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Comissão de Meio Ambiente da Câmara rejeita reflorestamento de APP com árvores frutíferas

 

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Sarney Filho: o que se está propondo é uma redução ainda maior do papel das APPs nas propriedades com área rural consolidada.

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável rejeitou, na quarta-feira (29), proposta que altera o Código Florestal (Lei 12.651/12) para permitir o uso de árvores frutíferas na recomposição de áreas de preservação permanente (APPs) – espaços de vegetação nas margens de rios, encostas, topos de morro etc, consideras sensíveis do ponto de vista ambiental.

Atualmente, conforme o Código Florestal, a recomposição de APPs deve ser feita com o plantio de espécies nativas; a combinação entre a regeneração e o plantio de mata nativa; ou o plantio intercalado de espécies nativas com outras lenhosas, perenes ou de ciclo longo.

O relator na comissão de Meio Ambiente, deputado Sarney Filho (PV-MA), defendeu a rejeição da proposta, prevista no Projeto de Lei (PL) 6330/13, do deputado Afonso Hamm (PP-RS). “O que a lei hoje exige está muito aquém do que recomendariam os técnicos e pesquisadores mais otimistas”, disse o relator.

Ele lembrou que o novo código, aprovado em 2012, introduziu a figura da área rural consolidada, que são áreas de APPs desmatadas e ocupadas por atividades agropecuárias que não precisam ser recuperadas. “Havia dois caminhos possíveis: estabelecer metas e meios para promover a recomposição dessas áreas com apoio do setor produtivo ou mudar a lei isentando os produtores rurais dessa obrigação. Lamentavelmente, optamos pelo segundo caminho”, ressaltou o relator, ao argumentar pela rejeição do texto.

Atividades agropecuárias

Sarney Filho acrescentou que a exigência de recomposição de APP nas áreas desmatadas e ocupadas com atividades agropecuárias foi dramaticamente reduzida pelo Código Florestal. “O que se está propondo, por meio do projeto de lei, é uma redução ainda maior do papel das APPs nas propriedades com área rural consolidada.”

O relator ainda destacou o papel das APPs para a conservação do solo, da água, da flora e da fauna, itens essenciais para garantir a sustentabilidade, inclusive, da própria atividade agropecuária.

Tramitação

Como recebeu pareceres divergentes nas comissões de mérito (a favor e contra), o projeto perdeu o caráter conclusivo e, após passar pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, será analisado pelo Plenário da Câmara dos Deputados.

O PL 6330/13, rejeitado agora pela Comissão de Meio Ambiente, havia disso aprovado em abril deste ano pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

Íntegra da proposta: PL-6330/2013

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Regina Céli Assumpção

Fonte: Agência Câmara Notícias

Publicado no Portal EcoDebate, 04/11/2014


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Alexa

2 thoughts on “Comissão de Meio Ambiente da Câmara rejeita reflorestamento de APP com árvores frutíferas

  • Era só o que faltava, é muita falta de esclarecimento desse PL, meu Deus, será que é pouco o que as bacias hidrográficas da região sudeste estão passando?
    os próprios pecuaristas e o agronegócio depois culpam a S. Pedro, sem comentários, tamanha audácia de elaborar um PL tão tosco de descabido, pobre meio ambiente…aonde iremos parar com tanta anta no congresso…
    Obrigada Sarney filho por tentar elucidar os fatos….

  • Entre manter um meio ambiente saudável – com abundância de água, boa cobertura vegetal, rica fauna e clima estável – e ampliar a área para cultivo de grãos ou para criar gado para exportação – que gera um lucro imediato – a maioria dos Parlamentares e os empresários do agronegócio não têm dúvida, adotam a segunda opção, pois, para eles, o que importa mesmo é o saldo bancário. O meio ambiente, dizem, tem que se virar sem limitar a nossa renda; nós estamos aqui é para acumular capital, e não para brincar.
    O que fazer, se eles é que mandam?
    Choremos a morte dos rios, da flora e da fauna. E mais adiante, quando não pudermos mais respirar, nem tivermos comida para comer nem água, e não existir mais condição climática que nos permita viver, quem vai chorar a nossa morte? E a morte deles, quem vai chorar? E o saldo bancário, com quem vai ficar?
    São tantas dúvidas, e os rios e as nascentes continuam morrendo, e, em breve, nada restará.

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