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Artigo

A febre dos memes na política, comunicação e educação – um novo termômetro, artigo de Ricardo Santos David

A FEBRE DOS MEMES NA POLÍTICA, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO UM NOVO TERMÔMETRO

Ricardo Santos David1

Resumo:

O presente artigo científico pretende realizar uma análise inicial sobre o papel da indústria do entretenimento na mídia no que concerne à construção de novas formas de linguagem na contemporaneidade. A partir tema propomos uma análise ideológica, sociedade, política ao ser referir as ferramentas utilizadas cotidianas e ganham grande repercussão internacional.

Palavras-chave: Marketing Política, Ciências Religião, Estratégias leitura, Sociedade.

Abstract:

This article intends to carry out an initial analysis on the role of the entertainment industry in the media in the construction of new forms of language in the contemporary world. From the theme, we propose an ideological analysis, the society, the politics when referring to the tools used in the daily life and gain great international repercussion.

Keywords: Political Marketing; Religion; Strategy Reading; Society.

We live in a globalizing world. That means that all of us, consciously or not, depend on each other. Whatever we do or refrain from doing affects the lives of people who live in places we’ll never visit. And whatever those distant people do or desist from doing has its impact on the conditions in which we, each one of us separately and together, conduct our lives.Zygmunt Bauman, 2001

Ao longo dos anos, as formas de falar, agir, pensar e se relacionar sofrem influência direta universo da mídia, sofrendo um agendamento feito com base na repetição de ícones da linguagem da diversão promovida pelos diversos suportes midiáticos: Na mídia impressa, radiofônica e audiovisual, os bordões se na internet os memes, que foram os objetos desta análise. O texto abaixo vamos analisar frase de repercussão internacional. Seja área comunicação, linguagem, sociedade e causas e consequências.

______________________

1Pós-Doutorado em Educação: Formação de Professores e Psicanálise, pela FCU – FLORIDA CHRISTIAN UNIVERSITY – USA. Doutorado e Mestrado em Educação: Formação de Professores e Novas Tecnologias, pela UNIATLÁNTICO. Mestrado em Comunicação: Audiovisual Bacharelado em Linguística pela UCAM – Universidade Candido Mendes – Rio de Janeiro Especialista em Educação Ambiental: Sustentabilidade.

É comum ouvirmos, vermos, lermos e usarmos todos os dias frases e palavras que surgem através dos meios de comunicação os famosos bordões tais como o: “Todos estão na minha mão com cú na mão!”, por exemplo. Essa frase viraliza nos países, em várias situações, dependendo do contexto, de modo que o humor contido nelas passa a ser apropriado por nós em nossas relações sociais.

Esses signos tornam-se parte de uma cultura midiática que caracteriza a época que alguns autores definem como “Idade Mídia”, tornando a linguagem um fator essencial para a formação de novos elementos dessa cultura: Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:

A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas (BRASIL, 1998, p. 31).

Os memes políticos de caráter persuasivo atuam no sentido de fagocitar a retórica própria das campanhas para a produção e disseminação de conteúdos que orbitam como paratextos a paisagem eleitoral. Estes conteúdos emulam um formato iconográfico e infográfico já fruto originalmente de uma adaptação do marketing ao ambiente das redes sociais online

Na sala de aula, o assunto polêmico ou notícia de grande repercussão seriam chamados de meme na rede. Pode o meme político ser compreendido como uma forma de propaganda? Pode a propaganda política ser interpretada como um meme? É necessário que haja o intermédio de um professor capacitado que possa considerar o caráter muitas vezes dúbio do humor e mediar os conflitos que a decorrência de uma interpretação errônea ou tendenciosa possa gerar. Ensinar nossos alunos a entender o contexto do qual o texto humorístico faz parte e quais outros textos ele se refere é primordial. Possenti (2014, p. 27, grifo nosso), defende que “os textos” humorísticos, embora, evidentemente, não sejam sempre referenciais, guardam um tipo de relação […] com diversos tipos de acontecimentos”.

Objetivo

Conteúdo

Proposicional

Forma

Função

Social

Interagir com os

participantes

(representados

e

interativos)

Registrar

histórias

sociais e culturais,

contextos atuais

Multimodal

(incorporação

de diferentes

modos

semióticos)

Mostrar

ideologias

sociais

incorporadas

Fonte: Elaboração do autor, com base nos teóricos citados e nas características dos memes.

A abordagem, a partir de então, focalizarão último elemento apontado no quadro acima: A função social, política, comunicação e educação. Notamos que a compreensão total deste gênero abarca, além do sentido humorístico, o crítico, sendo necessária, não somente a articulação dos signos semióticos e linguísticos para este entendimento, como também a exploração dos significados que vão além do texto, da imagem e do humor por ele produzido.

Devir dos memes pode ser encarado como uma semiose, na qual cada réplica (interpretante) de um meme (signo) configura uma leitura possível de uma informação (objeto). Nesse processo coletivo e dinâmico, que também entendemos como tradução criadora e que envolve certo tipo de repetição, é que se configuram entendimentos do mundo a partir da linguagem meme.

O Meme ainda possibilita trabalhar com o estudo e a leitura de imagens, uma vez que não é possível produzir e compreender um Meme sem primeiro, é claro, aprender a interpretar imagens e textos sincréticos. É importante ressaltar que a capacidade de ler imagens está plenamente conectada à competência do educando de ler e interpretar o mundo que o rodeia. Uma vez que a escola se pauta, majoritariamente, em formar alunos habilitados para ler e interpretar textos verbais, este artigo pretende, não apenas explorar a possibilidade de ensinar o alunado a ler imagens e com elas criar conteúdos, mas a criticá-los de forma consciente.

Ainda sobre a importância da leitura do mundo, Freire (2009) afirma que ela precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele. Na proposta a que me referi acima, este movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente. Movimento em que a palavra dita flui do mundo mesmo através da leitura que dele fazemos.

De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma 10 certa forma de “escrevê-lo” ou de “reescreve-lo”, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente (FREIRE, 2009, p. 98).

Como é natural, as citações às falas de Theresa May Presidente Donald Trump reforçam a posição de mandatária e a estratégia de comparação com os governos EUA e Inglaterra, fica em evidência a influência de grandes governo evocando um tom que alterna entre o emocional e o pragmático para defender seu programa.

.

Eleições 2016 e 2018. Eu voto nestas eleições. Nela… É ela. Eu também voto na Prof.ª Rô! Meu hobby é beijar muito.”

Thereza May

Analisamos a frase acima em um contexto político. Um período curto digamos menos de um mês. Uma das perguntas era: Quem são os principais candidatos a concorrem a uma vaga na Presidência? Recolhemos depoimentos de quatro mil pessoas. Apenas vinte e oito dos entrevistados souberam responder ao certo.

Argumentamos que esses memes contribuem. Para a formação de opiniões e ideias, fomentando ainda debates, mesmo que essas discussões sejam pouco aprofundadas. Como expressão construída coletivamente, eles representam um mecanismo a mais para que os cidadãos se manifestem, sem passar necessariamente pelos enquadramentos discursivos fornecidos pela mídia, atraindo novas e múltiplas atenções.

Importante destacar que os memes são elaborados por intermédio de uma imagem, retirada de uma cena do cotidiano, e de um texto, extraído de outro contexto, mas na configuração final do meme adquire uma significação característica.

Outra questão observada é que não há preocupação do produtor dessas imagens quanto ao design visual, pois são produzidas de modo colaborativo e com autoria não divulgada.

Além de, no espectro geral, procurar contribuir para compatibilizar a literatura de Comunicação Política sobre mídia e eleições com os estudos recentes sobre memes de internet e campanhas eleitorais online, nossa principal ambição com este trabalho foi de aproximar a compreensão de diferentes conceitos e categorias, até então tratados de modo esparso pelos pesquisadores.

Como vimos, cada ocorrência mimética é um processo de reiteração excessiva, nesse sentido, podemos dizer que há uma forma de exagero que está no próprio devir dos memes, uma linguagem que se ampara no excesso e em certo descontrole da produção de textos.

Referências

BAKTHIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 04. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BARROSO, JOÃO. A autonomia das escolas: uma ficção necessária (2004). Revista Portuguesa de Educação. Braga, Portugal. Vol. 17, número 002.

BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Linguagens, códigos e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Médio: Conhecimentos de Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 2000.

DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta. 02ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. 23ª ed. São Paulo: Cortez, 2009.

_____________.Pedagogia da Autonomia. 25ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

_____________. Política e Educação. 05ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 02ª ed. São Paulo: Aleph, 2009.

MARTINS, CATARINA FERNANDES. Quando a escola deixar de ser uma fábrica de alunos. Disponível em: <http://www.publico.pt/temas/jornal/quando-a-escola-deixar-de-ser-uma-fabrica-de-alunos-27008265.> Acesso em: 18/10/2016.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: Definição e funcionalidade. In:

DIONISIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZER

RA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais &amp; Ensino. 05. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. POSSENTI, Sírio. Humor, língua e discurso. 01 ed. Contexto: São Paulo, 2014.

SANTAELLA, Lúcia. Leitura de imagens. 01ª ed. São Paulo: Thomson, 2014.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 08/10/2019

[cite]

 

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