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Investimento em bioeconomia pode combater a pobreza na Amazônia

 

bioeconomia pode combater a pobreza na amazônia

 

Investimento em bioeconomia pode combater a pobreza na Amazônia

Estudo mostra os efeitos do investimento em horticultura e recuperação florestal na redução dos índices de pobreza e desmatamento na Amazônia

Por Salete Cangussú

Políticas de geração de emprego e renda são, portanto, fundamentais para coibir a expansão de operações ilegais estabelecidas na Amazônia – como o garimpo de ouro – que recrutam a população em situação de vulnerabilidade para as suas frentes. Sem tais políticas, a fiscalização será insuficiente.

O novo estudo Como a bioeconomia pode combater a pobreza na Amazônia?, lançado nesta quarta (15/03) pelo Instituto Escolhas, mostra como o investimento em duas atividades – a horticultura e a recuperação florestal – pode configurar-se como estratégia de enfrentamento à pobreza, promovendo uma transição econômica para cadeias produtivas da bioeconomia em detrimento daquelas que destroem a floresta.

Tendo como referência os estados do Pará e Maranhão, também abordados em publicações recentes do Escolhas, o estudo calcula que a recuperação de 5,9 milhões de hectares de florestas no Pará tem o potencial de gerar R$13,6 bilhões de receita, criar 1 milhão de empregos diretos e indiretos e reduzir em 50% o índice de pobreza no estado. Enquanto isso, no Maranhão, a recuperação de 1,9 milhão de hectares de florestas poderia gerar R$4,6 bilhões de receita, criar 350 mil empregos diretos e indiretos e reduzir em 21,5% o índice de pobreza no estado.

Já o aumento da produção de hortaliças para 170 mil toneladas, no Pará, tem potencial de gerar R$682 milhões de renda, criar 86 mil empregos diretos e reduzir em 6% o índice de pobreza no estado. Se o Maranhão aumentar sua produção para 187 mil toneladas, pode gerar 600 milhões de renda, criar 134 mil empregos diretos e reduzir em 9% o índice de pobreza no estado.

“No caso do investimento em recuperação florestal, uma experiência que pode inspirar o Brasil é a das Brigadas Civis de Conservação (Civilian Conservation Corps – CCC), criadas nos Estados Unidos nos anos 30. O país passava pela Grande Depressão naquela época e as Brigadas empregaram milhares de jovens na construção de infraestrutura para a conservação da floresta, no plantio de vegetação nativa, no controle de incêndios florestais e no controle de erosão e enchentes. Não por acaso o presidente Joe Biden anunciou recentemente que planeja retomar o programa, rebatizado como Civilian Climate Corps, empregando jovens em projetos de conservação e restauração de terras públicas”, pondera Sergio Leitão, diretor executivo do Escolhas. “Isso poderia ser reproduzido como frentes de trabalho para a geração de emprego e renda junto à população vulnerável da Amazônia”

A horticultura, por outro lado, possui características que indicam grande potencial de inclusão produtiva da força de trabalho. O cultivo de legumes e verduras pode ser feito em pequenas propriedades, com baixo investimento e alta capacidade de enquadramento em políticas de crédito como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). “A criação de frentes de trabalho na horticultura poderiam oferecer oportunidades imediatas de ocupação e geração de renda para a população vulnerável em situação de pobreza e de extrema pobreza na Amazônia”, avalia Leitão.

Aqui, vale retomar dados de um estudo anterior do Escolhas, que mostrou a influência da redução dos índices de pobreza e extrema pobreza sobre os índices de desmatamento. “O estudo O combate à pobreza pode contribuir para o fim do desmatamento no Brasil? atesta que, sim, é fundamental conjugar políticas de combate ao desmatamento e políticas de combate à pobreza e geração de renda se quisermos zerar o desmatamento no Brasil. Investir na bioeconomia é o melhor caminho não só para manter a floresta em pé, mas também para viabilizar a restauração ambiental e abrir portas de saída da vulnerabilidade social para as pessoas que vivem na Amazônia”, reforça Sergio.

Conheça o estudo aqui.

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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