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Consumo colaborativo, artigo de Roberto Naime

 

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[EcoDebate] Não se trata mais de meras expectativas geradas por visionários descolados do mercado de consumo tradicional. O denominado consumo colaborativo está se tornando grande realidade. No mundo esta categoria de consumidores já era grandemente estimulada, principalmente nos países desenvolvidos, mas agora já conta com sites brasileiros que são ferramentas fundamentais para operacionalizar o consumo colaborativo.

Já opera no país, o site denominado “DescolaAi” criado pelo empreendedor e cidadão Guilherme Brammer. A idéia é que as pessoas não precisam ter a posse dos objetos, particularmente de bens de maior valor ou dos quais não terão necessidade de uso que justifique o esforço no investimento. Estes objetos serão compartilhados. A concepção foi incrementada com os avanços da internet, as preocupações ambientais crescentes e até mesmo a crise econômica que afetou mais gravemente os países já desenvolvidos desde meados da década passada até hoje.

São inúmeras as vantagens do sistema. Ao se compartilhar determinado bem, se evita os desperdícios em todas as dimensões, se amplia a conservação de energia e a racionalização do uso de recursos hídricos, e se economiza recursos naturais que seriam explotados para a produção daquele bem. Além de minimizar outros impactos ambientais, evitando a geração de qualquer efluente industrial, geração de resíduos sólidos ou emissão de gases na atmosfera.

A internet gera vários problemas, principalmente vinculados com privacidade e segurança. Mas traz muitas possibilidades excepcionalmente espetaculares para o desenvolvimento da civilização humana. O chamado consumo colaborativo é uma destas espetaculares perspectivas que são potencializadas pela utilização de sites específicos e até mesmo redes sociais. O consumo colaborativo, surgido em tempos de crise, no final de 2008 nos Estados Unidos, se originou na concepção de doar coisas que já não tinham serventia para outros indivíduos para os quais os bens ainda poderiam ser úteis.

Esta é a atitude que desencadeia todo o círculo de virtuosidades ambientais acima descritas. Mas paulatina e continuamente, os conceitos evoluíram, englobando não só a doação de bens não mais utilizados em qualquer estado, que se encontrassem, para a idéia de compartilhamento e também de aluguel ou troca de bens. Quando objetos que não são mais úteis para uns, podem ser trocados por outros objetos, que não são mais úteis para outras pessoas, e são necessários para a execução de determinada tarefa ou objetivo.

No começo da evolução do consumo compartilhado, houve grande movimentação das americanas, buscando “brechós” onde a valorização de peças de vestuário usadas, possibilitou trocas de peças de vestuário usadas. Logo as feiras de trocas aumentaram e imediatamente começaram a surgir sites, e posteriormente movimentações em redes sociais para facilitar este tipo de consumo.

O engenheiro Guilherme Brammer, do site de consumo colaborativo DescolaAi, observa que os jovens brasileiros já nascem conectados, procurando ganhar dinheiro e sem prejudicar ninguém. Nem que seja por este motivo e não por consciência ambiental, o consumo colaborativo tende a crescer no país.

No ano de 2011, a revista Time considerou que o consumo colaborativo era uma das atitudes que deviam ser elencadas como uma das “10 coisas que vão mudar o mundo”. O consumo compartilhado pode ser um bom negócio mesmo por razões econômicas. É possível dispor de um bem em boas condições por valores muito menores. Mas a grande vantagem é ambiental mesmo, em termos de sustentabilidade. Se geram racionalizações no consumo de água e energia, e se evitam geração de gases, formação de efluentes ou geração de resíduos sólidos.

A viabilização desta operação por ferramentas digitais como sites e redes sociais promove rápida geração de confiança e afinidade entre as partes envolvidas. O consumo colaborativo é também uma forma eficiente de criar mercados alternativos que operam em cenários de escassez de recursos, incrementando o empreendedorismo. Atualmente é possível trabalhar com a concepção de troca de bens ou aluguel de objetos para os quais se tem pouco uso, não justificando a aquisição pela relação entre custo e benefício.

Exemplos bem sucedidos não faltam. Mas é emblemático citar um caso envolvendo brinquedos por aluguel. Crianças tem um rápido ciclo de descoberta e perdem rapidamente o interesse por brinquedos. Hoje em dia são relativamente comuns sites de aluguel deste gênero de bem de consumo, por todas as vantagens que apresenta. A principal delas é não precisar fazer um grande investimento num brinquedo que rapidamente satura o imaginário e a atenção das crianças e permitir, ao contrário, sempre a surpresa com novos objetos para o deleite das crianças.

Uma das melhores concepções de operação é do site Joaninha. Para que as crianças assimilem a idéia do compartilhamento, é utilizada uma Joaninha de pano com um diário. Acompanha a Joaninha uma mensagem que ao final de determinado tempo, a Joaninha vai precisar levar o brinquedo para fazer a alegria de outras crianças. E que vai ler no diário as impressões geradas pelas experiências vividas com aquele brinquedo. Idéia simples, mas bastante eficiente.

O consumo colaborativo é uma grande semente, há pouco germinada. Rapidamente vai chegar o momento que vamos compartilhar pela vida inteira objetos altamente necessários, mas para os quais existem baixas expectativas de tempo de utilização, ou mesmo objetos de moda, que se prestam muito para este tipo de consumo.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Publicado no Portal EcoDebate, 09/06/2015

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