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Artigo

Afonso Cunha, entre Chapadas e Baixões, crônica de Mayron Régis

 

artigo de opinião

 

O Chico da Cohab fez o percurso entre Chapadinha e Afonso Cunha incontáveis vezes (a perder de vista). A maioria, pela Chapada. A minoria. pelos Baixos.

No ano em que chovia bem pra caramba, as pessoas pensavam duas vezes antes de saírem de casa em direção a zona rural. Não se via nuvem de chuva na hora de sair, mas em pouco tempo se formava uma chuva sabe-la-Deus-de-onde que escancarava o mundo interno das grotas a quem quisesse ver. Enxergar as grotas debaixo de muita chuva ou sentir a secura da Chapada em pleno verão carecia de uma dose suave de ousadia e de loucura.

Para encarar os embates pela tosse da terra, precisava aumentar um pouco mais as doses, afinal as famílias Lyra e Bacelar determinavam o que podia e o que não podia em suas propriedades. Incluia-se a vida social e econômica das pessoas nesse poder absoluto em miniatura. As famílias Lyra e Bacelar exerceram seus poderes em miniatura referentes as Chapadas e aos Baixões nos municípios de Chapadinha e Afonso Cunha durante décadas.

O Incra desapropriou as fazendas dessas famílias entre 2001 e 2014 em Chapadinha em resposta as pressões exercidas pelo STTR e pelas comunidades de Vila Borges, Vila Januario, Vila Chapeu e Mangueira. Quanto ao município de Afonso Cunha, nenhuma terra da família Bacelar “legitima detentora” de milhares de hectares nesse município e de outros grandes proprietários foi desapropriada pelo Incra. Em parte, isso se deve a inércia do STTR de Afonso Cunha e das comunidades.

Contudo, parece que essa inércia chegou ao fim. O proprietário das fazendas Loiola, Feitoria, Jacu, Bacorrão e Canela despachou que os moradores não devem roçar áreas nessas fazendas. Esse despacho afeta mais de 100 famílias ou mais de 500 pessoas em todo o município de Afonso Cunha.

Chico da Cohab participou a convite do STTR de uma reunião no dia oito de julho de 2017 que pediu a regularização fundiária de quatro mil hectares entre Chapadas e Baixões em favor dos moradores que vivem há mais de 100 anos nessas localidades.

* Mayron Régis, Colaborador do EcoDebate, é Jornalista e Assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM).

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 14/07/2017

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