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Artigo

As boas notícias, artigo de Montserrat Martins

[EcoDebate] O melhor do Natal é que coisas boas e simples, gestos de afeto e de solidariedade, nessa época são divulgados. Porque só nessa época? Uma regra da comunicação é que só é notícia o que é diferente, “se um cachorro morder uma pessoa não é notícia, se uma pessoa morder um cachorro, é”.

Os fatos positivos não são “notícias” porque, teoricamente, seriam o “normal” – ser honesto não é um fato jornalístico, roubar é que é. Porto Alegre tem mais de 670 mil veículos registrados circulando em suas ruas, é quase um milagre que o trânsito ainda funcione na capital (ou melhor, requer muito trabalho de planejamento viário), mas só irá ao ar alguma informação sobre esse assunto quando acontecerem congestionamentos.

Então, por convenção, se estabeleceu que no Natal é válido descobrir histórias de pessoas ajudam outras anonimamente, voluntariamente, que vão às regiões mais desassistidas da periferia levar ajuda, ranchos, presentes para as crianças. Somente no reinado de Papai Noel, enfim, se considera como válido dar boas notícias. O estranho nesse hábito cotidiano – de que durante o ano todo prevalecem as informações negativas – é que se tornam cada vez mais frequentes as queixas do público sobre o “mar de desgraças” dos telejornais, diariamente. De que serve, afinal, tanta divulgação sobre os maus exemplos ?

Sim, temos de ficar sabendo que a Câmara e o Senado abusam se concedendo aumentos bem acima dos trabalhadores, quer dizer de todas as outras profissões. Mas deveríamos ficar sabendo também que há municípios em que ainda há bons exemplos, como o das Câmaras de Vereadores de Ivoti e de Três Coroas, que nos últimos anos foram os que mais economizaram recursos públicos. No próprio combate ao crime, já foi comentado no Rio de Janeiro que o excesso de exposição televisiva sobre as gangues acabava “glamurizando” os traficantes – que também gostam de “aparecer”, como todo mundo.

Que bom que seja Papai Noel quem merece atenções nessa época. Melhor ainda seria se lembrássemos que o espírito natalino é a celebração do nascimento de Cristo, quer dizer, mais importantes que os presentes são os valores humanos de solidariedade e amor ao próximo. Uma lembrança importante, afinal, para não confundir a noção de felicidade com os presentes que cada um pode comprar. Como reconhece até uma propaganda de cartão de crédito, há coisas que não tem preço. E e é disso que temos de lembrar nessa época de final de ano, para nos inspirarmos e renovarmos nossos planos de vida.

Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é Psiquiatra

EcoDebate, 28/12/2010


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