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Colapso da camada de gelo da Antártica Ocidental terá efeitos devastadores

 

Próximos anos são cruciais para o futuro da camada de gelo da Antártica Ocidental e para as regiões costeiras
Próximos anos são cruciais para o futuro da camada de gelo da Antártida Ocidental e para as regiões costeiras

Próximos anos são cruciais para o futuro da camada de gelo da Antártica Ocidental e para as regiões costeiras

Um novo estudo acende um sinal de alerta global: os próximos anos são vitais para a segurança da Camada de Gelo da Antártica Ocidental (West Antarctic Ice Sheet – WAIS, no original em inglês)

A pesquisa, liderada pelo Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático (PIK), que utilizou simulações de modelos remontando a 800.000 anos, revela um cenário preocupante onde a camada de gelo pode entrar em colapso com um aquecimento oceânico mínimo.

As descobertas sugerem que um colapso total dessa camada de gelo poderia resultar em um aumento devastador de quatro metros no nível global do mar ao longo de centenas de anos.

Tal evento teria implicações profundas para as cidades costeiras e ecossistemas em todo o mundo.

1. A Camada de Gelo da Antártida Ocidental em um Ponto de Inflexão (Tipping Point)

  • Dois Estados Estáveis: A pesquisa, que remonta a 800.000 anos, revela que a Camada de Gelo Antártica tem alternado entre dois estados estáveis. O estado atual é aquele em que a WAIS está presente, enquanto o outro é o de seu colapso.
  • Gatilho de Inflexão: O principal fator de mudança entre esses dois estados é o aumento da temperatura do oceano ao redor da Antártica. O calor que derrete o gelo é fornecido principalmente pelo oceano, e não pela atmosfera.

2. Consequências Catastróficas e Irreversibilidade

  • Aumento Significativo do Nível do Mar: Um colapso da WAIS levaria a um devastador aumento de quatro metros no nível global do mar, que se desenrolaria ao longo de centenas de anos.
  • Processo Autossustentável e Irreversível: Uma vez que o “ponto de inflexão” é acionado, o colapso se torna autossustentável e é considerado “muito improvável de ser parado”. Reverter para o estado estável atual exigiria “vários milhares de anos de temperaturas iguais ou abaixo das condições pré-industriais”.

3. Urgência da Ação e Janela Estreita

  • Rapidez da Desestabilização vs. Crescimento: Há uma diferença gritante na escala de tempo para a desestabilização de uma camada de gelo em comparação com seu crescimento. Enquanto leva dezenas de milhares de anos para uma camada de gelo crescer, são necessárias apenas décadas para desestabilizá-la pela queima de combustíveis fósseis.
  • Ações Imediatas para Evitar o Catástrofe: Os autores enfatizam que “ações imediatas para reduzir as emissões ainda poderiam evitar um resultado catastrófico”. Os próximos anos são “vitais para garantir o futuro da Camada de Gelo da Antártida Ocidental”.

Os cientistas enfatizam a urgência de ações imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A pesquisa aponta que a Camada de Gelo da Antártica Ocidental tem oscilado entre dois estados estáveis no passado, impulsionada por aumentos na temperatura do oceano. No entanto, uma vez que o colapso é iniciado, o processo se torna praticamente irreversível e autossustentável, exigindo milhares de anos de temperaturas pré-industriais para qualquer reversão.

Este estudo sublinha a importância crítica das decisões e ações tomadas nos próximos anos para evitar um desfecho catastrófico e garantir a estabilidade futura de um dos maiores e mais importantes reservatórios de gelo do planeta.

Para mais detalhes sobre o estudo, consulte a notícia original no site do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático: Scientists say next few years vital to securing the future of the West Antarctic Ice Sheet.

Referência:

Chandler, D.M., Langebroek, P.M., Reese, R. et al. Antarctic Ice Sheet tipping in the last 800,000 years warns of future ice loss. Commun Earth Environ 6, 420 (2025). https://doi.org/10.1038/s43247-025-02366-2

 

Referências adicionais:

Impactos do degelo polar nos pontos de inflexão climática

Degelo da Antártica está diminuindo as correntes oceânicas profundas

Degelo da Antártida é sem precedentes nos últimos 5 mil anos

 

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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