purchase price, says Stehfest.

The costs sound about right, says Raymond Desjardins of Agriculture and Agri-Food Canada. However, it may be unfair to compare future farms to current ones, he adds.

[EcoDebate, 13/02/2009]

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