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Crescimento na floresta amazônica propiciado pelo CO2 pode compensar danos da mudança climática

 

floresta amazônica

 

Amazônia está mais resistente a mudanças climáticas, diz estudo – floresta amazônica está menos vulnerável do que se acreditava a ser extinta por causa do aquecimento global, porque o dióxido de carbono, um gás do efeito estufa, também funciona como fertilizante espalhado por via aérea, segundo um estudo [Sensitivity of tropical carbon to climate change constrained by carbon dioxide variability] divulgado nesta quarta-feira. Matéria de Alister Doyle, da Reuters, em O Estado de S.Paulo.

O estímulo ao crescimento propiciado pelo CO2 provavelmente irá superar os efeitos nocivos da mudança climática previstos para este século, de acordo com os pesquisadores.

“Não estou mais tão preocupado com uma extinção catastrófica por causa da mudança climática provocada pelo CO2”, disse Peter Cox, da Universidade de Exeter (Inglaterra), comentando o estudo publicado na revista Nature. “Nesse sentido, é uma boa notícia.”

Cox também havia sido o autor principal de um estudo que teve grande repercussão em 2000, prevendo que a Amazônia poderia secar a partir de 2050, aproximadamente, e morrer por causa do aquecimento. Outros sugeriram que as queimadas poderiam transformar a selva em cerrado.

As plantas absorvem dióxido de carbono da atmosfera e o usam como ingrediente para desenvolver folhas, galhos e raízes. O carbono armazenado é devolvido à atmosfera quando a planta queima ou apodrece.

Um recuo da cobertura florestal amazônica, com a consequente liberação de uma vasta quantidade de carbono, poderia portanto agravar o aquecimento global, um fenômeno que pode provocar mais inundações, tempestades violentas e elevação do nível dos mares, por causa do degelo nas calotas polares.

“A fertilização pelo CO2 vai superar o efeito negativo sobre a mudança climática, de modo que as florestas vão continuar acumulando carbono ao longo do século 21”, disse Cox sobre as conclusões dele e de outros cientistas radicados na Grã-Bretanha.

Os cientistas disseram que o estudo foi um passo à frente porque usou modelos comparativos do crescimento florestal em relação às variações nos níveis de CO2 atmosférico.

Chegou-se à conclusão de que os efeitos nocivos da mudança climática podem levar à liberação de 53 bilhões de carbono acumulados em terras tropicais, principalmente na Amazônia, a cada grau Celsius a mais na temperatura média do planeta.

Porém, a fertilização pelo CO2 supera as perdas na maioria dos cenários, podendo chegar a um aumento líquido de até 319 bilhões de toneladas de carbono armazenado até o fim do século. Atualmente, estima-se que haja 500 bilhões a 1 trilhão de toneladas de carbono armazenados nos trópicos.

O estudo diz que a mudança climática pode ser mais nociva para a Amazônia se outros gases do efeito estufa, como o ozônio e o metano, sem efeito fertilizante, assumirem um papel maior.

A pesquisa não levou em conta os efeitos negativos do desmatamento, principalmente as queimadas para dar lugar a atividades agrícolas, e que respondem por talvez 17 por cento das emissões humanas de gases do efeito estufa. O Brasil conseguiu, no entanto, reduzir drasticamente a perda florestal nos últimos anos.

Ao salientar a importância das árvores na absorção do CO2, o estudo pode também fortalecer os esforços pela criação de um mecanismo de mercado que recompense as nações que preservam as florestas tropicais, como parte de um novo tratado climático internacional a ser definido até o fim de 2015.

Sensitivity of tropical carbon to climate change constrained by carbon dioxide variability
Peter M. Cox, David Pearson, Ben B. Booth, Pierre Friedlingstein, Chris Huntingford, Chris D. Jones & Catherine M. Luke
Nature (2013) doi:10.1038/nature11882
http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature11882.html

EcoDebate, 07/02/2013


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