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Artigo

Tudo junto e misturado, artigo de Montserrat Martins

 

opinião

 

[EcoDebate] O primeiro post da presidenta reeleita na internet, “tudo junto e misturado”, traz no título um convite à restauração dos vínculos estremecidos entre situação e oposição ao longo de toda campanha eleitoral. Para quem havia calcado sua propaganda no argumento de ser a “candidata dos pobres” contra os “candidatos dos ricos”, de cunho divisiosionista a ponto de lembrar o chavismo, é um sinal mais agregador esse, o de reconhecer que um país com uma população tão diversa como a nossa não tem necessariamente um povo que tenha de viver dividido.

O trabalho civilizatório que cabe a um governo republicano é justamente trabalhar para reduzir o “apartheid” social, reduzindo as desigualdades com programas não apenas de assistência social, mas também de inclusão em atividades econômicas cada vez mais qualificadas. Olhando pelo melhor ângulo possível a reeleição da presidenta – sem levar em conta as queixas da oposição sobre o uso da máquina pública e a formação de currais eleitorais – devemos considerar que o governo obteve um reconhecimento da população pelas iniciativas no sentido da inclusão social, com os vários programas com este cunho.

Para promover o acesso à qualificação profissional e à inclusão no mercado de trabalho em posições economicamente melhores, cabe ao governo justamente o discurso da integração das camadas populares ao desenvolvimento, com a presença do Estado nas regiões mais desfavorecidas, com a intenção de trazê-las para um “tudo junto e misturado” tecido social que lembre cada vez menos um “apartheid” econômico. O discurso chavista, ao contrário, divisionista e que se coloca no papel de representante único dos pobres, parece se comprazer da divisão social eleitoralmente, pois enquanto houver mais pobres do que “ricos” (na prática as classes médias, relativamente ricas em relação aos excluídos) os governantes “representantes dos pobres” estarão sempre reeleitos.

Cientistas políticos governistas já levantam justamente essa questão, de como “fidelizar” o voto dos pobres que ascendem à classe média economicamente, ou seja, como manter seus votos se estes estiverem em condição de menor dependência econômica do governo. Essa preocupação parece ainda estar longe de ser um problema real para o governo, pois mesmo com os indicadores econômicos dizendo que estamos em situação de “pleno emprego”, a qualificação destes empregos é baixa a ponto de coexistir com índices absurdos de dependência. Jornais da Bahia estamparam que o estado é o campeão proporcional do bolsa família no país, com 50% da população incluída no programa, alcançando 6,5 milhões dos 13 milhões de baianos.

Que o governo federal reeleito trabalhe mesmo no espírito do “tudo junto e misturado” para qualificar os empregos, pois o que temos hoje é um quadro de dependência recíproca para sobrevivência, seja dos assistidos, seja do governo.

Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é Psiquiatra.

 

Publicado no Portal EcoDebate, 10/11/2014


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