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Telhados verdes ganham cada vez mais destaque nos empreendimentos da Europa

 

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Telhados verdes ganham cada vez mais destaque nos empreendimentos da Europa

Por que telhados verdes são essenciais para as cidades modernas? Tradicionalmente destinados para ventilação ou painéis solares, os telhados estão cada vez mais se tornando espaços verdes, como parte de um esforço por cidades mais limpas

Por Thays Aldrighe e Jéssica Panazzolo

Ao fazer um passeio panorâmico por muitas das cidades mais conhecidas do mundo, é possível perceber uma característica notável que elas têm em comum: um número crescente de telhados verdes.

Sejam jardins cuidadosamente cultivados nos arranha-céus de Chicago, fazendas urbanas aninhadas entre as torres de Hong Kong ou camadas de grama em muitos dos grandes edifícios de Copenhague, mais cidades trouxeram leis de planejamento, obrigando a aplicação de telhados verdes em novos empreendimentos.

Toronto, no Canadá, por exemplo, introduziu leis para novos edifícios ou extensões com mais de 21.000 pés quadrados (cerca de 1.950 m²) em 2009. Desde então, as incorporadoras tiveram que cobrir entre 20 e 60 por cento de seus edifícios com vegetação – e embora possam optar por não seguir com o plano pagando uma taxa, menos de 10% optam por fazê-lo, de acordo com dados da Prefeitura de Toronto.

Outras cidades optaram por mais flexibilidade. Em São Francisco, 15 a 30 por cento do espaço do telhado em novos edifícios deve incorporar painéis solares, telhados verdes ou ambos.

“A política do governo local foi e continua sendo o principal meio, à medida que mais cidades buscam melhorar a qualidade do ar, se proteger contra inundações e estresse durante as ondas de calor, trazendo a natureza de volta ao ambiente urbano”, explica Isabel Scruby, consultora de planejamento, desenvolvimento e patrimônio na JLL.

Telhados verdes no Brasil: uma semente a ser cultivada

Enquanto os telhados verdes ganham cada vez mais destaque nos empreendimentos da Europa, com o objetivo de recolocar a natureza dentro do contexto urbano, o que se vê no Brasil é um processo crescente de entendimento dessa tendência mundial e sua importância para uma consolidação efetiva e um impacto direto nas edificações.

De acordo com Jorge Azevedo, gerente regional da JLL no Rio de Janeiro, os benefícios do telhado verde para os empreendimentos estão relacionados tanto com o bem-estar dos ocupantes quanto com a economia relativa de custo decorrente de sistemas de refrigeração, ventilação e exaustão.

“A existência de um telhado verde em um edifício comercial é vantajosa por diversos aspectos. Primeiro, o conforto térmico e acústico. Por conta das suas propriedades, os telhados verdes impedem que o calor e o som se propaguem no ambiente interno da edificação de uma forma mais contundente. Com a temperatura interna mais agradável e o índice de ruído menor, o bem-estar é maior e o impacto no consumo e custo do sistema de refrigeração artificial é direto”, explica. “Qualquer instalação eficiente e segura de um telhado ou de paredes verdes precisa ser feita por uma mão de obra qualificada e especializada. É um tema importante e deve ser tratado com cuidado, principalmente quando se fala da parte técnica da edificação e do telhado em si.”, completa o executivo.

“Ao contar com os efeitos do telhado verde, principalmente nos andares mais próximos da instalação, é possível diminuir a carga térmica do ar-condicionado e conseguir melhorar gradativamente a eficiência deste sistema em todo o prédio. Dessa forma, se pode planejar uma economia no processo de projeto e instalação e, como consequência, uma diminuição no custo de operação do prédio”, completa Azevedo.

A consolidação de projetos de telhado verde em solo brasileiro ainda envolve outras questões importantes, como uma política mais harmônica em nível nacional e até incentivos públicos efetivos para uma promoção mais difundida. Nesse sentido, as dificuldades se estendem, inclusive, à mão de obra especializada para projeto, instalação, manutenção e fiscalização.

“A seleção das espécies e o tipo de substrato, por exemplo, também precisam ser levados em consideração, pois podem impactar a duração da instalação, já que há exposição permanente ao ambiente externo influenciado por intemperes, vetores locais e poluição de grandes centros”, conclui o gerente regional da JLL, consultoria imobiliária que já administra três prédios com telhado verde e outros três com paredes verdes no Rio de Janeiro.

Conduzindo um futuro mais verde

Hoje em dia, existem muitos incentivos para tornar o condomínio e os telhados mais verdes. Em Hamburgo, na Alemanha, projetos de cobertura verde, tanto para edifícios residenciais como comerciais, são subsidiados em até € 50.000 (cerca de R$ 330.500,00) pelo banco IFB de Hamburgo. Nos Estados Unidos, por sua vez, uma política de telhados verdes vem sendo encorajada a partir das regulamentações de captação de água pluvial em Washington DC e um programa de crédito fiscal na Filadélfia, por exemplo.

Consultora da equipe Upstream Sustainability Services da JLL, Erin Williams revela que ainda há um desafio para as áreas onde há baixos níveis de vegetação. “Isso exigirá que mais incorporadoras e proprietários de imóveis adotem a ideia e planejem sua utilização.”

Embora certamente haja questões práticas a serem superadas, desde o transporte de materiais até os telhados, passando pela irrigação contínua e o gerenciamento de águas pluviais, também existem benefícios para investidores e inquilinos. “Os desenvolvedores ou reformadores, às vezes, precisam ser convencidos dos benefícios de um telhado verde a longo prazo e da eficiência energética”, diz Williams.

Embora os custos dos serviços públicos variem entre as cidades, o Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá estima que um telhado verde pode reduzir o uso de ar condicionado em até 75%. Comparando o custo esperado de um telhado convencional com o custo de um telhado verde de aproximadamente 1.950 m², um estudo de 2006 da Universidade de Michigan descobriu que, ao longo de sua vida, um telhado verde economizaria cerca de US $ 200.000 (mais de R$ 1,1 milhão), com quase dois terços disso em energia.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 12/02/2021

 

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