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Após infestação de piolhos de pombo, docentes da USP Leste cobram solução para solo contaminado

 

Vista aérea da Escola de Artes, Ciência e Humanidades (EACH), mais conhecida como USP Leste
Vista aérea da Escola de Artes, Ciência e Humanidades (EACH), mais conhecida como USP Leste. Foto de Jorge Marura/USP

 

Mesmo que sejam solucionados os problemas de infestação de piolhos de pombo e contaminação da água, os professores do campus Ermelino Matarazzo, da Universidade de São Paulo (USP), podem não retomar as atividades na próxima segunda-feira (13) e cobram da direção medidas para resolver também o problema do solo que concentra gás metano – altamente inflamável – proveniente do descarte do desassoreamento do Rio Tietê. O tema foi debatido ontem (7) em uma reunião dos docentes no Instituto de Geociências da universidade, no bairro Butantã. Uma assembleia para deliberar sobre o assunto está marcada para o dia 14.

As atividades na USP Leste, como a unidade é conhecida, foram suspensas no dia 16 de dezembro, em razão do problema com pombos e com a água, e deveriam ter sido retomadas ontem (6). De acordo com a instituição, no entanto, o prazo não foi suficiente para concluir a limpeza do prédio e o retorno foi adiado para o dia 13. “Achamos um desrespeito com o nosso trabalho e planejamento. Lógico que se o campus não tem condição, é certo que não recebamos os alunos lá, mas planejaram mal esse retorno”, avaliou a professora de Ciências da Natureza e Gestão Ambiental Adriana Tufaile, que integra a diretoria da Associação dos Docentes da USP (Adusp).

A data para a volta às aulas pode ainda ter a interferência da Justiça, pois uma liminar de novembro do ano passado determinou a suspensão das atividades no campus, em um prazo de 30 dias, por causa da contaminação do solo. De acordo com os professores, a universidade foi notificada no dia 9 de dezembro, o que poderia resultar em uma interdição dentro de dois dias. A assessoria de imprensa da universidade, por sua vez, informou que a instituição está recorrendo da decisão e que o prazo para a interdição vencerá apenas no final deste mês por causa do recesso do Judiciário.

Entre os professores presentes na reunião de hoje, houve consenso sobre a necessidade de encerrar as atividades do segundo semestre de 2013, mesmo que seja necessário usar outras dependências. Para o início das aulas do primeiro semestre deste ano, previsto para fevereiro, no entanto, os docentes devem pedir a postergação do período letivo até que todos as deficiências estruturais do campus sejam solucionadas. “A nossa saúde está em risco e não somos nós que estamos dizendo isso, é baseado na Cetesb [Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental] e no Ministério Público”, justificou.

Em agosto do ano passado, a USP Leste foi autuada pela Cetesb por descumprir 11 exigências feitas em novembro de 2012, quando foi concedida licença ambiental ao campus. Uma delas trata da implantação de um sistema de extração do gás metano. A presença do gás, segundo a análise do órgão, torna “o solo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde”. A liminar judicial foi concedida em uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Estadual.

Apesar do risco em acessar as dependências do campus, alguns professores e alunos, que têm pesquisas em laboratórios, estão entrando na unidade por temer problemas com os experimentos. É o caso da professora Michele Schultz, pesquisadora em neurociência. “Tem amostras biológicas que estão armazenadas há três, quatro anos. Há pesquisadores que fazem análise genética, que recebem material do Brasil todo”, explicou. Ela destaca que alunos de mestrado, doutorado, que têm prazos para finalização dos trabalhos, pois dependem de financiamento, enfrentam dificuldades com esse impasse no campus.

Schultz explica que as necessidades vão desde a falta de uma coleta adequada para o lixo até ausência de funcionários para receber materiais que são perecíveis. “A gente já perdeu muito material. O fato de a gente não estar lá traz um prejuízo enorme e as pesquisas podem, inclusive, ser perdidas”, lamentou. Ela relatou que um dos problemas presentes no prédio dos laboratórios é a queda de energia, o que interrompe o funcionamento dos freezers. “Isso já aconteceu. O equipamento foi danificado e um freezer que deveria estar a menos 80º estava com 20º”, apontou.

A professora destaca que o ideal para resguardar as pesquisas seria transferir os experimentos para um novo laboratório. “Mas isso não se faz em poucos dias”, ponderou. Para amenizar as dificuldades enfrentadas pelos grupos de estudo, os professores pretendem solicitar aos colegiados da universidade a extensão dos prazos com as entidades fomentadoras de pesquisa.

Edição: Carolina Pimentel

Reportagem de Camila Maciel, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 08/01/2014


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