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Manchas de óleo ameaçam o equilíbrio de reserva litorânea em Sergipe, diz Ibama

 

Manchas Reserva
Ibama confirma placas de óleo ao longo de 17 quilômetros de areia na praia da Reserva Biológica de Santa Isabel, em Sergipe. Foto:  Banco de Imagens/Ibama
 

Um paraíso para as tartarugas olivas pode estar ameaçado no litoral de Sergipe.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) confirmou a presença de placas de óleo ao longo de 17 quilômetros de areia na praia da Reserva Biológica de Santa Isabel, em Pirambu, Sergipe. A vistoria do órgão foi feita na última quarta-feira (17), após o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), gestor da reserva, receber um comunicado oficial da Petrobras sobre a presença de óleo na areia.

A quantidade e a origem do óleo ainda são desconhecidas. Segundo o Ibama, as placas de petróleo têm até 15×15 centímetros aproximadamente. Os técnicos coletaram amostras do material, também encontrado ao longo do litoral entre a foz dos rios Japaratuba e Sergipe.

De acordo com o instituto, técnicos ambientais fizeram um sobrevoo na região ontem (18) e não identificaram  manchas no mar. Outras vistorias devem ser feitas na costa nos próximos dias.

O estado de Sergipe tem grande concentração de plataformas de produção petrolífera. São 25 instalações em 163 quilômetros de costa, todas da Petrobras.

A estatal informou não ter identificado anomalia nos campos de petróleo próximos, portanto a mancha é considerada “órfã” até que os testes identifiquem a origem. Segundo especialistas, o óleo também pode ter vazado ou ter sido liberado por navios em alto mar e chegado até o litoral brasileiro.

Ameaça ambiental

A Reserva Ambiental de Santa Isabel tem 45 quilômetros de extensão, com praias desertas, lagoas, manguezais e dunas com vegetação de restinga. O local preserva o ecossistema litorâneo e abriga a mais importante área de reprodução das tartarugas olivas no país. Até a manhã desta sexta-feira (19), uma tartaruga foi encontrada morta, mas ainda não é possível afirmar a causa da morte. O animal foi encaminhado para necrópsia.

O coordenador do projeto Tamar na região, Cesar Coelho, está preocupado com o impacto do óleo nos ninhos de tartaruga. Ele está acompanhando as ações de coleta e monitorando possíveis impactos aos ecossistemas. “A maior concentração de óleo chegou justamente onde há a maior quantidade de ovos de tartarugas. Se os filhotes nascerem, e estamos na época, provavelmente vão morrer”, disse.

O Tamar atua há 25 anos na área e acompanha o período de desova, que vai de setembro a março. “De setembro a dezembro, as fêmeas botam os ovos. De dezembro a março, os filhotes nascem. Estamos no pico dos nascimentos”, lamentou. Coelho disse que ainda é cedo para estimar o estrago.

Sobre as providências para lidar com o problema, o Ibama informou que acionou a Marinha e a Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP), em cumprimento ao Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo (PNC). Até o momento, foram coletados 5 metros cúbicos de resíduos contaminados por óleo.

Cesar Coelho contou que a Petrobras está com equipes na reserva fazendo a limpeza da praia, recolhendo o material e levando para estações de tratamento da empresa. “As áreas com maior concentração já tiveram o óleo recolhido, mas não sai tudo”, informou. Por exigência do Ibama, a Petrobras monitora a região para evitar contaminações e danos ambientais.

 

Por Maiana Diniz, da Agência Brasil, in EcoDebate, 22/02/2016

 

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