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Artigo

O capitalismo, a degradação ambiental e a mudança climática, segundo Naomi Klein, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

“… global capitalism has made the depletion of resources so rapid,
convenient, and barrier-free that ‘earth-human systems’
are becoming dangerously unstable in response”
(Klein, 2014, p. 450)

 

This Changes Everything: Capitalism vs. Climate

 

[EcoDebate] O capitalismo é o sistema econômico que mais desenvolveu as forças produtivas em toda a história da humanidade e que mais estimulou o crescimento da economia e da população. Mas, ao mesmo tempo, se transformou no sistema com maior desigualdade social e maiores efeitos destrutivos sobre o capital natural do Planeta (Alves, 22/05/2013).

A escritora Naomi Klein, renomada ativista ambiental, lançou, em 2014, o livro “This Changes Everything: Capitalism vs. Climate” (Isso Muda Tudo: Capitalismo vs. Clima), onde mostra que o capitalismo é o maior inimigo do “desenvolvimento sustentável” e o maior responsável pelo agravamento do aquecimento global. Ela considera que se não houver mudança radical no modelo de produção e consumo (sistema de acumulação incessante de capital) o clima ficará ainda mais quente e a degradação ambiental ainda mais brutal.

Naomi considera que as soluções propostas pelo mercado – como fixar preço para as emissões de dióxido de carbono – são limitadas, pois não vão à raiz do problema. A questão é que os interesses dos proprietários de capital e das pessoas que vivem de renda não coincidem com a saúde da natureza. Ela diz que os chamados “céticos do clima” sabem muito bem quais são as consequências do aquecimento global, mas negam as mudanças climáticas, pois sabem que a solução definitiva para o problema passa pela modificação do sistema capitalista.

Passa também pela mudança da matriz energética, pois além de poluidores os combustíveis fósseis criam uma economia super-estratificada, que produz enormes lucros, já que os recursos estão concentrados em grandes multinacionais. Segundo Klein, a produção de energia renovável nunca terá a mesma dimensão dos combustíveis fósseis já que as energias alternativas são essencialmente descentralizados. O ar e o vento são gratuitos e, com organização de baixo para cima, a produção poderia ocorrer em baixa escala e de forma mais democrática.

Para Naomi Klein, o primeiro passo para se combater às mudanças climáticas seria os países do Norte Global reconhecerem seus papéis no passado responsáveis pelos desastres do presente e assumirem suas responsabilidades pelo futuro do planeta. Isto significaria que os principais países que impulsionaram a crise climática, tomassem à frente no corte de emissão de carbono e criassem mecanismos para ajudar os países em desenvolvimento a não cometerem os mesmos erros, possibilitando a erradicação da pobreza.

Segundo a autora, a luta contra a mudança climática conecta diversas outras lutas: direitos humanos, trabalhistas, gênero, raça, migração direitos indígenas, imobilidade urbana, justiça ambiental, enfraquecimento da esfera pública, empoderamento da sociedade civil, etc. Nas reuniões internacionais, como a COP21 em Paris em 2015, se deveria focar na resolução da dívida climática e da dívida ecológica.

O conteúdo do livro não entra em detalhes sobre a emergência das mudanças climáticas (ela pressupõe que os leitores já estão familiarizados com as causas e magnitude do problema). Em vez disso, concentra-se nos argumentos em favor da organização de um movimento de massas para a ação climática, articulando com a luta pelas mudanças no sistema econômico: ou seja, o conflito entre a ideologia neoliberal reinante e uma visão de mundo alternativo, entre a interdependência e o hiperindividualismo, entre a reciprocidade e a dominação e entre a cooperação e a hierarquia.

O livro de Naomi Klein é uma importante contribuição para a discussão de estratégias e táticas para a ação climática e mostra que o conflito fundamental da contemporalidade acontece entre o que o mercado exige e que o planeta precisa para se manter estável.

Referências:
ALVES, JED. O relativo sucesso econômico e o grande fracasso ambiental do capitalismo, Ecodebate, RJ, 22/05/2013 http://www.ecodebate.com.br/2013/05/22/o-relativo-sucesso-economico-e-o-grande-fracasso-ambiental-do-capitalismo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. A grande cisão: sucesso humano versus fracasso ecológico, Ecodebate, RJ, 25/03/2015
http://www.ecodebate.com.br/2015/03/25/a-grande-cisao-sucesso-humano-versus-fracasso-ecologico-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

Heft Notes: Naomi Klein s This Changes Everything, Resilience, 28/12/2014
http://www.resilience.org/stories/2014-12-28/heft-notes-naomi-klein-s-this-changes-everything

KLEIN, Naomi. This Changes Everything: Capitalism vs. the Climate, Amazon, 16/09/2014
http://www.amazon.com/This-Changes-Everything-Capitalism-Climate/dp/1451697384

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

 

Publicado no Portal EcoDebate, 15/04/2015

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3 thoughts on “O capitalismo, a degradação ambiental e a mudança climática, segundo Naomi Klein, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

  • Uma pena usar a tragédia ambiental promovida pelo nossa civilização para um discurso raso politicamente correto.

    A autora parece ignor os descalabros ambientais promovidos pelo socialismo na China e nos paises da antiga Cortina de Ferro.

    Enquanto a urgência não ultrapassar barreiras ideológicas que dizem respeito apenas a esfera antrópica, a solução não será global.

  • Jader Penna Ferreira

    Gostaria de enviar este artigo para a juventude, onde eu incluo o meu filho.

  • Pedro Henrique Lima Colini

    okkkkkkkkkkk

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