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Artigo

Mau exemplo para a educação, artigo de Nei Alberto Pies

 

opinião

 

“Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. (Paulo Freire)

 

[EcoDebate] Uma grande rede de televisão não pode usar concessão pública para influenciar negativamente a educação de um país. Os comunicadores William Bonner e Patrícia Poeta, em rede nacional, deram um mau exemplo para a educação no Brasil pelas posturas que adotaram diante dos candidatos à presidência da República, neste mês de agosto de 2014.

Como educadores, devemos reagir para corrigi-los. Os renomados e conhecidos jornalistas estavam diante de pessoas que vem se preparando ao longo de anos de atividades públicas e políticas. São, portanto, detentores de um saber acumulado ao longo de suas trajetórias de vida. Os candidatos, mais do que os jornalistas, conhecem a fundo os problemas do país. Esforçam-se, a seu modo e a partir de suas agremiações políticas, a apresentar ideias e visões de mundo e de sociedade. Por certo, divergem nas soluções. Mas não mereciam e nem precisavam passar por esse “massacre jornalístico”.

O que os jornalistas fizeram foi uma espécie de “inquisição intencionada”. De dedo em riste, sem respeitar o tempo para as respostas, indagaram e afirmaram verdades já previamente concebidas. Em nome de que? Da informação? Do constrangimento? Do desrespeito às pessoas que se dispõem a discutir e enfrentar as soluções para este país? Em nome do prazer pela humilhação?

Imaginem comigo se algum professor ou professora deste país ainda adotasse estratégia semelhante, humilhando seus interlocutores (os alunos) para que estes lhes comprovassem algum saber. Em tempos que se massacra os professores por qualquer motivo ou razão, este professor ou professora seria repreendido e denunciado pela comunidade escolar ou sociedade. Seria duramente questionado e teria de se explicar.

Atitudes desrespeitosas, que promovem agressão e desrespeito para com os interlocutores, sempre serão maus exemplos. Podemos até ser ideologicamente contrários às opiniões e propostas dos outros, mas é injustificável que sejamos mal educados. A mídia tradicional, infelizmente, mostra todos os dias posturas como estas. Muitas pessoas, por ainda acreditarem cegamente na imprensa, acham estas atitudes corretas e as imitam.

Por fim, desejo afirmar que a educação, saúde e corrupção serão prioridades neste país quando a população, a partir de uma cidadania ativa, juntamente com as suas organizações e lideranças, prefeitos, vereadores, governadores dos estados, deputados e senadores tomarem a decisão de enfrentá-las. Simples assim. Cada um, com sua responsabilidade. Não acreditamos mais em salvadores da Pátria.

Depois da superação da fome e da miséria, da elevação de patamares de inclusão social, é tempo sim de fazer outras e novas mudanças. Mas não será com arrogância e prepotência que chegaremos lá. O Brasil fará estas mudanças, mas se fosse caminho fácil, já estaria feito! Nem tudo se resolve hoje, pois precisamos superar primeiro as nossas carências mais imediatas.

A educação, o respeito aos cidadãos e às autoridades e a democracia são os caminhos para o fortalecimento de relações verdadeiramente democráticas. O povo brasileiro sabe disso!

Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos. pies.neialberto@gmail.com

 

EcoDebate, 25/08/2014


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2 thoughts on “Mau exemplo para a educação, artigo de Nei Alberto Pies

  • “Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. (Paulo Freire)

    Bem, se a educação muda as pessoas e se pessoas mudam o mundo fica fácil entender a postura do Wlilliam Bonner e da Patrícia Poeta. Ora, ambos devem ter boa formação escolar, bem como familiar. Assim entendemos: a boa educação recebida pelos apresentadores os conduziram àquela iniciativa mais contundente com relação aos candidatos. E talvez decorra dos exemplos corriqueiros de como não se deve fazer política. Todos sabem, últimamente a imprensa (mídia) que tem o dever em mostrar as coisas boas e más da politica enfrenta tsunami de notícias más. Essa cruel realidade impulsiona os apresentadores a pressionarem os presidenciáveis e se esses não conseguem responder, significa que se eleitos também não conseguiram resolver. Ressalte-se, uma boa educação prepara as pessoas (apresentadores) a caminharem com as próprias pernas. Ao mesmo tempo devemos descartar aquele modelo de educação que conduz pessoas à submissão. Mais ou menos assim: se as perguntas fossem fáceis de responder, teria agradado os presidenciáveis? Por fim, William e Patrícia devem ter recebido uma educação por execlência, ao ponto de não se cruvarem diante daqueles que apreciariam doutriná-los.

  • Yemen Oberst Vieira

    Gratidão Jorge Gerônimo Hipólito, pela contribuição. Disse o que eu gostaria de dizer. Não sei em que país o nobre amigo Nei Alberto Pies vive… “Os renomados e conhecidos jornalistas estavam diante de pessoas que vem se preparando ao longo de anos de atividades públicas e políticas. São, portanto, detentores de um saber acumulado ao longo de suas trajetórias de vida. Os candidatos, mais do que os jornalistas, conhecem a fundo os problemas do país”. Hein?! Quanto tempo mais seremos amadores e inocentes em todas as classes deste país??? A única coisa diferente apresentada nas eleições de 2014 foi justamente a coragem dos jornalistas de não se curvarem diante de tanto escândalo que testemunhamos dessas “autoridades”. Precisamos urgentemente de Homens firmes – e isso não quer dizer que sejam mau educados.
    Vá pela luz!

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