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UnB investiga pichações homofóbicas em diretório acadêmico da Faculdade de Direito

 

UnB investiga pichações homofóbicas em diretório acadêmico da Faculdade de Direito
Mensagem encontrada na parede do diretório acadêmico (Centro Acadêmico de Direito / UnB)

 

O diretor da Faculdade de Direito, George Galindo, afirmou que foi criada uma comissão de sindicância da própria unidade para apurar a autoria das pichações. “Precisamos agir com rapidez e dureza. Este ato precisa ser investigado e punido”, comentou. Galindo considerou o ato como muito grave e ressaltou ter encaminhado ao reitor da UnB, Ivan Camargo, um pedido de tomada de providências, ficando a cargo deste aplicar as medidas que considerar cabíveis, possivelmente acionando, em breve, as instâncias das Polícias Civil e Federal para instalação de inquérito de investigação e punição dos responsáveis.

O diretor afirmou ainda que a “A Faculdade de Direito repudia esta atitude veementemente. Sempre tentamos ser um ambiente plural, para todos. É algo lamentável”, considerou. Segundo ele, a intenção de se fazer um registro da ocorrência pretende não só promover a apuração das responsabilidades como respaldar a Universidade para ações futuras.

O reitor da UnB, Ivan Camargo, declarou ter feito recomendações à Galindo para falar com a imprensa e não se omitir em dar qualquer informação. “Temos que falar e mostrar o quanto repudiamos a ação, que é criminosa. Quem atua com crimes é a polícia e é ela que deverá tomar as próximas providências”, destacou. Ivan demonstrou total apoio à sindicância: “Não podemos considerar atitudes assim como sendo algo normal, nem como uma brincadeira. Não se pode admitir isso na Universidade. Temos que tomar providências e tentar coibir novas ações, além de deixar claro o nosso repúdio”.

Ocorrência
Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) encontraram pichações ofensivas nas paredes do Centro Acadêmico de Direito (CADir) nesta terça-feira, 8, segundo dia de aulas, após recesso de final de ano. Fotos das mensagens foram publicadas na internet e receberam manifestações contrárias. As imagens revelavam, dentre outras frases: “Ñ aos gays” e “Quem gosta de dar, gosta de apanhar”. O CA divulgou uma nota de repúdio às ofensas convocando alunos a não se calarem diante do ocorrido. Em poucos minutos, foram feitos vários compartilhamentos em uma rede social e a repercussão chegou aos grandes veículos de imprensa.

“Na manhã dessa terça, dia 08 de janeiro, membros da Gestão Diretora do Centro Acadêmico de Direito da Universidade de Brasília foram se reunir no espaço físico do nosso CA. Chegando lá, depararam-se com novas escritas nas paredes do local. No entanto, ao contrário dos já existentes, esses novos dizeres possuem um caráter totalmente ofensivo, preconceituoso, pejorativo, machista e homofóbico”, diz o começo da nota.

Membro do CA, Hugo Fonseca disse que as pichações não são novidade, mas que a freqüência vem aumentando e que as mensagens desta vez foram muito pesadas. “As pichações acontecem há muito tempo. Eu mesmo já apaguei uma mesma frase duas vezes. A bandeira LGBT que temos fixada na parede já foi atirada pela janela mais de uma vez. São atos que se repetem, mas que não são isolados. A novidade é que a freqüência das pichações vem aumentando. São mensagens realmente ofensivas”, disse ele.

REPERCUSSÃO – Na manhã desta quarta-feira, 9, a porta do CA estava fechada e um bilhete dizia: “O CA reabrirá em breve”. De acordo com outro integrante do Centro, Rafael Bitencourt, as paredes já foram pintadas: “Ainda no fim da tarde de ontem pintamos as paredes e apagamos todas as frases no interior do CA. Pretendemos reabrir logo, mas o cheiro de tinta ainda está forte e não podemos e nem queremos ter uma reação violenta. Estamos pensando e tentando ver as possibilidades de travar uma discussão aberta, de maneira criativa”.

Para algumas alunas de Direito, que não quiseram se identificar, a ação foi uma brincadeira de muito mal gosto de alguém e que acabou tomando proporções exageradas. “Não é só aqui, isso acontece em vários lugares. Esse é um curso que, aqui na UnB, costuma lidar bem com as diferenças, por isso as novas pichações foram um tanto chocantes. Questionamos tamanha repercussão porque pode dar uma idéia de que aqui está uma bagunça, um lugar feio, homofóbico e não está”, afirmaram.

O estudante Hugo Fonseca considerou a atitude como muito grave: “Infelizmente essa situação é vista como piada ou brincadeira para alguns, enquanto várias pessoas estão sofrendo ofensas e abusos. Entendemos que esta atitude vai além e significa o posicionamento de algumas pessoas. A gestão atual do CA traz para sua pauta esse tipo de opressão, porém incomoda algumas pessoas conservadoras e reacionárias. Os dizeres e a atitude em si são covardes. É difícil de combater porque é algo velado, em que o agressor se esconde”.

Segundo ele, tamanha repercussão se faz necessária “justamente para que a pessoa se declare, mostre a cara e diga: fui eu que escrevi, penso isso e isso, por tais motivos. Nosso interesse é trazer a discussão para a arena política dos discursos e desconstruir as barreiras”.

Matéria de Taís Guerino, da UnB Agência, publicada pelo EcoDebate, 11/01/2013


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