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Que momento ! artigo de Montserrat Martins

 

Urna eletrônica. Foto: EBC
Urna eletrônica. Foto: EBC

 

[Ecodebate] Eleição é como relacionamento, você só aprende com a experiência e tem muita gente, decepcionada, dizendo que nada presta. Tem gente iludida, tem gente esperançosa que não desiste nunca, tem gente que se queixa o tempo todo. Outra coisa que eleição e relacionamento tem em comum é que, goste ou não goste, dá pra dizer que você não pode viver sem. Porque se abstendo, que é um direito seu, as escolhas ficam para os outros e essas escolhas dos outros influenciam a sua vida, de algum modo.

Se decepcionar é chato, mas também não dá pra evitar isso, ninguém aprende nada na vida sem perder algumas ilusões infantis de contos de fadas. A questão é se existe, ou não, quem possa corresponder minimamente às suas expectativas. Se hoje em dia está difícil escolher com quem ficar, imagina então escolher em quem votar… Outra analogia é que, quando você gosta de alguém, não falta gente pra falar mal. Com quem você está ou em quem você vota, sempre tem alguém da família ou da vizinhança que vai botar defeito.

Também em comum é a idolatria por quem aparece na TV, seja um big brother ou um candidato, aquela “tela mágica” faz você se encantar pela pessoa. O que aliás é o grande problema da política, já que para conquistar tempo de TV os candidatos tem de fazer o maior número de coligações possíveis, o que por analogia você pode comparar com uma falta de seletividade nos relacionamentos.

A linguagem popular está cheia de adjetivos que vão de “galinhagem” a “promiscuidade” para quem tem muitos relacionamentos, mas ao mesmo tempo essas pessoas são as mais populares. Há na “psicologia de massas” e no nosso inconsciente individual uma grande contradição entre a “moral explícita” que dizemos ter e os nossos desejos mais íntimos.

Freud descreveu, no inconsciente, a identificação com o opressor, a atração que existe por pessoas poderosas, mesmo quando essas são criticadas a nível consciente. Esse mecanismo inconsciente faz a pessoa se sentir importante por se imaginar próxima da pessoa poderosa. Assim é que as pessoa se contradizem tanto nas relações amorosas como nas eleições, criticando conscientemente mas se sentindo atraídas inconscientemente pelas mesmas características.

Para os relacionamentos já existem as terapias, mas nunca ouvi falar de alguém que fizesse terapia para escolher em quem votar, assunto que fica restrito às conversas de bar. Mas no fim das contas, mesmo, o que vale é aquele momento íntimo entre você e a urna. Tudo é possível entre quatro paredes, pois isso as urnas às vezes surpreendem. Agora é tudo com você e a sua consciência. Que momento !

Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade.

 

in EcoDebate, 30/09/2016

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One thought on “Que momento ! artigo de Montserrat Martins

  • “Mas no fim das contas, mesmo, o que vale é aquele momento íntimo entre você e a urna. Tudo é possível entre quatro paredes, pois isso as urnas às vezes surpreendem. Agora é tudo com você e a sua consciência. Que momento !”
    Ótimo, Montserrat!

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