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Resgate e Preservação da Identidade Indígena dos Pataxós e Pataxós Ha-Hã-Hãe

 

Resgate e Preservação da Identidade Indígena dos Pataxós e Pataxós Ha-Hã-Hãe

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Resgate Psicossocial e Preservação da Identidade Indígena dos Pataxós e Pataxós Ha-Hã-Hãe da Reserva Mata do Japonês, São Joaquim de Bicas – MG

Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade (1)

      Trata-se de uma pesquisa qualitativa, dentro do tema Contextos sociológicos, psicológicos e pedagógicos da Educação Ambiental: Processos Psicossociais da Aprendizagem, sob a orientação da interdisciplinaridade e do trabalho de Educação Ambiental em rede. O histórico de alteração do meio ambiente nas Reservas Indígenas do estado de Minas Gerais e do país, veio ocasionar intensos conflitos socioculturais.

Essa realidade decorre historicamente de como os povos originários são vistos desde 1500 e que pouco mudou. Este texto retratará a situação de duas etnias que migraram da Bahia para Minas Gerais, se fixando na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Os povos Pataxó e Pataxó Ha-hã-hãe, conviviam preteritamente em toda a expansão de terras ao sul da Bahia e ocupavam uma grandiosa floresta natural, com múltiplas espécies de animais e plantas, córregos límpidos, rios caudalosos e cheios de peixe, além de grandes manguezais; influência ecológica esta que lhes foi roubada no período do Brasil Império.

Essa extensão de terra foi atacada por amplas corporações, de ferro e aço que, por consentimento do Governo, desmatou milhares de alqueires de terra para produção de celulose. Esta é a retórica e a narrativa dos povos originários, desde a invasão portuguesa em 1500. E posteriormente, o autóctone, o nativo que tinha por alicerce econômico a cooperação teve que se render às atividades típicas do povo branco, isto é; hoje, o que deparamos é a alarmante busca por subemprego nos lugares adjacentes às suas aldeias, designando valores novos e provocando conjunturas de identidade, sobretudo, nos mais jovens.

Alguns não se subempregam, e a comercialização de artesanatos é sua atividade econômica fundamental. Alguns povos vivem em condições de extrema pobreza. É apesar de não buscarem subemprego, as vezes, ainda é corriqueiro avistar crianças demandando “trocadinho” aos turistas o que robustece o estigma que se tem sobre o povo indígena como raça preguiçosa e indolente.

Cria-se assim um estigma histórico, que se legitima o originário como um defeito, uma fraqueza, uma desvantagem, desqualificando-o, escravizando-os com a meritocracia dos tempos presentes. Essa discrepância cria um grandioso descrédito em relação ao indígena, sua identidade a sua reafirmação social.

Tudo isso levou a Rede Ação Ambiental a meditar a precisão de organizar projetos com vistas à salvaguarda ambiental, e paralelamente, ao resgate cultural indígena. Pensando nesta barbárie histórica, a Rede em Ação Ambiental, através do Programa Agentes Ambientais em Ação, propõe o resgate e preservação psicossocial da identidade indígena dos jovens Pataxós e Pataxós Ha-hã-hãe da Reserva Mata do Japonês, São Joaquim de Bicas – MG

Resgate esse, que solicita o preenchimento de vazios no campo educacional, conexo a atividades de subsistência que determine efeitos sobre os grupos jovens. Como por exemplo: apicultura, arquitetura rústica típica, construção de museu e de centro de visitação, laboratório de fitoterápicos, plantio de bambu (matéria-prima) para confecção de móveis artesanais, produção de ervas medicinais, produção de madeiras nativas em viveiros.

Outra demanda é o Projeto Conheça o Indígena, que sugere ações para que as etnias Pataxó e Pataxó Ha-hã-hãe, possam ser resgatadas, preservadas e valorizadas em suas culturas e tradições e sejam ainda consideradas patrimônio imaterial do estado.

Tendo como público-alvo, promovendo a visita de estudantes das escolas estaduais da 42ª Superintendência Regional de Ensino, o projeto, poderá prestar elementos apropriados sobre os modos de pensar e viver próprios às coletividades indígenas; os problemas encarados na conservação de seus direitos, diante da sociedade urbano-industrial capitalista sobre seus territórios; apresentar e anotar no presente, hábitos culturais que permanecem atualmente exclusivamente na memória dos Pataxós e Pataxós Ha-hã-hãe mais idosos.

Em suma, o direito à autodeterminação, à decisão quanto ao próprio destino; a uma identidade diferenciada, ao direito à mudança social. Enfim, o conceito de cultura ancestral como tática de sobrevivência nos desafiadores tempos contemporâneos.

1Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental. Bacharel-licenciado em Geografia e Análise Ambiental (UNI-BH), Licenciado em História (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Cultural (Filosofia da Arte e Educação, Metodologia de Ensino de História, Museografia e Patrimônio Cultural, Políticas Públicas Municipais). Licenciado em Ciências Biológicas (FIAR), Tecnólogo em Gestão Ambiental (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Natural (Administração escolar, Orientação e Supervisão, Ecologia e Monitoramento Ambiental, Gestão e Educação Ambiental, Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3803389467894439

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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