Aumento do nível do mar é grave ameaça para as megacidades asiáticas
Aumento do nível do mar é grave ameaça para as megacidades asiáticas
O aumento do nível do mar neste século pode afetar desproporcionalmente certas megacidades asiáticas, bem como as ilhas do Pacífico tropical ocidental e o Oceano Índico ocidental, de acordo com uma nova pesquisa que analisa os efeitos das flutuações naturais do nível do mar no aumento projetado devido às mudanças climáticas.
Por David Hosansky*
O estudo, liderado por cientistas do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS) e da Universidade de La Rochelle, na França, e coautoria de um cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR), mapeou os pontos críticos do nível do mar em todo o mundo.
A equipe de pesquisa identificou várias megacidades asiáticas que podem enfrentar riscos especialmente significativos até 2100 se a sociedade emitir altos níveis de gases de efeito estufa: Chennai, Kolkata, Yangon, Bangkok, Ho Chi Minh City e Manila.
Os cientistas há muito sabem que o nível do mar aumentará com o aumento da temperatura do oceano, em grande parte porque a água se expande quando se aquece e o derretimento das camadas de gelo libera mais água nos oceanos.
Estudos também indicaram que o aumento do nível do mar varia regionalmente porque as mudanças nas correntes oceânicas provavelmente direcionarão mais água para certas costas, incluindo o nordeste dos Estados Unidos.
O que é notável sobre o novo estudo é a forma como ele incorpora flutuações naturais do nível do mar causadas por eventos como o El Niño ou mudanças no ciclo da água (um processo conhecido como variabilidade climática interna). Usando um modelo de computador do clima global e um modelo estatístico especializado, os cientistas puderam determinar até que ponto essas flutuações naturais podem amplificar ou reduzir o impacto das mudanças climáticas no aumento do nível do mar ao longo de certas costas.
O estudo mostrou que a variabilidade climática interna pode aumentar o aumento do nível do mar em alguns locais em 20 a 30% a mais do que resultaria apenas da mudança climática, aumentando exponencialmente os eventos extremos de inundação.
Em Manila, por exemplo, prevê-se que os eventos de inundações costeiras ocorram 18 vezes mais frequentemente até 2100 do que em 2006, com base apenas nas mudanças climáticas. Mas, na pior das hipóteses, eles podem ocorrer 96 vezes mais com base em uma combinação de mudança climática e variabilidade climática interna.
A variabilidade climática interna também aumentará o aumento do nível do mar ao longo da costa oeste dos Estados Unidos e da Austrália.
O estudo baseou-se em um conjunto de simulações realizadas com o Community Earth System Model baseado no NCAR, que assume que a sociedade deste século emite gases de efeito estufa em alta taxa.
O documento enfatizou que as estimativas do aumento do nível do mar vêm com incertezas consideráveis devido às interações complexas e imprevisíveis no sistema climático da Terra. Mas os autores disseram que é fundamental que a sociedade esteja ciente do potencial do aumento extremo do nível do mar para desenvolver estratégias eficazes de adaptação.
“A variabilidade climática interna pode reforçar ou suprimir muito o aumento do nível do mar causado pela mudança climática”, disse o cientista do NCAR Aixue Hu, coautor do artigo. “No pior cenário, o efeito combinado da mudança climática e da variabilidade climática interna pode resultar no aumento do nível do mar local em mais de 50% do que é devido apenas à mudança climática, representando riscos significativos de inundações mais severas para as megacidades costeiras. e ameaçando milhões de pessoas.”
O estudo foi publicado na Nature Climate Change. Foi apoiado pela Agência de Pesquisa Francesa, pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos e pela Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos, que é o patrocinador do NCAR.
Referência:
M. Becker et al, Increased exposure of coastal cities to sea-level rise due to internal climate variability, Nature Climate Change (2023). DOI: 10.1038/s41558-023-01603-w
Henrique Cortez *, tradução e edição.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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