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ANGRA 1 novamente parada, artigo de Paulo Mancini

 

Angra 1
Angra 1. Foto: http://educar.sc.usp.br/

 

[EcoDebate] Segundo nota da agência Ambientebrasil, de 19 de abril corrente, a Usina Nuclear Angra 1 está com sua produção de energia parada desde de quinta-feira (18.04.13) de manhã; e, pior, não tem previsões de quando voltará a entrar em atividade.

Em 28 de março passado, a mesma agência noticiosa Ambientebrasil noticiou que o Governo Federal deverá investir R$ 300 milhões na segurança da Usina.

Angra 1 é vetusta: tecnologia comprada da Alemanha pelogeneral- presidente Ernesto Geisel, descendente de alemães , ainda na década de 70 do século passado. Seu reator é o maior reator de água pressurizada do mundo.

Nossa grande mídia não dá destaque para estas notícias. Devem participar do lobby nuclear e militar que sustentam estas usinas e que se propõe, na contramão de quase todos países que têm usinas nucleares, que estão desativando-as – a implantar mais 16 usinas no país.

A Alemanha, o mesmo país que nos vendeu a ‘sucata nuclear’ na década de 70, está programando-se, e com muito afinco e eficácia, a paralisar TODAS, suas usina nucleares até 2020.

Angra 1, pelas informações, tem potência de 640  megawatts com capacidade de abastecer uma cidade com até um milhão de habitantes. Mas será que produz toda esta energia?

Por que não consultamos quem nos vendeu essa tecnologia, para ver o que fazer com ela? Ninguém faz estas perguntas inconvenientes? Será que eles não querem ela de volta como ‘sucata de segunda geração’ para reciclar? Ué, eles não seguem germanicamente o principio da ‘responsabilidade do berço ao túmulo’? Será que Angra 1 já não deu o que tinha que dar? Acho bom parar com isso antes que nós vamos para o túmulo ‘irradiantes’!!!

A energia deve estar à serviço da Vida; e não a Vida, à serviço de uma energia cara, aterradora, e socialmente injusta pois, em um país ainda pobre, beneficia um complexo militar – científico  nacionalista que desperdiça recursos públicos em nome, muito provavelmente, de interesses bélicos inconfessáveis.

Nessa lógica, (da qual sou contra) melhor seria rasgar o Tratado de Tlatelolco produzir mesmo nossa bomba atômica e evitarmos desperdícios e riscos desnecessários. Por que só eles – EUA, China, França, Rússia, Índia, Paquistão e Israel(!) podem? Se ninguém mais pode porque estes países não se comprometem séria e celeremente – como convêm à toda humanidade – a efetivamente acabar com todas armas nucleares sobre a Terra.

Os EUA (acho que China e Rússia também) são bons em proibirem – com muitas ameaças e invasões (vide Iraque) – que outros países construam suas ogivas nucleares, mas desconversam quando são instados a destruírem as suas.

Por mim, proporia que ampliássemos o Tratado de Tlatelolco, que transformou a América Latina e o Caribe na maior zona mundial sem armas nucleares  (não precisamos, né? Porque estamos ‘protegidos’ sob as asas da águia –maior ave predadora do mundo – americana).

Somos – o Brasil – signatários deste Tratado há cerca de quarenta anos e devemos ampliá-lo para todo nosso Planeta e a ele adicionarmos a proibição de construção de usinas nucleares – pelo menos enquanto não sabemos o que fazer com o lixo atômico – é um dever moral nosso.
São Carlos, 21 de abril de 2013

Paulo Mancini

EcoDebate, 22/04/2013


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One thought on “ANGRA 1 novamente parada, artigo de Paulo Mancini

  • Edmauro Gopfert

    Caro Paulo; não é assim que se luta contra o avanço das usinas nucleares. Angra I foi comprada dos EUA (Westinghouse) e não dos alemães. Angra II sim, é alemã, KWU e Siemens. Todas são ruins, nenhuma tem monitoramento cidadão de seu entorno e, ao pararem, aumenta o desgaste (diminui sua vida útil, Angra I está quase no fim…) e o perigo de acidentes. As usinas nucleares foram feitas para trabalhar a plena carga, na base do sistema. Aqui não é assim. Tá errado e a AIEA não fala nada…
    Sobre as bombas, é melhor nem comentar. Bombas atômicas NÃO são armas de guerra. São artefatos de terrorismo de Estado. Não podem ser usadas em uma guerra. Portanto, qualquer manifestação a favor de sua construção, além de uma grande irresponsabilidade significa um profundo desconhecimento. O nuclear, em quase todos os seus aspectos, precisa de gente que estude, milite e PROPONHA medidas concretas para seu gerenciamento, descontinuidade dos projetos futuros e monitoramento de sua situação pela comunidade. Depois de desligada, o risco aumenta mais ainda. E por uns 240 milhões de anos… São dez meias vidas do plutônio. É a vida…

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