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Comportamento Sustentável de Gestão de Resíduos

 

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Comportamento Sustentável de Gestão de Resíduos, artigo de José Austerliano Rodrigues

O comportamento sustentável de gestão de resíduos é examinado usando as práticas 4R’s, ou seja, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recuperar

Globalmente, o aumento do desperdício está piorando a cada dia. De acordo com o relatório divulgado pelo Banco Mundial em 2019, houve um aumento global de 70% nos resíduos sólidos urbanos, com os países em desenvolvimento a enfrentarem os desafios mais significativos. 

O aumento estimado na quantidade de resíduos, de 2,01 bilhões de toneladas por ano hoje para 3,40 bilhões de toneladas por ano até 2050, deverá aumentar os custos globais anuais de US$ 205 bilhões para US $ 375 bilhões (BANCO MUNDIAL, 2019). 

Por exemplo, no Brasil, com o crescimento acelerado da população, urbanização, padrões insustentáveis de consumo, superprodução e a gestão insustentável de resíduos, os resíduos gerados nas áreas urbanas e rurais tornam-se um grande problema em todas as regiões do país. Assim sendo, para preservar a limpeza e o bem-estar da sociedade, é necessária a gestão sustentável de resíduos.

Neste trabalho, o comportamento sustentável de gestão de resíduos é examinado usando as práticas 4R’s, ou seja, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recuperar, que também é conhecida como hierarquia de gestão de resíduos (do processo de consumo total). A sociedade pode obter muitas vantagens das práticas de reciclagem e reutilização, como empregos, renda e receitas fiscais (ALMASI et al., 2019). 

O Relatório de Informações Econômicas sobre Reciclagem (2019), afirmou que a utilização de materiais mais rentável e com muito menos impacto permite a uma nação manter-se economicamente competitiva, contribui para a prosperidade e protege o meio ambiente, o que é especialmente importante à luz dos anos de recursos limitados que se avizinham (ANUAR et al., 2021).

Quanto ao primeiro R, o principal objetivo de redução do uso de recursos e de gestão de resíduos sólidos é o controle do consumo. Estudos como os de Ding, Yi, Tam e Huang (2016), afirmaram que a forma mais eficaz de gerenciar resíduos é reduzir o ‘R’ superior na hierarquia. Chawla e Rajaram (2012), descreveram a redução do uso de materiais como uma modificação do comportamento para reduzir o consumo ao que as pessoas precisam, e não ao que as pessoas desejam. Desta forma, recursos como água, energia elétrica e demais itens que as pessoas utilizam no dia a dia podem ser conservados. 

O segundo R refere-se à reutilização de resíduos, que envolve a utilização do mesmo material mais do que uma vez (KAUR; SAINI, 2017). Em vez de utilizar matérias-primas para produzir novos produtos, são utilizados recursos reciclados (PETZET; HEILMEYER, 2012). A reutilização é um mecanismo no qual vários métodos, como recuperação de energia, recuperação de recursos, reprocessamento biológico, pirólise e sustentabilidade, são usados ​​para reciclar materiais usados (KAUR; SAINI, 2017; ANDRONICEANU; POPESCU​​, 2017). Isto pode incluir papel reciclado, latas e garrafas podem ser reutilizados para economizar recursos naturais valiosos. Existe também um método de reaproveitamento em que o material previamente utilizado pode ser utilizado como matéria-prima para uma nova finalidade (ESMAEILIFAR, 2020). Por exemplo, a água cinza produzida por uma família pode ser reutilizada para regar plantas e jardins.

Quanto ao terceiro R da hierarquia, a reciclagem refere-se à recolha de resíduos e à sua reutilização (ESMAEILIFAR, 2020). O processo de transformação de produtos usados ​​em produtos novos e úteis é conhecido como reciclagem (ESMAEILIFAR, 2020). Por exemplo, ao filtrá-la e torná-la segura, a água do banheiro pode ser transformada em água potável. 

No Brasil, a reciclagem é um problema significativo em todas as regiões do país, principalmente devido ao aumento da taxa de geração de resíduos. O alto crescimento da taxa de geração de resíduos ocorrem devido o crescimento populacional, urbanização, superprodução, padrões insustentáveis de consumo e a gestão insustentável de resíduos.

Assim sendo, a reciclagem é hoje vista como uma ferramenta essencial na redução de resíduos sólidos (MOMOH; OLADEBEYE, 2010) e fornece as matérias-primas necessárias ao setor industrial (PUOPIEL, 2010). De acordo com Zen et al. (2016), a reciclagem é a melhor e mais eficiente forma do comportamento sustentável de gestão de resíduos.

E por fim, o quarto R (recuperar). Em alguns casos, é possível extrair materiais ou energia de resíduos quando esses resíduos não são adequados para redução, reutilização ou reciclagem. Em outras palavras, recupere (RODRIGUES, 2023).

Deste modo, os 4 R’s incluem métodos distintos e hábeis para reduzir a quantidade de resíduos produzidos para descarte. 

Os 4 R’s é uma estratégia de gestão de resíduos aceite internacionalmente que enfatiza a redução dos resíduos na fonte onde os resíduos podem ser evitados e a exploração de formas de reutilização de materiais. 

Se isso não for possível, a reciclagem é incentivada. Além disso, eles nos tornam conscientes de como manuseamos os materiais e como os jogamos fora. Os 4 R’s são claros, fáceis de lembrar e alcançáveis. Eles nos ajudam a fazer mudanças simples que têm um impacto significativo na sustentabilidade do nosso Planeta (RODRIGUES, 2023).

Durante muitos anos, a reciclagem de resíduos atraiu atenção significativa dos legisladores e das partes interessadas ambientais porque procuram resolver os problemas associados à produção de resíduos (OKE, 2015). 

No Brasil, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou no dia 13/02/2023, dois decretos para promover o protagonismo dos catadores no processo de reaproveitamento de materiais recicláveis e reutilizáveis. Os atos também permitem uma mudança no modelo atual de economia circular e logística reversa do país (WWW.GOV.BR; RODRIGUES, 2023).

Por esta razão, o modelo do processo de consumo total composto por seis etapas: reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de alternativas, compra, uso e pós-uso sustentável, explica como as empresas e municípios podem transformar uma sociedade de consumo ético por meio de pesquisa sobre o comportamento do consumidor sustentável que impacta no comportamento de compra do consumidor (RODRIGUES, 2023). (Ver entrevista de José Austerliano Rodrigues sobre Coleta Seletiva Circula em vários Bairros de Campina Grande – PB, no link https://globoplay.globo.com/v/11468631/ – JPB Edição/TV Paraíba, 21/03/2023).

Finalmente, recomenda-se a realização de estudos empíricos experimentais e longitudinais para testar as práticas dos 4 R’s (reduzir, reutilizar, reciclar e recuperar) do processo de consumo total de gestão de resíduos e o modelo de sustentabilidade de marketing (RODRIGUES, 2017; RODRIGUES FILHO; RODRIGUES, 2018).

José Austerliano Rodrigues é Administrador, Analista de Sustentabilidade em Marketing e Professor em Gestão de Sustentabilidade em Marketing e de Empreendedorismo Sustentável, com doutorado em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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