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Teoria e Realidade, artigo de Benedicto Ismael C. Dutra

 

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[EcoDebate] As coisas não andam bem. Desemprego, depressão, endividamento público e privado, destruição da natureza, conflitos. Qual foi o erro da civilização para cairmos numa situação tão complicada agravada com o aumento da população, redução dos empregos, queda na atividade econômica e na receita pública?

Na natureza tudo funciona de forma simples, em progressão natural, mas os teóricos costumam complicar as coisas. Na Economia isso fica bem visível, fala-se de tudo, mas não se chega ao consenso do que deve ser feito, principalmente agora quando a maioria dos países se debate em crises. Estimular o aumento do consumo promove o crescimento econômico e aumento da oferta de empregos? A austeridade traz o crescimento de volta? Juros elevados controlam a inflação? Aumentar a liquidez reanima a economia? O protecionismo garante o fortalecimento industrial? Como competir com importados produzidos externamente em larga escala e que adentram pelo custo marginal? Como superar a secular desigualdade social? Por que educação, saúde e saneamento têm recebido tão poucos cuidados?

Como a natureza, a economia deveria ter um desenvolvimento paulatino acompanhando o crescimento equilibrado da população. No entanto o sistema tendeu para a concentração da riqueza entremeada com surtos de expansão impulsionada por bolhas que, atingido um determinado limite, perdem a força, provocando perdas e estagnação.

As bolhas infladas nos últimos cem anos se apresentaram como as mais danosas ao chegarem no esvaziamento, pois ocorreram em cenário extremamente complicado por vários fatores negativos. Para a humanidade míope é mais fácil visualizar como chegamos às crises, do que visualizar as soluções.

Na formação e crescimento das bolhas, os preços se vão afastando do nível adequado aos fundamentos. Os primeiros especuladores a entrar vão embolsando os ganhos e saindo. Os que vão entrando por último ficam sem saída. Quando a valorização perde o impulso, retrocedendo, muita coisa vai decaindo, e a economia como um todo fica travada. Cai o rendimento assalariado, o consumo, e as receitas do Estado.

Ao dirigir os esforços para o aumento do poder econômico, a humanidade afastou-se da progressiva evolução humana. Com a concentração do poder econômico, o poder político ficou vulnerável. A ânsia de ampliar ganhos estimula a corrupção. O Estado se descuida de sua função para atender interesses particulares em detrimento do todo. Enfim, qual deveria ser realmente a finalidade da administração pública? Qual a finalidade da vida?

As bolhas imobiliárias se formaram através do impulso do crédito farto e barato. Quando a sustentação acabou, apareceu o buraco financeiro, então os governos tiveram de intervir. Quem tinha autonomia emitiu dinheiro, quem não tinha foi contraindo empréstimos. Com o declínio das receitas, veio a ameaça de inadimplência, e o mercado reagiu impondo taxas de juros elevadas.

Resumo da opera: o que tem faltado nos rumos da civilização é a vontade e ações que busquem um desenvolvimento equilibrado com avanço na escolaridade média. O mundo não foi feito de dinheiro, portanto estabelecer o dinheiro como finalidade máxima da vida, com uns poucos buscando vantagens em prejuízo dos outros, é uma cegueira que está levando ao descalabro.

A continuar esses pressupostos, nem dá para imaginar o futuro diante da explosão do crescimento populacional. Se não conseguimos estabelecer um modo de vida equilibrado com uma população compatível com os recursos disponíveis, com o aumento da população em mais um a dois bilhões, em poucos anos poderemos chegar ao caos absoluto. Com seu egocentrismo e mania de grandeza a humanidade tem desperdiçado força, provocando devastações em vez de buscar embelezamento e soerguimento pessoal e do ambiente, para a paz e a alegria de todos.

Segundo Abdruschin, se a humanidade não tivesse se desviado do caminho da evolução, “ao invés de devastações estender-se-iam jardins floridos perante nós, convidando para a atividade bem-aventurada, através do trabalho cheio de gratidão de pacíficos cidadãos terrenos”.

Sobre o autor:

Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, coordenador dos portais Library e Vida e Aprendizado. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida, da busca pela boa formação pessoal e do contínuo aprendizado, indispensável ao aprimoramento humano. Autor dos livros: “Nola, o Manuscrito que Abalou o Mundo” – Editora Marco Zero/Nobel, “Conversando Com o Homem Sábio”, “O Segredo de Darwin” e “2012… e Depois?”, disponíveis na livrariacultura.com.br e asabeca.com.br.

Colaboração de Bruna Rossefini, para o EcoDebate, 15/02/2013


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