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Biodiversidade e Biotecnologia, parte I, artigo de Roberto Naime

 

artigo

 

[EcoDebate] RACANICCHI et. al. (2014) praticam reflexão, que tem como objetivo questionar o motivo pelo qual existe no Brasil um percentual muito pequeno de pesquisas científicas que inferioriza procedimentos educacionais e influencia na disputa por uma mais avançada biotecnologia.

RACANICCHI et. al. (2014) demonstram a riqueza natural do Brasil e apontam a necessidade do desenvolvimento de novas biotecnologias sem interferir na sustentabilidade ambiental. Se reforça a idéia de que para desenvolver os produtos nacionais, se torna necessário ter biotecnologia e indústria e estimular mais parcerias com instituições estrangeiras, como ocorre nos países de primeiro mundo.

Hoje já existe maior abertura para os intercâmbios com outros países, mas a pesquisa científica cresce de maneira lenta, apesar do país se destacar no ranking das 10 maiores economias do mundo.

Se registra apenas 2% da produção de artigos científicos de todo o planeta, e muitos trabalhos não são publicados por falta de incentivos, de rigor ou até porque são inseridos em periódicos somente no exterior.

A entidade “Conservation Internacional” considera o Brasil como o país mais rico em biodiversidade do planeta, ou seja, um país megadiverso. Essa organização não governamental, fundada em 1987 é sediada em Washington e tem como objetivo proteger as áreas selvagens ou regiões marinhas com alta variedade de animais e plantas presentes na natureza.

O Brasil possui cerca de 25% do total de biodiversidade mundial. O índice de perda de biodiversidade é 100 vezes maior do que a extinção natural das espécies segundo dados divulgados pela Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU. Hoje são aproximadamente 17 mil os tipos de plantas e animais ameaçados de extinção.

Do ponto de vista de alguns economistas, os recursos naturais são importantes, mas não vitais porque temos capacidade de encontrar substitutos para os recursos e serviços do ecossistema. Economistas clássicos, desde David Ricardo e Adam Smith se prendem ao conceito de externalidade atribuído às questões ambientais.

Nesse sentido, MILLER (2007) afirma que economistas neoclássicos como Milton Friedman e Robert Samuelson, concordam que o crescimento econômico é necessário.

Os economistas ecológicos, “vêm os sistemas econômicos como subsistemas do meio ambiente que dependem muito dos recursos naturais insubstituíveis da terra. Eles apontam que não há substitutos para muitos recursos naturais, como ar, água, solo fértil e biodiversidade. Eles também acreditam que o crescimento econômico convencional se tornará insustentável, pois pode esgotar ou degradar muitos dos recursos naturais dos quais dependem os sistemas econômicos”.

O interessante é que para os economistas ambientais, que ficam entre os dois pensamentos, algumas formas de crescimento não são sustentáveis, mas os sistemas econômicos atuais podem ser reformados para obter um melhor resultado sustentável.

A legislação atual sobre biossegurança (Lei 11.105/2005) não se preocupa tanto com o acesso, uso e repartição dos benefícios de recursos genéticos da biodiversidade brasileira, mas sim com a manipulação genética e seus riscos. (BRASIL, 2005) Aplicações de biotecnologia podem interferir em várias áreas.

Na indústria, por exemplo, “potenciando tecnologias inovadoras mediante a aplicação de processos de conversão biológicos que contribuam, não só para a redução do consumo de matérias-primas e energia, mas também para a valorização de subprodutos” (RODRIGUES, 2011).

Segundo MILLER (2007) “os economistas ambientais concordam com os economistas ecológicos que algumas formas de crescimento econômico não são sustentáveis. Ao mesmo tempo acreditam que podemos modificar os princípios da economia neoclássica e reformar os sistemas econômicos atuais, em vez de ter de redesenhá-los para fornecer um desenvolvimento econômico mais sustentável em relação ao ambiente”. É o que frequentemente se denomina de forma livre, em nova autopoiese ou novo arranjo de equilíbrio do sistema social.

Quando se fala em sustentabilidade torna-se relevante citar também a preocupação com o planejamento urgente e a proteção de áreas por meio de um sistema de unidades de conservação (BEGON et al. 2007)

Uma proporção muito grande da superfície do planeta é usada para, ou afetada negativamente por habitação humana, indústria, mineração, produção e exploração de alimentos.

Neste sentido é válido ressaltar o programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP), que é um modelo internacional em pesquisa na área. (FAPESP, 2013; JOLY e BICUDO, 1999 e JOLY et al., 2008).

Foi criado para mapear e analisar a biodiversidade do Estado de São Paulo e avaliar a exploração de maneira sustentável de plantas ou animais, em Março de 1999 após a Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada durante a ECO-92, e ratificada pelo Congresso Nacional em 1994. O objetivo foi também subsidiar a formulação de políticas de conservação dos remanescentes florestais.

 

Referências:

BEGON, Michael, TOWSEND, Colin R. e HARPER, John L. “Ecologia” – De indivíduos a Ecossistemas. 4ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. p.633

BRASIL. Lei 11.105 de 24 de março de 2005. Cria o Conselho Nacional de Biossegurança , reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança . Disponível em: http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/11992.html., acesso em 25 de Setembro de 2013.

BRASIL. MMA (Ministério do Meio Ambiente), Relatório Nacional sobre a Biodiversidade, 1998. http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/cap2a.pdf, acesso em 02.09..2013 FAPESP. Fundação e Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. www.fapesp.br, acesso em 15.08.2013

IMS Health, Consultoria. Empresa de auditorias sobre o consumo e venda de medicamentos do mundo. Disponível em http://www.imshealth.com/portal/site/imshealth), acesso em 04.10.2013

JOLY, C. A. e BICUDO, C. E. M. Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: síntese do conhecimento ao final do século XX – vol.7. Infra- estrutura para conservação da biodiversidade. 1.ed. São Paulo.FAPESP, 1999. v.1. 150 p.

JOLY, C. A. et al. Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no estado de São Paulo. 1.ed. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente & Programa BIOTA, 2008. V1. 245p.

MILLER, G. Tyler Jr. “Ciência Ambiental”. São Paulo: Editora Thomson Learning. 2007 p.476 PORTUGAL. Portal da Escola Superior Agrária. Instituto Politécnico de Viana do Castelo. http://portal.ipvc.pt/portal/page/portal/esa/esa_noticias_agenda/2011/esa_biotecnologia_motiv a_publicacao, acesso em 27.09.2013

RODRIGUES, Ana Cristina e FERRAZ Ana Isabel. Biotecnologia, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. e-book ed. Porto: Editora Publindustria. 2011. 282p.

SCIMAGO JOURNAL & COUNTRY RANK – Portal com indicadores para avaliar e analisar domínios científicos. Disponível em http://www.scimagojr.com , acesso em 22.09.2013

RACANICCHI, Wanda Schumann, BASTOS, Robson e GIORDANO, Fabio Um diagnóstico crítico de especialistas sobre biodiversidade e biotecnologia no Brasil UNISANTA BioScience – p. 33 – 38; Vol. 3 nº 1, 2014

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, 02/03/2016

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