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Especialista explica os dilemas da perda de peso no diabetes

 

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Especialista explica os dilemas da perda de peso no diabetes

Por Dra. Dhianah Santini

As pessoas com diabetes recebem variadas mensagens sobre perda de peso em revistas, jornais, amigos, familiares e, sim, até mesmo profissionais de saúde. Poucos assuntos têm acumulado tanto folclore enganador e potencialmente perigoso como o assunto da obesidade. Uma mensagem comum é que perder peso é apenas uma questão de força de vontade, e se você não está perdendo peso e atingindo um patamar, é porque você perdeu sua força de vontade e já não segue sua dieta. Além disso, para as pessoas com diabetes tipo 2, a mensagem frequentemente é que a perda de peso é a resposta para melhorar o controle da glicose: “Se você perder 10 kg não precisará de insulina”. O que as pesquisas nos informam sobre esses problemas, e o que mensagens, nós profissionais de saúde, devemos dar para as pessoas com diabetes?

A obesidade é um grave problema mundial e está associada ao risco de desenvolver diabetes. Atualmente, mais de 1,1 bilhão de adultos em todo o mundo estão com sobrepeso e 312 milhões deles são obesos. Nos últimos 20 anos, as taxas de obesidade triplicaram em países em desenvolvimento que adotaram um estilo de vida ocidental, com o Oriente Médio, Ilhas do Pacífico, Sudeste Asiático, Índia e China enfrentando os maiores aumentos. Consequentemente, o número de pessoas com diabetes nesses países deverá aumentar de 84 milhões em 2000 para 228 milhões até 2030.

Assim, a prevenção da obesidade é de elevada prioridade para a prevenção de diabetes e outras doenças crônicas. De acordo com alguns pesquisadores sobre obesidade, pode não ser possível diminuir os números atuais de pessoas com sobrepeso e obesidade nos Estados Unidos, mas precisamos tentar retardar ou prevenir o aumento que tem ocorrido em uma taxa alarmante. A esperança é que retardar a crescente prevalência de obesidade também retardará a epidemia de diabetes.

Isso pode ser realizado? Até agora, nada parece ter retardado o aumento tanto da obesidade quanto do diabetes. Mas há um consenso geral no campo da medicina e dentro do governo que ainda precisamos tentar. Como educadores, podemos incentivar a alimentação saudável e aumentar a atividade física para todos. Só no futuro, saberemos se esses esforços afetarão positivamente a tendência do aumento da obesidade e diabetes.

Para os indivíduos que evoluíram para a pré-diabetes, tanto o Estudo finlandês de Prevenção quanto o Programa de Prevenção de Diabetes (DPP) mostraram conclusivamente que intervenções intensivas de estilo de vida diminuíram o risco global de diabetes em 58%. As intervenções de estilo de vida incluíram uma redução de peso de 5% ou mais, redução da ingestão de gordura total em <30% do total de calorias e aumento da atividade física (? 4 horas / semana). Ainda mais encorajador é o relatório do período de acompanhamento do Estudo de Prevenção finlandês com uma média de 7 anos, no qual o grupo de intervenção verificou uma redução de 43% no risco de diabetes. O grupo de intervenção apresentou mudanças de estilo de vida permanentes mesmo após o término de aconselhamento de estilo de vida individual, com o encerramento do estudo.

Mas e as pessoas que já têm diabetes? A perda de peso é a resposta completa para melhorar o controle de glicose no sangue? Embora em torno de 50% dos homens e 70% das mulheres sejam obesas no início do diabetes, a diabetes é diagnosticada em indivíduos não obesos, e muitas pessoas obesas nunca desenvolvem diabetes tipo 2. Portanto, é provável que a obesidade combinada com uma predisposição genética possa ser necessária para desenvolver diabetes tipo 2. Além disso, à medida que a doença progride da resistência à insulina para a deficiência de insulina, muitas vezes é muito tarde para perda de peso para melhorar o controle de glicose no sangue dramaticamente.

Em geral, pode ser mais difícil para pessoas com diabetes perder peso? E, para pessoas com diabetes, a perda de peso é a cura? As repostas para essas questões não são simplistas.

Até que todos os dilemas sejam resolvidos, quais são as mensagens apropriadas sobre perda de peso para pessoas com diabetes? Considere o seguinte:

1) A maioria dos indivíduos pode esperar perder 5-10% do seu peso inicial. Então, se você recomendar que um indivíduo com ou sem diabetes tipo 2 perca peso, ajude-o a aceitar e definir metas realistas de perda de peso. As metas de peso irrealistas devem ser abordadas no início do tratamento.

2) Quanto a planos de perda de peso, continue a incentivar as mesmas estratégias de estilo de vida que levaram à perda de peso para evitar a recuperação do peso. É possível a prevenção da recuperação do peso. O gerenciamento de peso bem sucedido a longo prazo geralmente requer atenção no consumo total de energia, na atividade física regular e nas modificações comportamentais. Não há dietas mágicas ou alimentos específicos para comer. Não existem evidências que há uma dieta superior a outra. A melhor dieta é aquela que o paciente consegue aderir que seja hipocalórica para levar a perda de peso.

3) E o terceiro ponto muito importante é o incentivo à atividade física regular! A baixa capacidade cardiorrespiratória e a inatividade física demonstraram ser preditores independentes de mortalidade geral em homens com diabetes tipo 2, independentemente do seu peso. E mesmo o aumento do IMC não aumentou o risco de mortalidade em homens aptos com diabetes tipo 2. A relação entre aptidão física e mortalidade é evidente em todos as faixas de IMC, e é independente das porcentagens de gordura corporal. Estes resultados destacam a importância de aconselhar pessoas com diabetes para aumentar a atividade física e melhorar sua aptidão, não só como meio de controlar o peso, mas também para os benefícios que a atividade física geram independentes da perda de peso.

Por fim, definir metas de peso realistas e apontar para a moderação geralmente são as melhores abordagens: ter uma alimentação saudável, ser mais fisicamente ativo e manter registros de alimentos junto com a monitorização capilar da glicose, contribuem e são fundamentais para que os níveis de glicose no sangue possam ser mantidos sob controle ótimo e os medicamentos adequados possam ser adicionados ou ajustados quando necessário. Comer menos calorias e praticar atividade física regularmente melhora o controle de glicêmico independente do peso corporal e da perda de peso.

Fonte: Diabetes Spectrum Volume 20, Number 3, 2007.

Dra. Dhianah Santini, Médica Gerente de Pesquisa Clínica em Diabetes na Amil Clinical Research. Médica do Centro Médico do Hospital Procardíaco-RJ. Professora de Medicina, da Disciplina de Endocrinologia & Metabologia da Universidade Estácio de Sá (UNESA). Coordenadora da Clínica Médica & do 7° período do Curso de Medicina da UNESA. É Membro do Departamento de Saúde Ocular da Sociedade Brasileira de Diabetes (2016-2017); Membro Sócia da Latin American Thyroid Society (LATS) e Membro Sócia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (2002). Fez Residência Médica em Clínica Médica (2003-2004) e em Endocrinologia & Metabologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2005-2006) (UERJ). Mestrado (2008-2010) e Doutorado em Medicina (2011-2015), na área de Endocrinologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atua como Investigadora Principal em vários trials multicêntricos e internacionais na área de Diabetes Mellitus tipo 2 e desfechos cardiovasculares, bem como médica e consultora na área de Diabetes e Endocrinologia no Hospital Procardíaco no Rio de Janeiro. CRM 52.72962-0

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/02/2018

 

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