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Campanha da Fraternidade 2016: terminou o carnaval, ficou o Zika vírus, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)

 

 

[EcoDebate] Quarta de cinzas começa a Quaresma. Vem de quarenta, isto é, o povo de Deus 40 anos no deserto, Jesus 40 dias no deserto antes de começar sua pregação.

O deserto é o lugar do nada, onde você está só com você e você só. Então, pode ser que aí, absolutamente desamparado, você se lembre de Deus. Portanto, biblicamente, deserto não é só um lugar geográfico, mas um lugar teológico. Você pode estar no meio de uma multidão e se sentir no deserto.

As Campanhas da Fraternidade sempre nos trazem temáticas de interesse maior do que a Igreja Católica ou outras Igrejas. Essa campanha é ecumênica (várias Igrejas), macro ecumênica (outras religiões) e para todas as pessoas de boa vontade (toda sociedade, mesmo os ateus com fome e sede de justiça). Para as Igrejas está no contexto maior do cuidado com a criação.

A proposta fundamental está no saneamento básico, que segundo a legislação brasileira compreende: abastecimento de água; coleta e tratamento de esgotos; manejo dos resíduos sólidos e drenagem das águas de chuva.

Só a Bahia tem um item a mais, que agora se revela fundamental, isto é, o controle de vetores, esses bichinhos que espalham doenças como mosquitos, baratas, ratos, helmintos, etc.

O Brasil já teve a SUCAM. Brincávamos que nos lugares mais remotos só íamos nós – pastorais sociais – e a SUCAM. Com esse organismo de saúde pública, tínhamos posto sob controle grande parte das doenças transmitidas por vetores como chagas, dengue, malária, etc. Foi só abandonar o campo de luta que elas voltaram com toda intensidade.

O Prof. Moraes, da UFBA, que esteve conosco na elaboração dos fundamentos do texto base da Campanha, escreveu em outro livro que há um século 45% de nossas mortes eram por doenças infectocontagiosas como varíola, malária, etc. Hoje correspondem a apenas 5%. Mas, se o descuido e descaso continuarem, sabemos que voltarão a ser de grande porte. Afinal, àquela época éramos 40 milhões de brasileiros, 80% vivendo no meio rural e nossa média de vida era de 35 anos de idade. Hoje somos 200 milhões, 80% nas cidades e nossa média de vida está em torno de 75 anos da idade.

O bom é que hoje temos um Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), uma legislação e uma política de saneamento, além do que cada município deve elaborar seu Plano Municipal de Saneamento (PMSB) se quiser receber dinheiro público para aplicar em seu território. A proposta federal é investir aproximadamente 500 bilhões de reais em 20 anos e, nesse prazo, sanearmos o Brasil. Será que dessa vez sairemos da insalubridade?

O plano deve ser integral (todas as dimensões) e universal (meio urbano e rural).

Pergunta chave: seu município elaborou esse plano municipal? O prazo de entrega era o final de 2015, agora prorrogado para final de 2017. Portanto, chamem os vereadores, os prefeitos, o Ministério Público, mobilizem as comunidades, a mídia, façam o plano municipal acontecer.

Essa é a tarefa básica das pessoas, comunidades e do país inteiro. Não adianta ficarmos nos problemas, temos que avançar nas soluções.

Um país sem saneamento não é civilizado, multiplica as doenças e passa vergonha internacional. Os Estados Unidos liberaram os atletas olímpicos que não quiserem vir ao Brasil por medo do Zika vírus.

Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.

 

in EcoDebate, 11/02/2016

[cite]

 

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One thought on “Campanha da Fraternidade 2016: terminou o carnaval, ficou o Zika vírus, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)

  • O nome disto é demagogia!

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