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Segundo Carlos Nobre, critérios para definir APPs em áreas urbanas podem evitar ocupação em zonas de risco de desastres

O secretário de Políticas e Programas do Ministério da Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre, defendeu ontem que o novo Código Florestal trate especificamente das Áreas de Preservação Permanente (APP) localizadas em zonas urbanas. “O recurso é extremamente importante para evitar desastres naturais. É preciso pensar na proteção da vida”, disse ele, em audiência pública no Senado para discutir o Código. Reportagem de Lígia Formenti, em O Estado de S.Paulo.

Critérios específicos para definir as APPs em áreas urbanas poderiam evitar a ocupação em zonas de risco de desastres, afirma Nobre. Uma ferramenta que, caso já estivesse em prática, poderia ter evitado uma série de desastres registrados no Brasil nos últimos anos. Entre eles, a inundação em 2008 do Rio Itajaí (SC), que matou pelo menos 88 pessoas e desabrigou 80 mil, e a tragédia na região serrana do Rio, em janeiro, com 800 mortes.

“Hoje a ciência dispõe de uma série de recursos para avaliar quais áreas são mais suscetíveis. Com base nesses dados, seria possível nortear melhor as áreas que não podem ser ocupadas”, disse. A versão do Código aprovada na Câmara não faz nenhuma referência a APPs em cidades.

Nobre lembrou que parâmetros de segurança na área urbana são diferentes daqueles na zona rural, daí a necessidade de critérios para cada uma das regiões.

O secretário reconheceu que a estrutura existente no Brasil para evitar desastres naturais está longe de ser ideal. “Entre a população, havia a ideia de que o País estava livre do problema”, comentou. Os números demonstram o quanto esse julgamento estava incorreto.

As tragédias ocorridas nos últimos anos levam o Brasil a ocupar o sexto lugar no ranking de países com maior número de vítimas em desastres naturais – 2,5 mortes a cada 1 milhão de habitantes. E, diante de mudanças climáticas, a perspectiva não é nada animadora. “As vazões são maiores nas épocas das cheias, por exemplo.”

Cientistas

Durante a audiência realizada ontem foram ouvidos integrantes da comunidade científica e representantes do Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura e o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

A necessidade de se adotar mecanismos de incentivo econômico para proprietários de terras em APPs foi reforçada ontem. “É preciso transformar o passivo, o ônus, como hoje é considerada essa área, em ativo”, defendeu o senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

EcoDebate, 07/07/2011

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One thought on “Segundo Carlos Nobre, critérios para definir APPs em áreas urbanas podem evitar ocupação em zonas de risco de desastres

  • Pequenas e grandes cidades são entremeadas com cursos de água, esses, anteriormente dotados de APPs. Ora, o que impede aos governos das cidades em preservar essas áreas? “O avanço e a especulação imobiliária”. Na hipótese de um milagre, se algum governo tomasse a iniciativa de implantar ou revitalizar as APPs urbanas, em breve teríamos cidades com enormes corredores ecológicos. Obs.: há comentários que milagres existem, mas nesse caso me comportaria como São Thomé.

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