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Mídia e Realidade, você escaparia? artigo de Paulo Sanda

 

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[EcoDebate] Em sua época Assis Chateaubriant foi realmente o rei do Brasil, como no título do livro de Fernando de Morais. Dono de um império de comunicações entre os anos 30 e 60 Chatô era temido por políticos e empresários. Com seus jornais e revistas, entre elas a famosa revista O Cruzeiro, Chatô erguia ou destruía, reputações e empresas.

Mas Chatô não foi um gangster, se bem que em algumas passagens de sua vida a violência deixou as letras para se tornar também física e com cheiro de pólvora.

O fato é que entre outras obras devemos à ele coisas como o MASP por exemplo.

Chatô criava um projeto, como foi o MASP ou Asas para Juventude e os empresários eram “convidados” a abrir suas carteiras, e as contribuições eram generosas, pois eles sabiam que se não o fizessem rapidamente, suas empresas e seus produtos sofreriam ataques difamatórios e o prejuízo seria certo.

Com a classe política não era diferente, ai do político que não cedesse aos acordos desejados por Chatô. Seu império de cerca de 100 jornais, revistas, rádios, e até o primeiro canal de televisão do Brasil aparentemente foi construído na base da chantagem e relações promíscuas com figuras como Getúlio Vargas por exemplo.

O que dizer de uma figura tão asquerosa?

Simples; Que saudades do Chatô!

Ele foi uma figura de um tempo mais simples, seu grande desafeto era somente o empresário Francisco Matarazzo Júnior, ele atirou contra estudantes, urinou numa garrafa durante a recepção da rainha da Inglaterra, chantageou muita gente, mas era uma época ingênua, pois tudo evolui.

Por exemplo, quando em uma investigação descobre-se ou desconfiasse que uma pessoa possui uma propriedade que não deveria ter, algo que talvez seja fruto de corrupção por exemplo, o que se faz?

Opção 1. A investigação continua no mais absoluto sigilo inclusive evitando-se se possível que o suspeito saiba, para evitar que ele tome qualquer providência para se livrar de provas que o incriminem. Em outras palavras segue-se a trilha do dinheiro até a fonte, pois a partir dela pode-se então comprovar ou não o crime.

Opção 2. Divulga-se por jornal, revista, rádio e principalmente televisão que existe a suspeita, mesmo sem haver provas reais que possam levar a uma prisão e processo judicial.

Imagino que se você tem um mínimo de bom senso deve ter escolhido a opção 1. Por outro lado, se já sacou do que estou falando, talvez imagine que a 2 seja a mais correta. Se for este o caso, saiba que você está contaminado, sua capacidade de raciocínio foi gravemente danificada e deve procurar rapidamente um filósofo para conversar. Acrescente também um bom bacharel em direito e por fim um religioso sério.

O filósofo vai lhe ajudar mostrando a complexidade, ele vai lhe falar sobre o dualismo por exemplo para então caminhar para a dialética, mas o mais importante, ele poderá lhe mostrar que a opinião pública é uma peça de ficção, pois a opinião pública é resultado da manipulação, talvez usando Jean Paul Satre, ele possa lhe mostrar que a existência precede a essência, e como a liberdade gera angústia, as pessoas em geral preferem ser movidas do que refletirem.

Ficou confuso? Ótimo. Certamente depois da conversa com o filósofo você ficará ainda mais confuso e quem sabe, tentado a pensar. É uma possibilidade aprazível.

Então você levará sua confusão a um advogado, não para processar o filósofo que lhe deixou neste lamentável estado, mas para fazer uma simples pergunta:

Um juiz investiga?

Quando fizer esta pergunta por favor me escreva para que eu também possa entender. Afinal de contas, se o juiz investiga, quem julgará?

E por fim, porque um religioso sério?

Este é o mais fácil, ele deverá lhe falar que tudo deve ser resolvido com amor, que o ódio não é o caminho correto e mais ainda, se for cristão, poderá lhe lembrar de João 8.7

Aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra.”

Pois convenhamos, a maior parte de nós se submetido ao pente fino que que está ocorrendo não sairia sem um arranhão, pode ser que não fossemos presos, pois no fim seriam apenas suspeitas. Ou não; mas se assim fosse ou seja se forem colhidas provas o suficiente para um processo que no final nos considerasse culpado, tendo tido direito a ampla defesa, bom neste caso, por fim teríamos que pagar pelo erro.

Pense sobre isto e voltaremos a nos falar.

Paulo Sanda, Teólogo, palestrante, associado da ONG RUAH, é um dos coordenadores do Portal Palavra Aberta.

 

in EcoDebate, 12/04/2016

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