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Ativistas alemães protestam contra apoio à construção de Angra 3

Centrais atômicas em Angra dos Reis, Rio de Janeiro
Centrais atômicas em Angra dos Reis, Rio de Janeiro

Movimento critica fiança assegurada pelo governo alemão ao projeto brasileiro de Angra 3, que terá participação da Siemens. Ativistas afirmam ter 125 mil assinaturas de pessoas contrárias ao financiamento.

Ambientalistas alemães protestaram na manhã desta quinta-feira (06/07), em frente à chancelaria federal alemã, em Berlim, contra a já prometida fiança para a construção da usina nuclear de Angra 3.

Os ativistas das organizações Urgewald e Campact pretendiam entregar um abaixo-assinado ao ministro alemão da Economia, Philipp Rösler, mas não foram recebidos. Segundo eles, foram reunidas 125 mil assinaturas.

O abaixo-assinado é contrário à garantia de crédito de 1,3 bilhão de euros que o governo alemão prometeu à Siemens. A empresa tem participação na companhia que vai construir Angra 3, a Areva. Ao oferecer o seguro, a Alemanha sinaliza que pagaria os prejuízos, caso o governo brasileiro não arque com seus compromissos.

“Apesar da recusa de hoje, nós escrevemos para o ministro para reforçar que queremos entregar as assinaturas e pedimos o agendamento de uma reunião”, disse Regine Richter, da Urgewald.

“Moral dúbia”

Sobre a mobilização que o assunto – pouco discutido entre a população brasileira – causou na Alemanha, Richter disse que os alemães têm essa peculiaridade, incomum também em outros países europeus, se de oporem fortemente à energia atômica.

“Nós somos contra essa moral alemã dúbia. O país não pode decidir que vai abandonar suas usinas atômicas e ser o fiador de projetos atômicos no exterior”, argumentou a ativista. O financiamento estaria congelado porque os bancos franceses que participam do projeto teriam pedido uma análise de segurança antes da emissão do crédito.

As duas organizações que chamam a atenção para o apoio contraditório à usina nuclear brasileiro movem diversas ações contra créditos de exportação para o que elas chamam de “projetos sujos” fora da Alemanha.

O ambientalista brasileiro Sérgio Dialetachi, colaborador das ONGs alemãs, afirmou que, paralelamente, o assunto está sendo debatido com líderes dos partidos no Parlamento alemão.

No Brasil

Nesta terça-feira, a Ordem dos Advogados no Brasil pediu ao Superior Tribunal Federal (STF) que impeça a construção de Angra 3. Segundo a argumentação do órgão de classe, o projeto fere a Constituição brasileira

Uma ação no STF demandaria uma discussão no Congresso Nacional e a confecção de uma lei que autorize a construção da terceira unidade atômica brasileira. Caso essa possibilidade se efetive, o debate entre os parlamentares levaria até três anos, o que implicaria atrasos e possível aumento nos custos do projeto. “A garantia do governo alemão, neste caso, cobriria qualquer eventual prejuízo que a Areva-Siemens poderia ter no futuro”, analisou Dialetachi.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Alexandre Schossler

Reportagem da Agência Deutsche Welle, DW, publicada pelo EcoDebate, 07/07/2011

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