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Agroextrativismo incentiva a preservação do Cerrado, aponta pesquisa

 

Agroextrativismo incentiva a preservação do Cerrado, aponta pesquisa

Estudo do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis coletou dados em Minas Gerais

Por Lucas George Wendt

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Cerrado é um bioma que ocupa 24% do território nacional. A grande biodiversidade, tanto da flora quanto da fauna, o torna a savana mais viva do mundo. Estima-se que, em cerca de seis décadas de exploração, iniciada a partir da intensa ocupação humana do Centro-Oeste do Brasil, em 1960, o Cerrado se resuma atualmente a 41% do seu tamanho original.

As expansões das atividades agrícolas e agropecuárias comprometem a biodiversidade do Cerrado e promovem a devastação do bioma. Durante a sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) da Universidade do Vale do Taquari – Univates, a estudante mineira Dircilene Soares da Silveira pesquisou o manejo sustentável dos frutos do Cerrado na região Noroeste de Minas Gerais como alternativa para preservação deste bioma. O estudo teve a orientação do professor doutor Guilherme Liberato da Silva.

A pesquisa

Dircilene defende que o Cerrado pode proporcionar valor econômico sem precisar ter sua vegetação substituída por cultivos de cana-de-açúcar, soja e milho, por exemplo, uma vez que seus frutos nativos têm importância alimentícia, farmacêutica e estética.

“É preciso que essa riqueza existente no Cerrado seja conhecida para se reconheça o seu valor. A pesquisa sobre os frutos do Cerrado teve a finalidade de demonstrar que o manejo sustentável, por meio do agroextrativismo dos frutos, pode contribuir para a sua preservação”, diz ela.

O estudo foi realizado no Vale do Urucuia, compreendendo uma associação que reúne famílias dos municípios de Arinos, Bonfinópolis de Minas, Buritis, Formoso, Pintópolis, Riachinho, Urucuia e Uruana de Minas.

Dircilene estudou as atividades da Cooperativa Agrossilviextrativista em Base de Agricultura Familiar Sustentável e Economia Solidária (Copabase), criada em 2008. Durante as visitas realizadas por ela ao local foram observados e estudados o manejo, a coleta dos frutos, o seu processamento e a sua comercialização, bem como o replantio de mudas nativas realizadas pelos agroextrativistas.

O trabalho de Dircilene divulga as ações dos agroecologistas, sugerindo o manejo sustentável como forma de manter viva não só a vegetação do bioma, mas a cultura de uma população com saberes e práticas tradicionais. Ao fim da pesquisa houve a elaboração de uma cartilha com receitas típicas com os frutos do Cerrado, que pode levar a diversidade desta região às mesas das pessoas, incentivando o consumo sustentável, práticas conscientes e fortalecendo a economia local.

Para a pesquisadora, a agricultura familiar com o extrativismo sustentável dos frutos do Cerrado está sendo uma parceria de sucesso. “Com isso, o Cerrado está ganhando voz, tendo projeção nacional e internacional por meio dos frutos, das ervas medicinais, da cultura de sua gente e das suas variadas formas de vegetação”. No entanto, para Dircelene, é preciso fazer mais. “Este é um primeiro passo para que o mundo entenda a importância deste bioma para o equilíbrio ambiental”, diz.

Frutos do Cerrado

O Cerrado tem mais de 7,3 mil espécies de plantas endêmicas. Muitas delas são frutíferas. Abaixo algumas com registro no Bioma:

Bacupari do cerrado (Salacia elliptica)

Pêra do campo (Eugenia klotzschiana)

Murici (Byrsonima crassifolia)

Cagaita (Eugenia dysenterica)

Mama cadela (Brosimum gaudichaudii)

Pequi (Caryocar brasiliense)

Baru (Dipteryx alata)

Araticum (Annona coriacea)

Mangaba (Hancornia speciosa)

Cereja do cerrado (Eugenia calycina)

Buriti (Mauritia flexuosa)

Foto aérea do plantio de acerola e goiaba do produtor Djalma Cardoso da Comunidade Mangues, no município de Arinos/MG.
Foto aérea do plantio de acerola e goiaba do produtor Djalma Cardoso da Comunidade Mangues, no município de Arinos/MG.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 04/01/2021
 


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